Rodolfo Teófilo, na novela Violação, mencionou os sacrifícios aos quais as mulheres se prestam, como verdadeiras mártires, em nome daqueles que amam. A ideia de que o amor feminino motiva os cuidados para com os entes queridos perpassa a obra citada. Relacionando tal temática às fontes consultadas sobre a epidemia de cólera no Ceará em 1862, nos deparamos com a ausência da menção e/ou valorização de mulheres no combate à epidemia, ao contrário das numerosas menções e homenagens prestadas a personagens masculinos. Ao invés de mencionar a importância das mulheres na higienização, ministração de medicamentos, portanto, enquanto agentes no processo de luta da quadra epidêmica, os olhares se voltam à determinações sobre o corpo feminino, através de discursos com caráter moralizador. Nesse sentido buscamos discutir aspectos relacionados à atuação e invisibilização das mulheres no combate à epidemia de cólera que assolou o Ceará em 1862, partindo da análise da obra referida anteriormente, de Recomendações de tratamento - publicadas no jornal O Cearense - e ainda de ofícios remetidos ao Governo da Província pelas Comissões de Socorros de alguns municípios cearenses.