Ruan Carlos Mendes
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Eixo temático: História, Memória e Oralidade; Prof. Dr. Gisafran Jucá
Segundo aparece na tradição oral, Maria Agostinho dos Santos, também conhecida como Maria das Quengas, foi assassinada brutalmente, durante uma tentativa de estupro, na zona rural do município de Russas-CE, em 1893. Ao morrer defendendo sua honra virginal, Maria transformou-se numa espécie de Mártir. Esse e outros elementos, especialmente as graças alcançadas pelos devotos, que acreditam na intercessão de Maria das Quengas, colaboraram para o surgimento e permanência de um culto à sua memória. A alcunha atribuída à Maria Agostinho dos Santos, segundo informa ainda a tradição oral, está relacionada ao fato de que ela costumava carregar, amarradas à cintura, quengas de coco, artefatos utilizados para esmolar, tomar café e fazer suas refeições. Esses utensílios, aliados ao fato de viver esmolando, indicam a condição de extrema pobreza de Maria das Quengas. Esse artigo discute a devoção que se construiu e continua sendo alimentada ao longo do tempo e de várias gerações sobre a figura daquela que é considerada uma "santa", através de depoimentos de devotos de Maria das Quengas e de uma crônica escrita pelo advogado Ayrton Maranhão. Constatamos até agora na pesquisa que a morte trágica, a cruz erguida homenagem em homenagem a Maria das Quengas e os "milagres" ocorridos, são os principais alimentos do culto a memória da mendicante de Russas.