PERCEPÇÃO DAS INTERNAS DE ENFERMAGEM DURANTE A CONSULTA GINECOLÓGICA REALIZADA EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE

MIRIAN MORAES FEITOSA

Co-autores: INGRID STUART DE OLIVEIRA PONTES LIMA
Tipo de Apresentação: Relato de Experiência

Resumo

 

PERCEPÇÃO DAS INTERNAS DE ENFERMAGEM DURANTE A CONSULTA GINECOLÓGICA REALIZADA EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE

Mirian Moraes Feitosa 1

Ingrid Stuart de Oliveira Pontes Lima 2

Natana Abreu de Moura 3

EIXO 2: SABERES E PRÁTICAS DE ENFERMAGEM: ENCONTRO NOS TERRITÓRIOS

INTRODUÇÃO

O câncer de colo de útero é um problema de saúde pública no Brasil em virtude de sua elevada morbimortalidade. Acontece de forma silenciosa e progressiva e, por muitas vezes, não apresenta sintomas em sua fase inicial, atrasando o diagnóstico e, consequentemente, o tratamento precoce (SILVA, 2014). O instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do biênio 2018/2019, seja diagnosticados 16.370 novos casos de câncer de colo de útero no Brasil, com um risco estimado de 15,43 casos a cada 100 mil mulheres.

Uma das principais estratégias de prevenção do câncer do colo do útero é o exame preventivo, também conhecido como Papanicolau. Através desse teste, estudos revelam que o diagnóstico pode ser feito precocemente, o que reduz significativamente as complicações e aumentam as chances de sobrevida das mulheres. (CARVALHO, 2015)

Melo (2012) demonstra que no cenário da prevenção do câncer do colo do útero, a atuação do enfermeiro nas equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) se revelou de importância fundamental. Suas atividades são desenvolvidas em múltiplas dimensões, entre elas: realização das consultas de enfermagem e do exame de Papanicolau, ações educativas diversas junto à equipe de saúde e comunidade, gerenciamento e contatos para o provimento de recursos materiais e técnicos, controle da qualidade dos exames, verificação, comunicação dos resultados e encaminhamentos para os devidos procedimentos quando necessário.

Os profissionais da saúde, especialmente os enfermeiros, devem conhecer a realidade da população para que possam fornecer orientações e realizar atividades educativas, buscando sempre adequar o tipo de informação transmitida, a linguagem e os recursos utilizados com o nível de conhecimento da população, a fim de alcançar uma maior eficácia de tais atividades. (PAULA, 2013). Sendo assim, o enfermeiro se faz como figura facilitadora na promoção e cuidado da saúde na comunidade e principalmente frente ao controle e prevenção de câncer de colo uterino.

OBJETIVO

Descrever as percepções de internas de enfermagem acerca da consulta ginecológica realizada em uma unidade de atenção básica.

METODOLOGIA

Trata-se de um relato de experiência acerca da percepção de duas internas de enfermagem, da Universidade Estadual do Ceará, durante a consulta ginecológica realizada em uma unidade de atenção básica, localizada no município de Fortaleza, Ceará.

As consultas ginecológicas são realizadas pelas enfermeiras da unidade, ocorrendo os rodízios entre as profissionais durante a semana, com uma média de cinco mulheres atendidas por dia, sendo realizados durante a consulta o exame das mamas e o exame preventivo de câncer de colo útero.

As internas acompanharam e também realizaram as consultas ginecológicas supervisionadas pelas enfermeiras da unidade no período de fevereiro a abril de 2018. Durante esse período as internas perceberam a frequente desinformação das pacientes que compareciam para realizar o exame, através de falas e indagações das mulheres quanto ao conhecimento e auto percepção em relação ao seu corpo, o que chamou atenção das mesmas para a importância indiscutível de orientações, atividades e esclarecimentos sobre aspectos que envolvem o empoderamento, anatomia e fisiologia do corpo feminino.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante as consultas foi observado que as mulheres não conheciam ou conheciam muito pouco sobre a anatomia e fisiologia do corpo feminino, sendo evidenciado através dos questionamentos e/ou das respostas a questionamentos que as mesmas referiam.

Apesar de o câncer de colo uterino apresentar altos potenciais de prevenção por meio do rastreio oportunístico, ainda existem mulheres que desenvolvem e morrem por este tipo de câncer no Brasil, pelo fato de desconhecerem a finalidade do Papanicolau (SILVA et al., 2010). A falta de informação é um problema frequente nos serviços de saúde o que pode vir a tornar-se uma barreira de comunicação entre profissional e usuário. Faz-se de suma importância que o profissional repasse da maneira didática e com uma abordagem integrativa o que é o exame de Papanicolau, o que pode ser encontrado nesse exame e como se dá o resultado para que a mulher entenda a importância da realização desse exame.

Percebeu-se também que as usuárias não conseguem diferenciar o corrimento fisiológico do patológico e nem por qual motivo está havendo alterações, se causadas por vírus, bactérias ou fungos solicitando frequentemente pomadas e medicações indiscriminadamente. Cabe então, ao profissional enfermeiro, orientar sobre as diferenças clínicas entre os agentes patológicos causadores dos corrimentos anormais e enfatizar sobre a importância do recebimento do resultado do exame citopatológico, justamente para que as alterações sejam tratadas da forma devida.

Diante desse cenário, as internas buscando facilitar o processo de aprendizagem das pacientes, elaboram um banner explicativo para ficar exposto na sala em que são realizadas as consultas ginecológicas. O material é um explicativo sucinto e didático do que é o exame, como ele é feito, quais as recomendações para o dia do exame e as principais alterações que podem acometer esse público.

 Além disso, as internas também disponibilizaram mamas que foram confeccionadas em proporções semelhantes a uma mama humana, onde foram colocados dentro de uma das mamas três nódulos de diferentes tamanhos para que simbolizasse justamente a nodulação que a mulher pode encontrar ao fazer o autoexame.

 

CONCLUSÃO

A partir das experiências e percepções compartilhadas, conclui-se que há uma necessidade notória e considerável da realização de educação em saúde como forma de facilitar o conhecimento das pacientes que realizam o exame ginecológico. Apesar da desinformação frequentemente percebida durante as consultas, a enfermagem pode e deve contribuir com o processo de aprendizagem e autonomia das mulheres com relação ao seu corpo, já que o enfermeiro vem como um precursor de boas práticas dentro do processo saúde-doença e da promoção da saúde como um todo.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, B. A. et al. EXAME PAPANICOLAU: PERCEPÇÃO DE ACADÊMICAS DE ENFERMAGEM DO VALE DO PARAÍBA. REENVAP, Lorena, n. 08,pg. 45-62,  Jan./Julho, 2015.

Instituto Nacional de Câncer (INCA).INCIDÊNCIA DE CÂNCER NO BRASIL. Disponível em :< http://www.inca.gov.br/estimativa/2018/introducao.asp> Acesso em 18/04/2018 às 23h: 23min.

Instituto Nacional de Câncer (INCA). DETECÇÃO PRECOCE. Disponível em :< http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/colo_utero/deteccao_precoce> Acesso em 18/04/2018 ás 20h:38min.

MELO, M.C.S.C; VILELA, F.; SALIMENA, A.M.O; SOUZA, I.E.O. O Enfermeiro na Prevenção do Câncer do Colo do Útero: o Cotidiano da Atenção Primária. Mina Gerais: Revista Brasileira de Cancerologia, 2012

PAULA, P.F. et al. INTERVENÇÕES EDUCATIVAS NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO UTERINO: REVISÃO INTEGRATIVA. Rev enferm UFPE on line., Recife, pg.7133-40, dez., 2013.

SILVA,K.B., et al. Integralidade no cuidado ao câncer do colo de útero: avaliação do acesso. Rev. Saúde Pública, n.48(2), pag: 240-248, 2014

SILVA, S. E. D. et al. Esse tal Nicolau: representações sociais de mulheres sobre o exame preventivodo câncer cérvico-uterino. Rev. Escola de Enfermagem USP,São Paulo, v. 44, n. 3, p. 554-560, 2010.