O poeta e cantador Alberto Porfírio da Silva (nascido em 1926 na cidade de Quixadá-CE), ao longo do conjunto de sua obra, escreveu e esculpiu representações de si, cuja riqueza e abrangência podem nos permitir compreender como o mesmo idealizou e construiu a sua trajetória pessoal e profissional; o seu espaço de atuação mais amplo junto aos cantadores e poetas populares no Ceará (1940-2009). Faz parte da obra escrita analisada nesta pesquisa: cordéis, bem como, livros de memória; entre os quais uma autobiografia, além de outros documentos (entrevistas em jornais, atas de reuniões). Diferentes suportes a partir dos quais o poeta deixou registrado rastros de si em diferentes momentos de sua vida, articulando-os de modo a conferir sentido à narrativa de sua existência. Imagin(ação) sempre em movimento: uma narrativa que se constrói por meio dos relatos e memórias dignas de serem lembrados. Já no final da vida Alberto Porfírio se transforma no escultor de memórias e cria um espaço chamado "Sítio da Índia" no bairro São João em Quixadá. No Sítio as rochas foram utilizadas como suporte para suas esculturas de santos, personalidades, poemas e orações. No espaço o poeta deixou registrado a epígrafe "Quando eu não mais existir, me procure aqui", referindo-se a essa que foi sua última obra, que não chegou a concluir, devido ao seu falecimento em 2009. Entendendo a obra escrita e o Sítio da Índia como lugares de memória (NORA,1993), pretende-se perceber como Alberto Porfírio representa, sobretudo, a si nesses lugares. Um processo que envolve elementos objetivos e subjetivos (intencionalidade e sensibilidade), na tentativa de se construir e se projetar nas diferentes fases da sua vida.