EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA PREVENÇÃO DA LESÃO POR PRESSÃO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

MAYNARA JOYCE TORRES DE ANDRADE

Co-autores: AMANDA TEODÓZIO RIBEIRO e JÉSSICA DE MENEZES NOGUEIRA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA PREVENÇÃO DA LESÃO POR PRESSÃO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Maynara Joyce Torres de Andrade 1

Amanda Teodózio Ribeiro 2

Jéssica de Menezes Nogueira 3

EIXO 2: SABERES E PRÁTICAS DE ENFERMAGEM: ENCONTRO NOS TERRITÓRIOS

INTRODUÇÃO

A lesão por pressão é a perca da integridade da pele resultante da compressão prolongada do tecido entre uma proeminência óssea e uma superfície externa, acabando por necrosar a área. (GOMES et al, 2017)

As lesões podem ser classificadas em quatro estágios. O estágio I caracteriza-se pelo o eritema. O estágio II é uma lesão parcial da pele, envolvendo epiderme e/ou derme, apresentando-se clinicamente como abrasão, bolha ou cratera rasa. No estágio III, a lesão envolve dano ou necrose da camada subcutânea, apresenta-se como uma cratera profunda com ou sem comprometimento dos tecidos adjacentes. No estágio IV há tecidos necróticos ou dano de músculos, ossos ou estruturas de suporte, tendões e cápsula articular. (GOMES et al, 2017)

Tais lesões tem um curso crônico o que gera impactos negativos para qualidade hospitalar, na recuperação e na qualidade de vida dos pacientes e familiares prologando o tempo de internação e exigindo um cuidado contínuo dos profissionais de saúde, principalmente dos enfermeiros, pois são os que mais assistem o paciente, além de serem responsáveis pelo acompanhamento, prevenção e planejamento de cuidados dessas lesões, sendo essencial a adoção de medidas preventivas. (GOMES et al, 2017; Schmidt et al, 2017)

A prevenção das lesões por pressão inclui medidas simples, de baixo custo e universais, como a inspeção diária da pele, evitar umidade excessiva, manter o paciente hidratado, nutrição e hidratação adequadas, minimizar a pressão com alternância de decúbito a cada duas horas, utilizar coxins e travesseiros para auxiliar no conforto do paciente. (Schmidt et al, 2017)

Em pacientes pediátricos, a lesão por pressão se constitui como evento ocasionado pelas condições anatomofisiopatológicas do desenvolvimento infantil, tempo de internação prolongado e déficit de mobilidade física. (LOMBA, BESSA, SANTOS, 2015; VOCCI, TOSO, FONTES, 2017)

Quando há destruição do tecido as crianças sentem dor e expõem-se ao risco de desenvolver infecção sistêmica, assim como, imagem corporal alterada devido à cicatriz e deformidades. Portanto, é de suma importância a atuação da equipe de enfermagem na prevenção da lesão por pressão. (VOCCI, TOSO, FONTES, 2017; Schmidt et al, 2017)

OBJETIVO

Relatar a experiência de uma atividade de educação em saúde acerca da prevenção da lesão por pressão.

METODOLOGIA

Trata-se de um relato de experiência sobre uma atividade de educação em saúde realizada em um bloco neurológico de um hospital de grande porte, referência no cuidado infantil no município de Fortaleza-ce. A experiência foi vivenciada pela autora durante a disciplina do Internato I no mês de fevereiro de 2018.

A partir da vivência da rotina diária da unidade como interna, observou-se a necessidade de sensibilizar os acompanhantes das crianças sobre a lesão por pressão infantil pois, na referida unidade as crianças necessitam de maior restrição ao leito. A atividade foi realizada em cada enfermaria da unidade. Com o auxílio de uma boneca, foi demonstrado os locais de maior pressão que acomete as crianças e de que formas podem ser prevenidas as lesões. Além de material didático impresso e fornecido às mães para enfatizar a necessidade de troca de decúbito e quais posições podem ser utilizadas.

 

 

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente, a escolha dessa temática para educação em saúde foi pelo quadro clínico de muitos pacientes, que muitos não deambulavam, sendo restritos ao leito e os que deambulavam não tinham a regularidade de estar sempre em movimento pela unidade. Além disso, alguns pacientes desse bloco já apresentavam lesão por pressão grau II e outros, lesão por pressão grau I. Isso instigou a realização de uma ação educativa que enfatizasse esse assunto.

Depois de identificada a necessidade de orientação, surgiu a ideia de produzir um material que auxiliar-se na compreensão das mães e que sempre que quisesse poderia ser consultado em caso de dúvidas ou até mesmo esquecimento da orientação dada. Foi produzido um folder com explicações sobre a lesão por pressão e orientações de como prevenir.

O folder constava de no início uma breve explicação sobre o que era a lesão por pressão, quais os fatores de risco para o desenvolvimento da lesão e uma ilustração de como acontecia. Posteriormente, foi descrito e ilustrado os locais com mais prováveis de acometimento da lesão por pressão, as áreas com proeminências ósseas, cabeça, ombro, cotovelo, quadril, joelho, calcanhar e etc . E por final, foi descrito algumas orientações para a prevenção da lesão por pressão como, avaliar a pele em busca da vermelhidão, hidratar a pele, acolchoar os locais de pressão, mudança de decúbito, evitar a umidade, manter lençóis sem dobras, estimular a movimentação de acordo com a capacidade do paciente, beber muitos líquidos e alimentar-se bem, sempre dando ênfase quanto a linguagem o mais próxima possível da realidade das mães, evitando os termos técnicos.

Para realização da atividade educativa foi utilizado como auxiliado um boneco de simulação infantil para demonstração dos pontos de pressão mais comuns de serem acometidos na criança. A atividade educativa também deu-se na mesma ordem contida no folder para que as mães pudessem acompanhar as informações dadas, sempre explicando sobre a lesão, demonstrando pontos de pressão mais vulneráveis e dando orientações.

No início, a atividade chamou a atenção principalmente por causa da presença do boneco o que para a pesquisadora já foi um gancho para iniciar as explicações e orientações a serem dadas. Ao final da atividade algumas mães tinham um relato a dar, de algum parente, amigo ou vizinho tinha tido essa lesão e esse era um momento também de maior troca e compartilhamento de experiências entre elas mesmas e entre pesquisador-pesquisado, além disso, um momento de reforçar a importância da prevenção. Um fator preponderante que foi visto na intervenção educativa foi a revelação, por parte dos acompanhantes, da necessidade de uma educação constante, contendo informações sobre o que o tratamento clínico pode causar e como pode-se prevenir, o que inclui a necessidade de restrição ao leito e a relação direta a lesão por pressão. Diante desse relato é perceptível a importância das atividades de educação em saúde que nós enquanto profissionais de saúde devemos sempre desenvolver, e principalmente uma grande responsabilidade dos enfermeiros já que estão mais próximos dos pacientes e dos acompanhantes dando esse suporte integral e devendo prestar orientações sempre que possível.

CONCLUSÃO

Como interna, um dos desafios é ver a realidade do ser enfermeiro com olhar crítico e saber intervir além do modelo biomédico de doença, mas sim em um modelo ampliado de  processo saúde-doença atuando em meios preventivos para que as crianças tenham melhor seguimento clínico.

Por meio desse relato de experiência é perceptível a importância da enfermagem na educação em saúde, pois a lesão por pressão prejudica na recuperação dos pacientes, prolongando seu período de internação, e podem ser evitados através de medidas simples que podem ser aplicadas pela enfermagem e como também pelos acompanhantes desde que orientados, gerando assim qualidade de vida aos pacientes.

REFERÊNCIAS

GOMES, N.P. et al. Prevenção de Lesão por Pressão: Revisão Integrativa da Produção da Enfermagem Brasileira. Revista Ciência (In) Cena. On-line, Bahia, v. 1, n. 5, 2017.

LOMBA, L.; BESSA, R.; SANTOS, S. Localização e Medidas Preventivas de Úlceras de Pressão em Idade Pediátrica: Revisão Integrativa de Literatura. Rev. Cuid., v. 6, n. 2, p. 1085- 1093, 2015.

SCHMIDT, M. H. et al. A Implementação de Relógio de Troca de Decúbito e sua Importância na Prática Assistencial. Disciplinarum Scientia, v. 17, n. 3, p. 507-513, 2017.

VOCCI, M.C.; TOSO, L.A.R.; FONTES, C.M.B. Aplicação da Escala de Braden Q em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica. Rev. Enferm. UFPE on line., v. 11, n. 1., p. 165-172, jan., 2017.