O Teste do Pezinho é um exame realizado no neonato por volta do 3º ao 7º dia de vida, que se constitui como uma importante estratégia para o rastreamento de doenças metabólicas, genéticas e infecciosas. Através dele, é retirada uma amostra sanguínea do calcanhar do bebê, por ser uma região ricamente vascularizada para o diagnóstico de possíveis doenças. Dentre as patologias diagnosticadas pelo exame podemos destacar a Fenilcetonúria, Hipotireoidismo Congênito, as Hiperfenilalaninemias, as Hemoglobinopatias, Fibrose Cística, Hiperplasia Adrenal Congênita e Anemia Falciforme. Ao contrário do que muitos pensam, o exame já existe há, mais ou menos, 5 décadas e passou por diversas transformações até chegar ao que hoje podemos usufruir. Inicialmente, além de não ser gratuito, era de muito difícil acesso até mesmo para quem tinha melhores condições que outros cidadãos. A partir de 2001, pelo Ministério da Saúde, foi implantado no SUS o Programa de Triagem Neonatal (PTN), garantindo acesso universal da triagem ao tratamento. A Triagem Neonatal objetiva detectar doenças que possam comprometer a funcionalidade normal do organismo humano e, que em seu desenvolvimento podem acarretar em sequelas, que se não tratadas precocemente poderão colocar em risco a vida do recém-nascido. Em casos de atraso na detecção e tratamento da doença o resultado poderá ser uma sequela neurocognitiva, comprometendo todo o desenvolvimento infantil.Objetiva-se investigar o que a produção científica traz sobre os cuidados de enfermagem na detecção precoce de doenças neonatais por meio do Teste do Pezinho. O estudo trata-se de uma revisão de literatura de natureza descritiva, na qual foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados eletrônicas: Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF), utilizando os descritores: Enfermagem, Triagem Neonatal e Educação em Saúde. Foram encontrados 25 artigos nas bases de dados. Dentre esses 20 artigos disponíveis, foram selecionados 8 publicações por se adequarem ao objeto estudo. Os critérios de inclusão foram artigos em português, com texto completo e do período de 2013 a 2018. Os 12 artigos restantes não foram utilizados por não serem pertinentes à temática estudada, não estarem completos ou se repetiram nas bases de dados. A literatura evidencia a finalidade e importância da triagem neonatal que é, em partes, desconhecida por uma moderada parte das parturientes, fato este que denota a importância das orientações que devem ser dispensadas a estas mães sobre o referido assunto, mesmo antes do nascimento do bebê, com enfoque ainda no pré-natal, destacando-se a importância do papel do enfermeiro neste contexto. Foi percebido que para que as doenças detectadas pela triagem neonatal não venham a causar sequelas nos bebês, é preciso que sejam diagnosticadas e tratadas precocemente, e o enfermeiro é um dos responsáveis por essa medida preventiva. Ressalta-se ainda que a falta de conhecimento sobre a importância do exame é um fator que tem comprometido o diagnóstico precoce e início do tratamento. Por isso, a enfermagem deve atuar a partir do pré-natal, fornecendo informações básicas como a gratuidade do exame, que o mesmo pode ser realizado na Unidade Básica de Saúde, dando orientações à mãe e familiares, tendo em vista sua relação direta com estes, sobre a necessidade de realização do teste e da busca do resultado para identificação de possíveis doenças detectadas por meio da triagem. Os estudos também mostram que os enfermeiros se preocupam em orientar os cuidadores acerca de todas as etapas da triagem neonatal, mas poucos demonstram utilizar estratégias para favorecer o conhecimento dos pais/mães sobre a importância do Teste do Pezinho, e poucos o enfocam durante o pré-natal. Por essa razão, este profissional deve estar preparado para fornecer subsídios aos pais para que estes possam aderir à prática da triagem neonatal. O profissional de enfermagem, como parte da equipe multiprofissional, torna-se capaz de promover orientações gerais sobre os cuidados na gestação, alterações fisiológicas, cuidados com o neonato e planejamento familiar (CARVALHO, 2013). Considerando o caráter essencialmente preventivo da Triagem Neonatal, os profissionais de saúde, em especial o enfermeiro, ao orientar às mães a respeito da finalidade do teste, devem enfatizar seus benefícios, especificando a prevenção de agravo (LEAL, 2013). O enfermeiro tem a missão de dar apoio à mãe e torná-la atuante nos cuidados com o recém-nascido e, por possuir conhecimentos adequados, tem a capacidade de fornecer a assistência de que o paciente necessita e pode atuar na divulgação de informações e orientações sobre o teste, realizando ações com o enfoque na educação para o cuidado com a criança recém-nascida (SOUZA et al., 2013). Portanto, é preciso ver o recém-nascido e seus familiares além das necessidades físicas e biológicas. Esta sensibilidade se desenvolve através da escuta, do acolhimento, da relação humanizada e do estímulo a autonomia do sujeito, que deve ser valorizada por aqueles que atuam como coparticipantes do cuidado (ACOSTA, 2013). Diante dos resultados obtidos, evidencia-se a necessidade de informações para gestantes sobre o Teste do Pezinho e os enfermeiros na realização da Triagem Neonatal, devem esclarecer sobre a importância do exame para a detecção de doenças que precisam ser tratadas imediatamente para evitar complicações para o recém nascido e sofrimento para os pais. Pois, as orientações e a transmissão de conhecimento aos familiares dos recém-nascidos devem ser feitas de maneira efetiva, já que contribuirá de forma significativa no retorno para receber o resultado e se necessário procurar tratamento para a melhoria da qualidade de vida das pessoas envolvidas.