CUIDADO DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DE QUEDAS EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS COM MOBILIDADE FÍSICA PREJUDICADA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

FERNANDA SILVA FARIAS

Co-autores: GABRIELLY MARIA MESQUITA ALVES, THAYNÁ CANDIDO DAY, THAYNARA FERREIRA LOPES, NARA PINTO DA SILVA e MARIA CÉLIA DE FREITAS
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

CUIDADO DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DE QUEDAS EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS COM MOBILIDADE FÍSICA PREJUDICADA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Fernanda Silva Farias 1

Gabrielly Maria Mesquita Alves 2

Thayná Candido Day 2

Thaynara Ferreira Lopes 2

Nara Pinto da Silva 2

Maria Célia de Freitas 3

EIXO 4: Enfermagem em Saúde do idoso

RESUMO: INTRODUÇÃO: A mobilidade física prejudicada, um dos maiores riscos para quedas, está presente em grande parte dos idosos institucionalizados. O acompanhamento deve ser feito por toda a equipe, em especial a enfermagem que deve garantir um ambiente seguro e assistência individualizada para prevenir as consequências geradas por quedas.OBJETIVO: Relatar a experiência das estratégias de enfermagem para o cuidado na prevenção de quedas em Idosos de ILPI com mobilidade física prejudicada.METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência, realizado em uma Instituição de Longa Permanência em Fortaleza/CE, entre Dezembro de 2017 a Março de 2018. A população do estudo foi composta pelos profissionais de enfermagem que assistem a população idosa da IPLI. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nas observações identificou-se a presença de vários profissionais da saúde no cuidado ao idoso. Apesar da presença de atividades dirigidas a cada residente e sua clínica, identificou-se a falta de uma assistência voltada para a individualidade de cada idoso.O risco de quedas representam considerável agravo na saúde dos idosos, as alterações de marcha e equilíbrio são fatores diretamente relacionados com esse risco, são pouco trabalhadas pela equipe em geral levando o idoso ao grau de dependência II ou III. Dentro da equipe multiprofissional, a enfermagem deve desenvolver atividades com a pessoa idosa, considerando suas necessidades, promovendo uma vida saudável, por meio da utilização de suas capacidades e condições de saúde. CONCLUSÃO: A experiência vivenciada possibilitou compreender melhor como a enfermagem está inserida  na ILPI. Percebeu-se lacunas que perpassam o serviço, sendo necessário uma fundamentação teórica do profissional e um alerta para a não acomodação nas rotinas.


INTRODUÇÃO

De acordo com dados do IBGE (2017) O Brasil tem cerca de 26 milhões de pessoas acima dos 60 anos, em 2027 essa parcela aumentará, chegando aos 37 milhões. Assim, o aumento expressivo da população idosa brasileira incentiva uma atenção de um grupo de profissionais, em especial na saúde, essa a equipe multiprofissional deve estar preparada para atender efetivamente a pessoa idosa em todos os contextos onde ela esteja.

Nos dias atuais, a institucionalização é uma realidade no país devido a diversos fatores que comprometem a continuidade dessa pessoa no seio da família, a exemplo, o desejo do idoso, a presença de limitações e incapacidades que os tornam mais vulneráveis, os problemas familiares tanto econômicos quanto sociais que dificultam o cuidado integral aos idosos, além da presença de situações de violência e de negligência (CALDAS; PAMPLONA, 2013). A Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) é definida como espaço coletivo, que atende tanto idosos independentes como dependentes, garantindo os direitos sociais e de saúde dos seus residentes. Todos os profissionais do local são unânimes na busca para minimizar as condições de adoecimentos, bem como os riscos ambientais que podem causar danos a vida do idoso. É uma estrutura completa com assistência especializada, com vistas a atenção individual dos idosos residentes nas ILPIs procurando diminuir os riscos e incapacidades. (ALVES et al, 2017)

Dentre os principais riscos encontrados nas IPLIs são os que levam a quedas, principalmente em idosos que apresentam mobilidade física prejudicada ressaltando-se que em geral é a maior população nas instituições. Dessa forma, o cuidado de enfermagem voltado para a manutenção da capacidade funcional desse idoso, viabiliza estratégias de promoção da segurança ambiental associada às condições clínicas dos residentes. Mantendo e promovendo a permanente autonomia e independência dos mesmos.



OBJETIVO

Relatar  a experiência das estratégias de enfermagem para o cuidado na prevenção de quedas em Idosos de ILPI com mobilidade física prejudicada.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência. Realizado em uma Instituição de Longa Permanência na cidade de Fortaleza/CE, entre os meses de dezembro de 2017 a março de 2018.

A população do estudo foi composta pela equipe de enfermagem da ILPI, nove enfermeiros e dois técnicos. Ressalta-se, ainda, a presença de dois cuidadores para realizar o banho aos dependentes e instrutores para acompanhar o banho daqueles com dependência grau II e I. Os enfermeiros apresentavam escala de três turnos, com a presença de dois enfermeiros no turno da manhã e da tarde e um profissional a noite que atendiam aos 76 idosos da instituição.

A vivência se deu durante a coleta de dados de uma pesquisa desenvolvida na instituição com objetivo de avaliar a vulnerabilidade dos idosos residentes, com visitas semanais, permitindo a aproximação com os profissionais da instituição e dos idosos, além de proporcionar um maior chance de observação da realidade do cuidado de enfermagem dirigido a população idosa, em especial aqueles com risco de quedas pela mobilidade física prejudicada. O parecer do comitê de ética do projeto de pesquisa N°849.116/14.

 

RELATO DA EXPERIÊNCIA SOBRE O CUIDADO DE ENFERMAGEM AO IDOSO COM MOBILIDADE FÍSICA PREJUDICADA

O processo do envelhecimento é comum e inerente a todos os seres humanos, sendo um ciclo marcado por mudanças biopsicossociais específicas e associado à passagem do tempo. As alterações decorrentes do processo de senescência modificam de pessoa para pessoa, de acordo com sua genética, seus hábitos de vida e o meio que os cerca (FECHINE; TROMPIERI, 2012). Assim, a assistência de saúde a pessoa idosa deve ser especializada para atender às alterações naturais que ocorrem no idoso, mas também individualizada, já que o processo de envelhecimento é expressado de forma única em cada indivíduo.

Nas observações realizadas durante as visitas, identificou-se a presença de vários profissionais da saúde no cuidado ao idoso residente, desde médicos geriatras, enfermeiros, fisioterapeutas e assistentes sociais com cuidados específicos ao idoso e desenvolvendo atividades individuais e em grupo para avaliar e melhorar/ estimular a capacidade dos mesmos. Apesar da presença dessas atividades dirigidas ao cuidado específico ao idoso e sua clínica, as práticas do dia a dia não condiz inteiramente com a prevenção específica de quedas e a clínica do idoso, as mesmas são comuns para toda a instituição. Pode-se dizer que o cuidado é realizado sem considerar a individualidade dos idoso, os cuidados da equipe de enfermagem tem como meta, principalmente, a administração de medicamentos e os cuidados com a prevenção e tratamento de lesões de pele.

As perdas de capacidades, o acelerar das comorbidades e o aumento das alterações cognitivas, sensoriais e sociais marcam os idosos observados na instituição. Nesses idosos as alterações de marcha e equilíbrio, principais causas de queda são pouco trabalhados pela equipe em geral levando o idoso ao grau de dependência II ou III.

Na ILPI verificou-se que da média de idosos residentes no período das visitas, 76, apenas 40% mantém a mobilidade física preservada, mesmo com alterações de marcha e equilíbrio, além de apresentarem comorbidades associadas como adoecimento cardiovasculares e sofrimento psíquico, somado a polifarmácia, visto que a mesma influi na percepção e equilíbrio, colocando o idoso em risco de quedas e suas consequências.  Portanto, torna-se imprescindível um cuidado continuado mediante a complexidade das alterações de saúde dos residentes pela equipe de enfermagem e esta no grupo multiprofissional.

O risco de quedas podem representar considerável agravo na saúde dos idosos, por isso, tornam-se necessárias medidas de intervenção por parte dos profissionais de saúde, em especial a equipe de enfermagem, pelo contato e observação continuada dos idosos com objetivo de identificar os riscos primários e reduzir danos causados por tais acidentes. A avaliação dos idosos é uma importante ferramenta para avaliar riscos e construir medidas para prevenção de agravos. De acordo com Tier (2006), o enfermeiro, sendo conhecedor das modificações decorrentes do processo de envelhecimento, precisa estar atento para identificá-las, assim como para perceber as necessidades expressas ou não pelos idosos. Precisa ainda determinar as ações para oferecer melhor qualidade de vida aos institucionalizados, realizando cuidado individualizado, tentando manter a sua independência e autonomia. O cuidado de enfermagem observada na instituição passava tanto pela gestão de serviços e cuidados, como também pela assistência individual e especializada para os idosos, porém com relação aos cuidados para a prevenção do risco de quedas em idosos com alterações de marcha e equilíbrio que representam uma grande parcela da população residente, identificou-se ações de pouca relevância tanto ambientais como individuais..

Dentro da equipe multiprofissional, a equipe de enfermagem deve desenvolver atividades com a pessoa idosa, considerando as necessidades, promovendo uma vida saudável, por meio da utilização de suas capacidades e condições de saúde (GONÇALVES; et al, 2015). No contexto das IPLIS essa assistência esse cuidado aos idosos tem características específicas pois os mesmos apresentam alterações de cognição e de mobilidade que  facilitam o risco de quedas, nesse caso, a equipe como um todo, em especial a enfermagem, de avaliar esses idosos, pensar estratégias individualizadas para minimizar tais riscos, acompanhar e avaliar as evoluções estabelecendo metas para autonomia e independência para o autocuidado, considerando as condições de cada idoso.

 

CONCLUSÃO

A experiência vivenciada possibilitou compreender melhor como a enfermagem está inserida  na Instituição de Longa Permanência para Idosos e como o cuidado de enfermagem é essencial na atenção aos idosos, especialmente aqueles com alteração de marcha e equilíbrio. Percebeu-se lacunas que perpassam o serviço, tanto em relação a assistência dos profissionais sem avaliações periódicas dos idosos de forma individual de acordo com as necessidades do mesmos, como também da estrutura precária e da falta de comunicação da gestão com a assistência.

O relato desperta atenção para a necessária fundamentação teórica do profissional e um alerta para a não acomodação nas rotinas. A população idosa está presente de forma mais ativa na sociedade atual. Desse modo, cabe ao enfermeiro, líder da equipe, buscar atualizações sobre a geriatria e gerontologia com vistas a melhorar e tornar o cuidado mais eficaz, considerando as limitações impostas pelo processo de senescência de cada indivíduo.

 

REFERÊNCIAS

ALVES, M.B; et al. Instituições de Longa Permanência para Idosos. Escola Anna Nery. Rio de Janeiro. v.21 ;n.4 ;p. 1-8; 2017.

CALDAS, C.P.; PAMPLONA, C.N.S. Institucionalização do idoso: percepção do ser numa óptica existencial. Revista Kairós Gerontologia. v.16; n.5; p.201-219. Set. 2013.

FECHINE R.A.; TROMPIERI N. O Processo de Envelhecimento: As Principais Alterações que Acontecem com o Idoso com o Passar dos Anos. Rev. Cient. Intern. v. 1; n.7; p. 129-194; Jan.-Março. 2012.

GONÇALVES, M.J.C. et al. A importância da assistência do enfermeiro ao idoso institucionalizado em instituição de longa permanência. Revista Recien. São Paulo. v.5; n.14 ;p. 12-18; 2015.

SANTOS, R.A.S.S; et al. A Enfermagem na Assistência aos Idosos: Um Relato de Experiência. Anais CIEH. v.2; n.1; 2015.

TIER, C.G. Depressão em idosos residentes em uma instituição de longa permanência (ILPI): identificação e ações de Enfermagem e Saúde. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Universidade Federal do Rio Grande do norte, Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Fundação; Natal, 2006.