INTRODUÇÃO
A doença falciforme (DF) é uma condição genética recessiva e hereditária causada pela mutação do gene que produz a hemoglobina A, tendo como resultado a hemoglobina S. Essa hemoglobina, em homozigose (Hb SS), resulta na doença falciforme SS, mais conhecida como anemia falciforme. Existem outras combinações desse gene mutante com outros genes de hemoglobina, resultando em outros tipos de DF, como por exemplo, a S/Beta talassemia. (ALMEIDA; SANTOS; SILVA, 2018; GESTEIRA; BOUSSO; RODARTE, 2016; BRASIL, 2015).
Essa mutação genética faz com que as hemácias, que eram para serem arredondadas em sua forma fisiológica, tenham sua conformação modificada, assumindo uma forma que lembra uma foice ou lua crescente. Esse tipo de hemácia é responsável pela sintomatologia da doença, pois elas sobrevivem na circulação sanguínea muito menos tempo do que as normais, causando um quadro de anemia crônica, e ainda são mais resistentes e pouco flexíveis, contendo certa rigidez, dificultando sua circulação e podendo ocasionar diversos trombos. (BRASIL, 2015; MOREIRA; SILVA, 2014).
Os sintomas da DF são causados devido a vaso-oclusão e hemólise das hemácias mutantes, justamente por conta de sua conformação e seu curto período de vida. Nos primeiros seis meses de vida a criança não apresenta nenhum sintoma. Após o sexto mês, começam a surgir os primeiros sintomas, que são ligados às crises dolorosas, como a dactilite, mais conhecida como síndrome "mão-pé". Por conta da vaso-oclusão dos pequenos vasos das mãos e dos pés da criança, esses membros vão ficando avermelhados e quentes, causando fortes dores nessa criança. Essas crises dolorosas podem acontecer diversas vezes e vão ficando mais intensas, por conta da hipóxia tecidual. Com o avançar dos meses, outros sintomas podem surgir, como anemia, icterícia, complicações oculares, priapismo, infecções, inflamações, disfunções, dentre outros, podendo evoluir para um choque séptico e até ocasionar a morte. (CARDOSO et al. 2016; GESTEIRA; BOUSSO; RODARTE, 2016; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
O acompanhamento das pessoas que possuem DF é fundamental e a utilização de tecnologias educativas auxilia no tratamento adequado. Com isso, faz-se necessário uma escuta qualificada para compreender as necessidades desses indivíduos e elaborar essa tecnologia.
OBJETIVO
Relatar a importância da escuta na elaboração de uma tecnologia educativa com pessoas que possuem doença falciforme.
METODOLOGIA
Estudo descritivo do tipo relato de experiência, vivenciado por uma aluna durante uma coleta de dados com pessoas que possuem doença falciforme, no período de janeiro de 2018, em um centro de hemotologia e hemoterapia de Fortaleza, no Estado do Ceará.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A escuta foi fundamental para se entender quais as necessidades de informações das pessoas que possuem a doença falciforme, para a construção de uma tecnologia educativa.
Percebeu-se que a maioria dessas pessoas necessita de informações quanto os sintomas, tratamento, complicações e medicações, pois são pontos que devem ser muito bem conhecidos tanto por eles, quanto por quem está ao seu redor e pelos profissionais de saúde. Outra necessidade é a questão do surgimento de úlceras nos membros inferiores, uma complicação comum e que para tratá-la e, principalmente, evitá-la, o conhecimento é fundamental. As crises de dor e como diferenciá-las também foi outro ponto relevante para ser incluído na tecnologia educativa.
CONCLUSÃO
Investigar sobre as informações que as pessoas têm dúvida sobre a doença falciforme, através da escuta, é de grande relevância para a construção de uma tecnologia educativa, que servem para levar informação tanto para quem possui a doença, quanto para quem cuida, a fim de melhorar a qualidade de vida das mesmas e seu tratamento.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. M. SANTOS, M. S. SILVA, F. W. T. Assistência de enfermagem na doença falciforme na estratégia saúde da família. J. res.: fundam. care. online, v. 10, n. 1, p. 36 - 45, jan./mar. 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Doença falciforme: diretrizes básicas da linha de cuidado. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.
_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Manual de anemia falciforme para agentes comunitários de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
CARDOSO, S. C. et al. Complicações de síndrome falciforme. Revista Enfermagem Contemporânea, v. 5, n. 2, p. 253 - 260, jul./dez. 2016.
GESTEIRA, E. C. R. BOUSSO, R. S. RODARTE, A. C. Uma reflexão sobre o manejo familiar da criança com doença falciforme. R. Enferm. Cent. O. Min., v. 6, n. 3, p. 2454 - 2462, set./dez. 2016.
MOREIRA, A. S; SILVA, R. A. A. Anemia ferropriva em portadores de anemia falciforme: a importância de se avaliar o estado nutricional de ferro. Rev. Ciênc. Méd. Biol. Salvador, v. 13, n. 2, p. 236 - 241, mai./ago. 2014.