HERANÇA DA CONTRACULTURA: A COMUNIDADE HIPPIE DE AREMBEPE, CAMAÇARI-BAHIA (1970 - 2011)

GETÚLIO CAVALCANTE DE SOUSA

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

HERANÇA DA CONTRACULTURA: A COMUNIDADE HIPPIE DE AREMBEPE, CAMAÇARI-BAHIA (1970 - 2011)

 

Getúlio Cavalcante de Sousa

Email: Getulio.cavalcante@hotmail.com

Eixo temático: História, Memória e Oralidade

RESUMO:

 A aldeia hippie de Arembepe, localizada em Camaçari, Bahia, na área metropolitana de Salvador é pretensamente uma comunidade hippie, herança da contracultura de 1960. De acordo com a documentação analisada até o momento, apesar da afirmativa de Jonh Lenon de que "o sonho acabou", constatamos que muita gente resolveu ficar. Assim como confirmam as pesquisas pelo Brasil onde Cesar Augusto de Carvalho ao pesquisar o Movimento Alternativo pelo país, declara que "as comunidades se foram, mas os alternativos ficaram".

Arembepe ficou conhecida por abrigar a mais "autêntica" aldeia hippie do Brasil, surgida no final da década de l960, quando os primeiros mochileiros começaram a chegar, "ainda entorpecidos pelos acordes psicodélicos das guitarras de Woodstock". As casas originais em palha e madeira foram sendo substituídas por casas de alvenaria, mas muitas foram preservadas. A aura da aldeia é a mesma: nenhum conforto da vida moderna, mas quem mora ali pouco se importa com modernidade.

Considero que o tema da contracultura representa uma lacuna da historiografia e muitos aspectos do comportamento dos jovens que protagonizaram aquele momento histórico poderá ser esclarecido pois como afirma Roszak:

Em minha opinião, o rompimento cultural que a rebelião da juventude está fazendo surgir entre ela e a tecnocracia tem exatamente essa dimensão, tão intensa em suas implicações (embora, obviamente, não em consequência histórica ainda), quanto à brecha que um dia se abriu entre o racionalismo grego-romano e o mistério cristão. É claro que nos últimos dois séculos, a sociedade ocidental incorporou várias minorias cujo antagonismo em relação à concepção cientificista do mundo tem sido irreconciliável. (ROSZAK, 1972: 62).

Defendo a ideia de que a comunidade hippie é uma dessas minorias relevantes pelas suas proposições que estudo incorpora e dimensiona. Para isto, trabalhamos com os conceitos de memória e de comunidade. Utilizamos depoimentos orais, jornais, revistas, fotografias, filmagens e fontes oficiais.

De modo geral, o que significa historicamente uma aldeia ainda denominada hippie depois de quatro décadas? Esta pergunta procura avaliar as práticas sociais de resistência e mudança da aldeia e observar as relações individuais e coletivas clarificando seu papel histórico: no cotidiano do trabalho; do lazer e em face da natureza. Arembepe seria um lugar no qual uma Contracultura fomentaria um importante espaço de estudos históricos sobre as fronteiras culturais?