INTRODUÇÃO
A educação em saúde surge como relevante e complexo instrumento contemplando diferentes aspectos de caráter político, filosófico, social e cultural, além de desenvolver questões práticas e teóricas relacionadas ao sujeito e a sociedade. Suas práticas não podem ser restritas às atividades que objetivam transmitir informação em saúde, por sua vez, tais ações necessitam de uma combinação de suportes, com o intuito de alcançar condições contribuintes à qualidade de vida do indivíduo. Dentre os públicos beneficiados por este complexo conjunto de ações, as gestantes constituem população ideal para o compartilhamento de conhecimentos (SALCI et al., 2013).
Nesse contexto, ressalta-se a importância das ações educativas na atenção obstétrica, considerando que o pré-natal se constitui um lócus relevante para o desenvolvimento destas atividades, com o objetivo de contribuir para que as mulheres reflitam o período vivenciado por elas, contribuindo para a potencialização da capacidade de decisão sobre sua saúde e o fortalecimento de sua autonomia (BRONDANI et al., 2013).
Uma das metodologias utilizadas para desenvolver estas ações de promoção da saúde no pré-natal é a abordagem à população em sala de espera no aguardo da assistência profissional. As atividades em sala de espera são consideradas ações que potencializam a proximidade entre a população e o serviço de saúde, com ênfase nas necessidades e demandas dos usuários, tendo esse ambiente grande potencialidade para a efetivação do cuidado humanizado.
OBJETIVO
Por meio da síntese e explanação de produções científicas, objetiva-se conhecer a relevância da prática de educação em saúde, utilizando da sala de espera no cuidado pré-natal.
METODOLOGIA
O presente estudo constitui uma revisão integrativa da literatura realizada no mês de abril de 2018, metodologia que consiste na organização, catalogação e síntese dos resultados apresentados nos materiais selecionados para análise, facilitando sua interpretação. Para tanto, foram realizadas as seguintes etapas: determinação da questão norteadora de pesquisa; busca em bases de dados; análise dos artigos incluídos na revisão; interpretação dos resultados e síntese do conhecimento produzido (STREFLING et al., 2015).
Para conduzir esta pesquisa, elaborou-se a seguinte questão: qual a relevância do ambiente em sala de espera para a realização de educação em saúde no cuidado à gestante? O levantamento das publicações ocorreu mediante busca no portal Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os critérios de inclusão utilizados foram: artigos disponíveis na íntegra, em português ou inglês, publicados no período de 2013 a 2017 e que apresentassem informações relevantes ao tema do estudo. Utilizaram-se como descritores: cuidado pré-natal, educação em saúde e humanização da assistência.
Com uso dos três descritores por meio do agente booleano AND, obtiveram-se dezoito artigos, dos quais, apenas três foram selecionados a partir dos critérios de inclusão pré-estabelecidos. Onze foram excluídos por divergirem da temática que constitui a questão norteadora da pesquisa, um por tratar-se de revisão narrativa e três por estarem repetidos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após pesquisa na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), constatou-se a escassez da produção de artigos que abordam a sala de espera como estratégia de educação em saúde no pré-natal. Foi ressaltada a promoção em saúde em um ambiente dinâmico como a sala de espera, no qual podem ser desenvolvidas atividades interativas com o público-alvo e por consequência, disseminar conhecimento de maneira efetiva.
Pode-se identificar mediante leitura dos textos, o impacto das ações em sala de espera para as mulheres, favorecendo a criação de um espaço para diálogo entre gestantes e profissionais, desmistificando crenças e saberes populares, sem desvalorizá-los, contando com o próprio relato e troca de experiências das participantes, tornando-as protagonistas de seu autocuidado. Segundo Camillo et al, (2016) as mulheres afirmaram que aprendem não apenas com as informações compartilhadas pelos enfermeiros, como também aprenderam com outras gestantes e puérperas.
Para Santos, (2012) as ações em salas de espera promoveram o estreitamento de relações entre a equipe de saúde e a comunidade. A geração deste vínculo genuíno entre profissionais e gestantes permitiu a formação de um ambiente grupal embasado por uma comunicação efetiva, que pode produzir confiança, responsabilidade e autonomia, bem como tornar conhecido as reais necessidades de saúde do indivíduo (BRONDANI et al, 2013). Ademais, um espaço antes ocioso, torna-se repleto de oportunidades que possibilitam a equipe não somente depositar saberes em uma comunidade, mas sim estabelecer uma relação de troca de saberes com a mesma.
Destaca-se que a ausência de assiduidade pode fazer da sala de espera um agrupamento de pessoas e não um grupo, o que configura menor aproveitamento das ações propostas já que este fato dificulta a geração de vínculo, demandando desta forma, o comprometimento ativo e legítimo dos profissionais que realizam educação em saúde em sala de espera.
Dessa forma, a sala de espera atua como um espaço educativo de promoção de saúde, intercâmbio de conhecimentos e compartilhamento de afetos, pois tal ambiente proporciona e incita pensamentos e reflexões transformadoras sobre as condições intrínsecas ao público alvo (BRONDANI et al., 2013).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta revisão integrativa identificou-se a sala de espera como estratégia de educação em saúde, em que através do estabelecimento de vínculos, compartilhamento de saberes, experiências e o desenvolvimento da autonomia, desenvolve-se um ambiente educativo, reflexivo e transformador. Os resultados mostram que apesar do reconhecimento da importância das ações educativas, percebem-se ainda fragilidades no contexto da sala de espera evidenciadas pela quantidade reduzida de artigos selecionados durante a pesquisa.