ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À PACIENTE COM DIABETES MELLITUS GESTACIONAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

SARA MARIA SOARES RABELO

Co-autores: MARLIANNE SOUSA COSTA, THAYNÁ CÂNDIDO DAY, NARA DA SILVA PINTO, THAÍS VAZ JORGE e THEREZA MARIA MAGALHÃES MOREIRA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

EIXO 6: Enfermagem em Saúde da Mulher

INTRODUÇÃO

O Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) é a intolerância aos carboidratos diagnosticada pela primeira vez durante a gestação e que pode, ou não, persistir após o parto. Muitas vezes representa o aparecimento do diabetes mellitus tipo 2 (DM2) durante a gravidez (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2016).

Segundo Montenegro e Rezende Filho (2017), o defeito metabólico nas mulheres com o DMG é sua incapacidade de secretar insulina em níveis necessários para atender à demanda, que é máxima no 3º trimestre. Isso leva ao aumento da concentração da glicose pós-prandial, capaz de determinar efeitos adversos no feto, pelo excessivo transporte transplacentário de glicose.

Existem diversos fatores de risco para o desenvolvimento da DMG, dentre eles podemos citar a idade materna avançada, obesidade, deposição central excessiva de gordura corporal, história familiar de DM em parentes de primeiro grau e antecedentes obstétricos de macrossomia ou DMG (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2016).

A DMG susceptibiliza a mulher e o feto à uma série de complicações durante a gestação e nascimento. Dentre elas, podemos citar o risco elevado de hipertensão, pré-eclâmpsia e parto cesáreo, macrossomia fetal, cardiomiopatia, mortalidade e morbidade (MONTENEGRO; REZENDE FILHO, 2017).

O tratamento inicial do DMG consiste em orientação alimentar que permita ganho de peso adequado, controle metabólico e prática de atividade física. Se após duas semanas de dieta os níveis glicêmicos permanecerem elevados, deve-se iniciar a insulinoterapia (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2016).

A assistência de enfermagem à DMG se dá desde o pré-natal, com a solicitação de exames laboratoriais e medida da glicemia capilar a cada consulta, com foco na prevenção de danos, até o momento do parto, onde deve-se acompanhar atentamente a dinâmica fetal e os sinais e sintomas maternos, além de propiciar conforto e apoio emocional (SILVA, 2017).

OBJETIVO

Relatar a experiência de acadêmicas de Enfermagem diante do cuidado a paciente com DMG, durante o estágio curricular da disciplina de Enfermagem em Saúde da Mulher.

METODOLOGIA

Trata-se de um relato de experiência da assistência a uma paciente com DMG, realizada via processo de enfermagem, por acadêmicas de enfermagem, em um hospital terciário em Fortaleza, de 24 a 30 de novembro de 2017.

Na fase de investigação, foi realizada anamnese e exame físico, leitura do prontuário e escuta qualificada da paciente e familiares. Para a elaboração dos diagnósticos, resultados e intervenções, foram utilizadas, respectivamente, as taxonomias NANDA (Diagnósticos de Enfermagem), NOC (Resultados de Enfermagem) e NIC (Intervenções de Enfermagem).

O estudo seguiu as normas recomendadas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), considerando o respeito pela dignidade e autonomia humana e pela especial proteção devida aos participantes da pesquisa científica que envolve seres humanos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A escolha da paciente aconteceu após a avaliação biopsicossocial e pelo interesse acerca da assistência realizada a um paciente com DMG e das percepções sobre sua condição de adoecimento.

Observou-se durante a anamnese e os exames físicos que a paciente necessitava de apoio para o enfrentamento das situações que enfrentava, como a preocupação com o bebê e o parto, crises frequentes de ansiedade, filho em situação de privação de liberdade e dificuldade na compreensão do tratamento farmacológico. Foram elencados os seguintes diagnósticos de enfermagem: controle ineficaz da saúde, obesidade definida por IMC > 30kg/m², ansiedade e tristeza crônica.

Durante os momentos com a paciente foi feita escuta qualificada e buscou-se investir em orientações e ações pertinentes à compreensão da doença e alimentação saudável, autocuidado, melhora do bem-estar e do quadro de ansiedade, técnicas de relaxamento e, principalmente, quanto à insulinoterapia, recusada pela paciente durante sua estadia na unidade. Também fornecemos orientações aos familiares, como ações de apoio emocional, encorajamento e cuidados com a paciente e o bebê.

Percebeu-se que diante da assistência prestada, a paciente apresentou melhora do conhecimento da doença, do autocuidado, hábitos alimentares e das crises de ansiedade, mas não aceitou a terapia farmacológica. Apesar de ir contra o desejo da paciente, foi realizado parto cesárea, pois a paciente apresentou sinais e sintomas de pré-eclâmpsia e o bebê adquiriu a posição pélvica.

CONCLUSÃO

A experiência deste caso trouxe reflexões sobre a profissão do enfermeiro pois mostrou, na prática, o real significado de cuidar e ter empatia e a relevância de possuir escuta qualificada e criar vínculo profissional. Além disso, percebemos que o enfermeiro deve adaptar-se a cada paciente e história de vida, o que nos instiga a buscar novas maneiras de cuidar.

O estudo revelou a relevância da assistência e atuação do enfermeiro no desenvolvimento de ações de conforto e educação em saúde.

REFERÊNCIAS

MONTENEGRO, C. A. B.; REZENDE FILHO, J. Rezende Obstetrícia. 13ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

NANDA International. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificações 2015-2017. Porto Alegre: Artmed, 2015.

SILVA, J. V. et al. Assistência e acompanhamento de enfermagem a mulheres com diabetes gestacional. BDENF, v. 20, n. 226, p. 1632-1635, mar., 2017.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016). São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2016.