EDUCAÇÃO EM SÁUDE COM ADOLESCENTES NO ÂMBITO ESCOLAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA

WIGO PEREIRA GOMES DA SILVA

Co-autores: FRANCISCA ANTONIA DOS SANTOS, GRACY KELLY LIMA DE ALMEIDA FREITAS, MARCELO ANDERSON CAVALCANTE MONTEIRO e KAMILA FERREIRA LIMA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

EDUCAÇÃO EM SÁUDE COM ADOLESCENTES NO ÂMBITO ESCOLAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Wigo Pereira Gomes da Silva¹

Francisca Antonia dos Santos2

Gracy Kelly Lima de Almeida Freitas²

Marcelo Anderson Cavalcante Monteiro³

Kamila Ferreira Lima4

EIXO 8: TECNOLOGIAS NO CUIDADO EM SAÚDE

INTRODUÇÃO

A interação entre saúde e educação, no âmbito do serviço de saúde ou na escola, contribui com questões que giram em torno das condições de vida, e constitui um importante caminho para a promoção da saúde e melhora da qualidade de vida (CARVALHO, 2015). Educar os outros é uma das intervenções mais elementares que o enfermeiro desempenha. Os resultados do processo educativo podem ser percebidos quando ocorrem mudanças no conhecimento, nas atitudes e nas habilidades do indivíduo (BASTABLE, 2010). Na escola, ao proporcionar ao adolescente conhecimento, a partir de ações de educação em saúde, é possível estimular potencialidades e o desenvolvimento de habilidades, bem como, fortalecer a autoestima, a assertividade e tomada de decisões mais conscientes (GURGEL et al, 2010). Sabe-se que as escolhas do indivíduo no período adolescente podem trazer consequências para a vida adulta, contudo a educação em saúde pode contribuir com escolhas mais acertadas e redução de vulnerabilidades, de modo que as ações destes indivíduos contribuam com um viver mais saudável (SOUZA E PIMENTA, 2013). Nesse contexto, é válido destacar que as escolas, muitas vezes, abordam somente a visão biologicista da sexualidade, restringindo a educação sexual e reprodutiva as DSTs/HIV e ao ato sexual propriamente dito. Entretanto, afirma-se que os aspectos afetivos e comportamentais, merecem atenção especial para que os adolescentes desenvolvam uma sexualidade saudável, pois nesta faixa etária, o ato sexual, muitas vezes é praticado sem compromisso (MAIA et al., 2016). Assim, estudos têm sido realizados no âmbito escolar com adolescentes, utilizando estratégias de educação em saúde, e alcançado resultados positivos, no que diz respeito à construção de conhecimento. Barbosa et al. (2010), evidenciou em uma escola pública de Fortaleza-CE, por meio da realização de uma atividade educativa, utilizando um jogo educativo para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e ao vírus da imunodeficiência humana adquirida (DST/HIV/AIDS), que estratégias de educação em saúde mais dinâmicas e participativas podem contribuir com o aprendizado dos adolescentes. Dentre as estratégias de educação em saúde pode-se destacar a esquete, por ser uma encenação teatral geralmente de caráter cômico e de curta duração.

OBJETIVO

Relatar a experiência de acadêmicos do curso de graduação em enfermagem acerca de uma estratégia de educação em saúde com escolares.

METODOLOGIA

Estudo descritivo, do tipo relato de experiência a respeito de atividades realizadas durante dois encontros do estágio curricular de graduação em Enfermagem da disciplina processo do cuidar em saúde do adolescente, desenvolvido em uma escola municipal, localizada em Fortaleza-CE, transcorrido em junho de 2017. Participaram 28 adolescentes, devidamente matriculados na 6° série do ensino fundamental, com idade entre 10 e 12 anos, que estavam presentes na escola nos dias das atividades. No primeiro encontro, realizou-se uma entrevista individual com nove adolescentes, com o intuito de definir a temática da atividade educativa que seria realizada. O segundo encontro, ocorreu 15 dias após o primeiro, e foi dividido em três momentos. No primeiro momento, ocorreu a apresentação dos acadêmicos a apresentação do objetivo e do assunto a ser abordado, e a explicação sobre a dinâmica que seria realizada, bem como uma encenação por meio de uma esquete de 7 minutos. A esquete era composta por 05 personagens, que desenvolveram os papeis de pai, mãe, filha, amiga e enfermeira. No segundo momento, a turma foi disposta em círculo para caracterizar uma roda de conversa utilizando a dinâmica da "bola de fogo", e enquanto a bola passava de mão em mão utilizamos o fundo musical com uma canção de Luiz Gonzaga "xote das meninas". No terceiro momento, aconteceu o feedback e os participantes puderam esclarecer dúvidas sobre a temática. Ao final, os alunos demonstraram interesse para encontros futuros sobre temáticas distintas.  

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a esquete, retratou-se o pai e a mãe de uma garota que não tinham o hábito de conversar com a filha adolescente sobre saúde sexual e reprodutiva. Logo, a filha compartilhava com sua melhor amiga, também adolescente, sobre as experiências com seu primeiro namorado. Ainda assim, as dúvidas eram inúmeras e a garota decide procurar a mãe para esclarecer o que de fato ocorre em um namoro. Mas seu pai ouve a conversa e a repreende veementemente, alegando não ser assunto para sua idade (12 anos), e que esta deveria ir brincar. A representação desta estória, por meio da esquete, desencadeou risos nos alunos, além de palavras que expressavam familiaridade e percepção de si mesmo, sobretudo em relação a maneira como poderiam ser tratados por seus pais e/ou cuidadores, caso falassem sobre namoro. A personagem que representava um profissional de enfermagem, presente na esquete, foi a responsável por mediar os conflitos decorrentes dos tabus que perpassavam devido ao adolescer da garota. A abordagem escolhida permitiu esclarecer acerca de assuntos sobre transformações advindas no período da puberdade, físicas e comportamentais, sobretudo o despertar para a sexualidade. Ainda, enfatizou o acesso ao serviço público de saúde, destacando o papel do enfermeiro, enquanto profissional ativo no processo de cuidar. De acordo com Cipriano apud Bastable (2010, p.32), uma abordagem educativa interativa e parceira, proporciona ao cliente a oportunidade de explorar e expandir suas habilidades de autocuidado. Por meio da entrevista os acadêmicos perceberam o interesse dos juvenis em falar sobre saúde sexual e reprodutiva, demonstrando a necessidade de orientações quanto a questões próprias da puberdade. Percebeu-se que a relação dos adolescentes com os pais no que tange aos assuntos de sua sexualidade, ainda são enfrentados de maneira não harmônica, o que pode causar, muitas vezes, hostilidade ao falar de determinados assuntos, como o ato de namorar. Genz et al. (2016) e Habel et al. (2010), destacam que uma boa relação com os pais pode, muitas vezes, evitar de os adolescentes envolverem-se em relações sexuais desresponsabilizadas e desprotegidas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização de atividades de educação em saúde com adolescentes no âmbito escolar pode contribuir com a adoção de comportamentos saudáveis e promoção do conhecimento acerca de questões que podem contribuir com ações mais conscientes. A utilização de abordagens interativas pode contribuir com a participação e adesão dos adolescentes a essas atividades, a partir de um diálogo dinâmico e participativo, e ainda atender as necessidades de conhecimento acerca de assuntos que, muitas vezes, são difíceis de serem tratados no contexto familiar. Ressalta-se, ainda, acerca da importância do profissional de saúde, sobretudo do enfermeiro, nas atividades de educação no âmbito escolar. Contudo a experiência aqui relatada desperta acerca da necessidade da realização de estudos de intervenção sobre saúde sexual, que possam apresentar o provável efeito transformador das práticas educativas para a promoção da saúde de escolares. 

REFERÊNCIAS

BASTABLE, S. B. O enfermeiro como educador. 3ª ed., Artmed, p.26, 32-33, 2010.

BARBOSA, S. M. et al. Jogo educativo como estratégia de educação em saúde para adolescentes na prevenção às DST/AIDS. Rev. Eletr. Enf., v.12, n.2, p. 337-341, 2010.

CARVALHO, F. F. Brasil de. A saúde vai à escola: a promoção da saúde em práticas pedagógicas. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 25, n. 4, p. 1207-1227, 2015.

GENZ, N. et al. Doenças sexualmente transmissíveis: conhecimento e comportamento sexual de adolescentes. Texto Contexto Enferm., v. 26, n. 2, 2017.

GURGEL, M. G. I. et al. Desenvolvimento de habilidades: estratégia de promoção da saúde e prevenção da gravidez na adolescência. Rev. Gaúcha Enferm., v. 31, n.4, 2010.

HABEL et al. Daily participation in sports and students' sexual activity. Perspect Sex Reprod Health., v. 42, n.4, p. 244-250, 2010.

MAIA, T.Q. et al. Educação para sexualidade de adolescentes: experiência de graduandas. Nexus Revista de Extensão do IFAM., v. 2, n.2, p. 71-78, 2016. SOUZA, T. T.; PIMENTA, A. M. Caracterização das ações de educação em saúde para adolescentes. Rev. enferm. Cent.-Oeste Min., v. 3, n.1, p. 587-96, 2013. Disponível em: http://dx.doi.org/10.19175/recom.v0i0.314. Acesso em 01/04/2018.