AÇÕES DO ENFERMEIRO NO PRÉ- OPERATÓRIO DE TRANSPLANTE RENAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

VANESSA DAMASCENO JALES

Co-autores: VANESSA DAMASCENO JALES, SAMLA SENA DA SILVA SOUZA, ANTONIO JACKSON DOS SANTOS CRUZ, MÁGUIDA GOMES DA SILVA, ELENICE MAIA PINHEIRO ARAÚJO e RHANNA EMANUELA FONTENELE LIMA DE CARVALHO
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

AÇÕES DO ENFERMEIRO NO PRÉ- OPERATÓRIO DE TRANSPLANTE RENAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA  

Vanessa Damasceno Jales 1

Samla Sena da Silva Souza 2

 Antônio Jackson dos Santos Cruz ¹

Máguida Gomes da Silva3

Elenice Maia Pinheiro Araújo4

Rhanna Emanuela Fontenele Lima de Carvalho 5

 

EIXO 2: SABERES E PRÁTICAS DE ENFERMAGEM: ENCONTRO NOS TERRITÓRIOS

INTRODUÇÃO

O transplante renal caracteriza-se pela transferência de um rim saudável de um doador vivo ou falecido, para um paciente com doença renal crônica (DRC) em estágio cinco (receptor), objetivando compensar ou substituir a função dos rins nativos adoecidos, sendo a opção de tratamento que apresenta maior sobrevida e melhor qualidade de vida. (SANTOS, et al, 2015; SIQUEIRA, COSTA E FIGUEIREDO, 2017)

O transplante renal exige da equipe de enfermagem uma assistência diferenciada, com qualidade e domínio técnico-científico, fazendo-se necessário que o enfermeiro sistematize suas ações e planeje os cuidados prestados aos pacientes submetidos a esse procedimento em todas as suas etapas. (ABTO, 2008)

O presente estudo irá abordar o período pré-operatório do transplante renal. De acordo com Santos, et al (2015) o período pré-operatório constitui um momento rico, de esclarecimento de dúvidas e redução da ansiedade. HOY et al (2011, apud Lima, 2015) complementa ainda que os cuidados no ambiente hospitalar incluem a avaliação de exames e o gerenciamento da lista de espera.

OBJETIVO

O presente estudo tem como objetivo relatar as ações de enfermagem no período pré-operatório de transplante renal em unidade de clínica cirúrgica de um Hospital Universitário em Fortaleza-CE.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, vivenciado por enfermeiros e residentes de enfermagem em Assistência em Transplante de Órgãos, que fazem parte do programa de residência multiprofissional do serviço, em um setor de clínica cirúrgica especializada em transplantes renais de um hospital de referência localizado em Fortaleza-CE, o qual retrata a sequência de ações realizadas pelos profissionais no pré-operatório de cliente que passará por transplante renal. A unidade é composta por 11 enfermeiros, que se distribuem nos turnos da manhã, tarde e noite. Durante o ano, cada residente de enfermagem em Assistência em Transplante de Órgãos é alocado no setor por três meses, o estudo se deu no período de setembro a novembro de 2017, momento em que os residentes estavam no serviço.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As cirurgias com finalidade de transplante requerem tempo hábil para serem realizadas, devido ao tempo de isquemia fria dos órgãos que se trata do período entre a perfusão da solução de preservação no doador e o restabelecimento do fluxo sanguíneo no receptor (MOURA; DURÃO JUNIOR; MATOS; SILVA, 2015). O tempo ideal de isquemia fria dos rins é de até 24h, tornando a realização do implante renal uma verdadeira corrida contra o tempo. (ABTO, 2009)

Após a conclusão dos testes de compatibilidade, realizadas pelo laboratório de histocompatibilidade, o paciente que se encontra em primeiro lugar na lista de espera por um transplante renal é convocado para comparecer ao hospital. Ao chegar à enfermaria, o paciente é recepcionado pelos enfermeiros do setor onde é realizada a sua identificação e encaminhamento para realização de exames laboratoriais e de imagem, necessários para sua avaliação de saúde.

Retornando à enfermaria, é realizado um ckeck-list pré-operatório, o qual guia a coleta de dados da história clínica do paciente, assim como a realização de um exame físico específico e verificação de sinais vitais. No momento da entrevista, o enfermeiro tem a oportunidade de conhecer o paciente identificando seus  problemas e necessidades, fornecendo informações e assim contribuindo para minimizar o medo e as inseguranças, adquirindo subsídios para o planejamento das ações de intervenções, de forma individualizada e com qualidade, facilitando a assistência nas demais fases do processo do transplante. (COSTA, SILVA E LIMA, 2010)

Posteriormente, é apresentado um termo de aceitação do transplante renal, o qual explica de forma sucinta os possíveis riscos e benefícios do procedimento a ser realizado, que é lido pelo enfermeiro e assinado pelo paciente e por pelo menos uma testemunha, em três vias.

A partir da coleta de dados são definidos os principais diagnósticos de enfermagem e elaborado um plano de cuidados específico, com base nos objetivos que se deseja alcançar para aquele paciente. A partir de então, são prescritas as intervenções necessárias para garantir o melhor cuidado ao cliente.

Após a elaboração do plano de cuidados e a admissão no leito, é realizado o preparo pré-operatório que consiste em: encaminhamento para o banho com antisséptico degermante; realização de punção de acesso venoso periférico; proteção e identificação de fístulas arterio-venosa; verificação da permeabilidade do cateter de hemodiálise (caso possua); se diálise peritoneal, checar se que o paciente realizou o esvaziamento do líquido peritoneal; orientação quanto à retirada de adornos, próteses e roupas íntimas; administração do imunossupressor oral, conforme prescrição médica, assim como o preparo medicamentoso, composto por medicação antialérgica e antitérmica para a posterior administração de Thymoglobulina (imunossupressor endovenoso realizado no centro cirúrgico), visto que esta pode causar diversos efeitos adversos, porém tem papel fundamental na imunossupressão do transplante renal.

Com o paciente preparado e a liberação do centro cirúrgico, é realizado o seu encaminhamento acompanhado de profissional técnico de enfermagem. Junto dele vai a Thymoglobulina, e o órgão a ser transplantado, ambos em caixas térmicas refrigeradas e identificadas. Nesse momento é necessário que o enfermeiro faça uma nova checagem, conferindo os dados do doador e receptor, a fim de que se reduzam ao máximo o risco de erros, que nesse caso pode ocasionar sérios danos ao paciente, ou ainda a perda do órgão.

CONCLUSÃO

Os cuidados realizados pelo enfermeiro na fase pré-operatória são de fundamental importância, pois minimizam potenciais riscos, tais como a troca de órgãos e o risco de infecção. Além disso, o preparo adequado e administração prévia dos imunossupressores conforme a prescrição médica reduz de forma significativa o risco de rejeição do órgão.

REFERÊNCIAS

Associação Brasileira de Transplante de Órgãos - ABTO. Diretrizes Básicas para Captação e Retirada de Múltiplos Órgãos e Tecidos da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. São Paulo: ABTO, 2009.

 

Associação Brasileira de Transplante de Órgãos - ABTO. Assistência de enfermagem ao paciente submetido ao transplante renal. Protocolo de cuidados de enfermagem em Transplante de Órgãos. São Paulo: ABTO, 2008.

 

COSTA, V. A. S. F; SILVA, S. C. F.; LIMA, V. C. P. O pré-operatório e a ansiedade do paciente: a aliança entre o enfermeiro e o psicólogo. Rev. SBPH,  Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 282-298, dez.  2010.   Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582010000200010&lng=pt&nrm=iso. Acessado em  19  abril de 2018.

 

HOY, H.; ALEXANDER, S.; PAYNE, J.; ZAVALA, E. The Role of advanced practice

nurses in transplant Center staffing. Progress in Transplantation. v. 21, n.4, p. 294 - 8, 2011 apud LIMA, S.R.M. Papel do enfermeiro no transplante de órgãos e tecidos: uma revisão integrativa. 2015. 16 f. Monografia (Bacharelado em Enfermagem)-Universidade de Brasília, Brasília, 2015. Disponível em: http://bdm.unb.br/handle/10483/10702. Acessado em: 01 de abril de 2018.

 

MOURA, L.R.R.; DURÃO JUNIOR, M.S.; MATOS, A.C.C.; SILVA, A.P. Lesão de isquemia e reperfusão no transplante renal: paradigmas hemodinâmico e imunológico. Einstein. São Paulo, v.13, n.1, p.129-35, 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/eins/v13n1/pt_1679-4508-eins-13-1-129.pdf. Acessado em: 01 de abril de 2018. 

 

SANTOS, C. M.; et al . Percepções de enfermeiros e clientes sobre cuidados de enfermagem no transplante de rim. Acta paul. enferm. São Paulo,  v. 28, n. 4, p. 337-343,  Aug.  2015.   Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002015000400008&lng=en&nrm=iso. Acessado em 31 de março de 2018. 

SIQUEIRA, D. S.; COSTA, B. E. P.; FIGUEIREDO, A. E. P. L. Coping e qualidade de vida em pacientes em lista de espera para transplante renal. Acta paul. enferm.,  São Paulo ,  v. 30, n. 6, p. 582-589,  Dec.  2017 .   Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002017000600582&lng=en&nrm=iso. Acessado em 31 março de 2018.