A atividade educativa escolar como processo de trabalho
Luiziane Helena do Nascimento[1]
Eixo: Mundos do trabalho: classe, cultura e trabalho na História
Na sociedade capitalista, qualquer produto que satisfaça às necessidades humanas e que possua valor de uso e valor pode ser transformado em mercadoria. Isto acontece porque o trabalho é subsumido ao capital, ou seja, existe uma classe que é proprietária dos meios de produção (os capitalistas) e a outra que é proprietária da força de trabalho (os trabalhadores). Aos trabalhadores, para sobreviverem, só resta vender sua força de trabalho ao capitalista. Como a força de trabalho cria mais valor do que o seu próprio, ela gera excedentes que não são pagos aos trabalhadores e são apropriados pelos capitalistas. Isto é a mais-valia, que forma o lucro. Porém, a atividade educativa escolar tem objetivo diferente da geração de lucro: seu objetivo é a formação do ser humano-histórico. Partindo disto, buscou-se refletir sobre a atividade educativa escolar como processo de trabalho, realizando esta investigação, que é uma revisão de literatura, cujo referencial teórico é o materialismo histórico dialético. Na atividade educativa, estão presentes os elementos do processo de trabalho, que são objeto de trabalho, instrumentos de produção e força de trabalho. Os objetos de trabalho, na ação pedagógica, são o educando, pois é ele que será transformado, e a cultura, que será incorporada à personalidade do educando. Os instrumentos de produção, que são os intermediários entre os trabalhadores e o objeto de trabalho, na atividade educativa escolar, são os materiais escolares em geral, o mobiliário escolar, os recursos audiovisuais e o prédio escolar. Pelo fato de a atividade escolar englobar o aprender e o ensinar, consideramos que tanto o educador quanto o educando são trabalhadores, pois ambos despendem energia humana, que é força de trabalho, para a realização do produto final, que é o ser humano educado. A função da escola, então, é formar o ser humano-histórico, proporcionando a ele se apropriar da cultura construída historicamente pela humanidade. Porém, os capitalistas querem que a escola básica pública brasileira apenas prepare os filhos dos trabalhadores para o trabalho alienado. Na sociedade capitalista, a necessidade de uma boa formação sempre foi restrita a uns poucos, enquanto à grande maioria sempre foi negada esta necessidade. Desta forma, a escola neutraliza as relações capitalistas, sem instrumentalizar os educandos intelectualmente com um saber crítico a respeito da sociedade do trabalho alienado, proporcionando-os acesso a conhecimentos que propiciem poder superar esta sociedade desigual. É urgente arrebatarmos a escola das mãos do capital!
Palavras-chave: atividade educativa; formação do ser humano-histórico; processo de trabalho.
[1] Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.