RESUMO
Esta pesquisa aponta um dos métodos realizados no Instituto Cearense de Educação de Surdos - ICES para os cuidados fundamentais de Enfermagem, uma ação desenvolvida com os alunos surdos em relação à educação sexual e prevenção de IST's, e como um projeto de extensão universitária pode contribuir para implantação ou ampliação deste cuidado. Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa realizada durante as comemorações em alusão ao dia da Mulher por meio da palestra "Sexualidade a mulher e valorização da saúde sexual humana" do projeto de extensão Saúde em Libras, a coleta ocorreu no dia treze de março de 2018, sendo a população constituída por alunos, familiares e profissionais do Instituto Cearense de Educação de Surdos - ICES; e a amostra constituiu de 36 alunos surdos do ICES, cursando o ensino médio, acima de dezoito anos, que estavam presentes no dia da ação, turno noite. Constata-se que os alunos surdos possuem conhecimento acerca da temática, porém ainda dividido, com uma margem de erro visível na tabela. Entre elas o conhecimento equivocado sobre a auto-imagem corporal feminina, desde o funcionamento do sistema reprodutor feminino, perpassando pelo próprio ato sexual que irá desembocar nas mais variadas formas de possíveis riscos às ISTs e o HIV/AIDS; como no assunto HIV/AIDS, pelas dúvidas e informações equivocadas dos alunos sobre a transmissão do vírus e a AIDS ter cura, tendo um maior número de erro nessa pergunta. Concluiu-se a necessidade de um trabalho voltado especificamente à população surda que é peculiar, dada a exclusão existente e pela própria dificuldade da comunicação; a ação realizada pelo grupo Saúde em Libras foi efetiva ao promover saúde para os alunos surdos indo ao habitat da população estudada.
INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios encontrados pela população surda, em relação a atendimentos em saúde, é a falta de profissionais capacitados na Língua Brasileira de Sinais - Libras. Fazendo com que a busca de informação por parte desses usuários sejam fragmentadas, e em muitos casos perdidas durante o processo de educação em saúde, perpassando os mais variados assuntos. E em se tratando de ações preventivas em sexualidade, IST e AIDS é que ocorre perca ainda maiores, devido à falta de informação, pouca discussão e a vergonha por parte dos pais e usuários em relação ao ato sexual. A informação, à qual o surdo tem acesso, é, portanto, fragmentada e insuficiente para subsidiar a compreensão plena sobre os diversos assuntos, inclusive sobre saúde reprodutiva e questões como as prevenção às IST/AIDS, que por si só já são consideradas tabus (BENTO & BUENO, 2015).
Sendo na sua grande maioria, adultos-jovens vulneráveis e mais promíscuos contrair diversas infecções sexualmente transmissíveis, não somente o HIV/AIDS,pressupondo os riscos que envolvem os adultos-jovens em geral, como vivência de uma sexualidade desinformada, por conseguinte uma gravidez não-planejada, com possibilidade de aborto provocado e IST/AIDS entre outros, aos quais eles vêm-se expondo no exercício de sua sexualidade, considerando que se constituem de um contingente populacional extremamente vulnerável às questões mais amplas da sexualidade, principalmente os surdos, pela dificuldade em ter acesso à informação de forma ampla, entendemos que os mesmos necessitam de conhecimento e habilidades específicos sobre a temática central, para lidar consigo mesmo e com o outro (BENTO & BUENO, 2015). Portanto, sendo a ciência Enfermagem responsável em atender de forma biopscicosociocultural estes usuários, que necessitam de informações continuas e esclarecedoras a respeito de uma vida sexualmente segura, o projeto de extensão Saúde em Libras, elaborou uma ação educativa sobre saúde sexual no Instituto Cearense de Educação de Surdos -ICES, contribuindo para um estilo de vida mais saudável e garantir acessibilidade às informações de saúde para a população surda, garantindo odireito à saúde para todos, respeito à cultura do surdo e o reconhecimento efetivo da Libras como língua oficial da comunidade surda, e segunda língua oficial brasileira.
OBJETIVO
Apresentar o projeto Saúde em Libras como provedor de educação saúde a uma população específica de surdos, adultos jovens, alunos de uma Instituição Cearense de Educação de Surdos (ICES) frente à sexualidade e as IST/aids, através da comunicação pela Língua de Sinais Brasileira (LIBRAS).
METODOLOGIA
Pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa. A coleta foi realizada em uma ação acessível a surdos e ouvintes, sobre "Sexualidade a mulher e valorização da saúde sexual humana". A coleta ocorreu no dia treze de março de 2018, sendo a população constituída por alunos, familiares e profissionais do Instituto Cearense de Educação de Surdos - ICES; e a amostra constituiu de 36 alunos surdos do ICES, cursando o ensino médio, acima de dezoito anos, que estavam presentes no dia da ação, turno noite.
Foi realizada uma dinâmica de denominada "mitos e verdades", que direcionou a palestra sobre a temática, foi dividido em grupos e distribuído placas mito e verdade para cada grupo; houve a utilização de recursos de multimídias e a interpretação simultânea em Libras, pelos profissionais interpretes da instituição. Este estudo faz parte das atividades do projeto de extensão Saúde em Libras, vinculada ao Centro Universitário Christus - Unichristus, em parceria com o Instituto Cearense de Educação de Surdos - ICES, a pesquisa respeitou os aspectos éticos e legais com parecer Nº 437/2016.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados apresentados e discutidos nesse estudo são relativos às respostas para as cinco perguntas feitas durante a dinâmica "mitos e verdades", dos 36 alunos do ICES, dividido em treze grupos, cada grupo composto por três pessoas, realizado durante o diálogo com os alunos sobre saúde sexual. As perguntas realizadas foram é verdade ou mentira que é proibido ter relação sexual quando a mulher está no seu período fértil?; verdade ou mentira que eu pego hiv/aids pelo beijo e abraço?; é verdade ou mentira que a camisinha feminina é mais frágil que a camisinha masculina?; é verdade ou mentira que o hiv/aids tem cura?; é verdade ou mentira que usar mais de um preservativo me protege do hiv/aids?.
Tabela 1: Resultados das respostas obtidas na dinâmica mitos e verdades
N = 13 |
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Perguntas |
Respostas dos grupos |
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Acertos |
Erros |
I) |
É verdade ou mentira que é proibido ter relação sexual quando a mulher está no seu período fértil? |
6 |
7 |
II) |
É verdade ou mentira que a camisinha feminina é mais frágil que a camisinha masculina? |
9 |
4 |
III) |
É verdade ou mentira que eu pego hiv/aids pelo beijo e abraço? |
9 |
4 |
IV) |
É verdade ou mentira que o hiv/aids tem cura? |
5 |
8 |
V) |
É verdade ou mentira que usar mais de um preservativo me protege do hiv/aids?
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10 |
3 |
Fonte: dados da pesquisa
A Tabela1 nos mostra alguma das questões de saúde que são amplamente divulgadas pelo Ministério da Saúde através das campanhas no âmbito Federal, Estadual e Municipal. Constata-se que os alunos surdos possuem conhecimento acerca da temática, porém ainda dividido, com uma margem de erro visível na tabela. Entre elas o conhecimento equivocado sobre a auto-imagem corporal feminina, desde o funcionamento do sistema reprodutor feminino, perpassando pelo próprio ato sexual que irá desembocar nas mais variadas formas de possíveis riscos às ISTs e o HIV/AIDS; como no assunto HIV/AIDS, pelas dúvidas e informações equivocadas dos alunos sobre a transmissão do vírus e a AIDS ter cura, tendo um maior número de erro nessa pergunta.Quando questionados ao uso de mais de um preservativo, em relação à proteção sexual individual dos usuários, constatou-se a grande maioria detém a informação condizente que apenas uma única camisinha é suficiente como barreira efetiva na proteção de gravidezes indesejadas e DSTs.
O autor Gediel (2015), diz que temas como corpo e sexualidade são considerados tabus para as mulheres surdas, não apenas por elas serem surdas, mas por um conjunto de questões que influenciam suas relações e sociabilidade.
Tais resultados é pertinente à falta de profissionais capacitados e orientados em esclarecer dúvidas através de uma comunicação eficiente, para esta população que é tão carente de informação, a população surda busca menos os serviços de saúde devido as dificuldades na comunicação. De acordo com Santos e Shiratori (2014), se as pessoas surdas tivessem acesso e inclusão nos programas de saúde fomentados pelo Ministério da Saúde, muitos problemas poderiam ser evitados e mais ações junto deles seriam realizadas. Estudos acerca dos problemas de acesso à saúde por pessoas com deficiência auditiva podem se constituir como um importante subsídio para o planejamento de ações voltadas para o treinamento e capacitação de recursos humanos no atendimento de pessoas com esse tipo de deficiência, bem como adaptar os métodos já utilizados na transmissão de informações a esse grupo especial (NEVES; FELIPE; NUNES, 2016).
Rosa, Orlandi e Belusso (2015), apontam a necessidade da escola também intervir no assunto saúde sexual, ao iniciar uma ampliação metodológica nas suas abordagens sobre o tema de modo a ressaltar o lado positivo, emancipador, constitutivo e significativo de sexualidade. Considerando-se que o acesso aos saberes e oportunidades de refletir sobre o tema aumente o espaço de manobras dos sujeitos que favorecerão a tomada de decisões mais assertivas, diminuindo a vulnerabilidade e potencializando a vivência da sexualidade, em última análise promovendo a saúde sexual.
CONCLUSÃO
Sendo a Educação em Saúde um instrumento fomentador da prática de saúde, principalmente no cuidado de Enfermagem, a ação realizada contribuiu para sensibilizar os adultos-jovens quanto às questões que concernem à promoção da saúde no âmbito da sexualidade e suas vertentes, de forma inclusiva, trazendo informações de forma acessível à língua de sinais e respeitando a cultura dos participantes. A demanda desses jovens requer por melhores condições de possibilidade de acesso e problematização de saberes no campo da sexualidade de modo a poderem desfrutar de uma vida sexual plena e prazerosa, contando também com recursos pessoais para a tomada de decisão pautada em informações concisas e que auxiliem na adoção de comportamentos preventivos, bem como estabelecendo relações igualitárias de gênero e respeitosas para com a diversidade sexual (ROSA; ORLANDI; BELUSSO, 2015).
Fica evidente a necessidade de um trabalho voltado especificamente à população surda que é peculiar, dada a exclusão existente e pela própria dificuldade da comunicação; a ação realizada pelo grupo Saúde em Libras foi efetiva ao promover saúde para os alunos surdos indo ao habitat da população estudada.
REFERÊNCIAS
BENTO, I.C. B. &BUENO, S.M. V. A AIDS Sob a Ótica do Surdo Adulto Jovem. DST - Rev. J. Bras. Doenças Sex. Transm.,v. 17, n. 4, p. 288-294, 2015.
GEDIEL, B. L. A. As mulheres Surdas e o Sistema Público de Saúde: Caminhos para o acesso aos direitos sexuais reprodutivos. Ver. de Antropologia, v.48, n.48, 2015.
NEVES, B. D.; FELIPE, A. M. I.; NUNES, H. P. S. Atendimento aos Surdos no serviço de Saúde: Acessibilidade e Obstáculos. Rev. Infarma Ciências Farmacêuticas, v.28, n. 3, 2016.
ROSA, M. R.; ORLANDI, R.; BELUSSO, A. Sobre a educação sexual de jovens surdos no interior do Paraná. Rev. Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 24, n. 1, 2015.
SANTOS, E. M.; SHIRATORI, K. As Necessidades de Saúde no Mundo do Silêncio: Um diálogo com os Surdos. Rev. Eletrônica de Enfermagem, v. 6, n. 1, p.68-76, 2004.