"NÃO DEIXE A DENGUE TE PEGAR": ESCOLARES E OS DISCURSOS PRODUZIDOS VIA WEB RÁDIO

VINÍCIUS RODRIGUES DE OLIVEIRA

Co-autores: ARETHA FEITOSA DE ARAÚJO, NATÁLIA BASTOS FERREIRA TAVARES, MAYNNA JULIANNA DAVID DE CARVALHO OLIVEIRA, MARIA LUIZA SANTOS FERREIRA e RAIMUNDO AUGUSTO MARTINS TORRES
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

"NÃO DEIXE A DENGUE TE PEGAR": ESCOLARES E OS DISCURSOS PRODUZIDOS VIA WEB RÁDIO 

TRABALHO PARA PRÊMIO: GRADUAÇÃO - EIXO 1: TECNOLOGIAS, INOVAÇÕES E DESAFIOS NO CUIDADO DE ENFERMAGEM 

INTRODUÇÃO

As arboviroses tratam-se de um grupo de doenças transmitidas por artrópodes. Dentre elas destaca-se a dengue, que é a arbovirose causadora do maior número de casos de mortes no mundo, constituindo-se um sério problema de saúde pública (SANTOS et al., 2017).

Com o mapeamento do problema buscavam-se possíveis soluções, ainda que anteriormente ao aparecimento do vírus Chikungunya  (CHIKV) e do vírus Zika (ZIKV) no continente Americano e em território brasileiro entre 2013 e 2015, já havia a discussão de que o modelo tradicional de controle vetorial não era capaz de impedir isoladamente a expansão geográfica para áreas ainda incólumes pela doença. Em consonância com o fato, a comunidade científica chegava à conclusão de que tampouco uma iniciativa global de imunização, com introdução em larga escala de vacinas contra a dengue por si só diminuiria consideravelmente a transmissão do vírus (LIMA NETO et al., 2016a).

Pela necessidade de implantação de estratégias que diminuíssem a expansão do vírus da dengue pensou-se nas tecnologias digitais como meios para conscientização da população, importante meio para educação no nosso cotidiano, uma vez que alteram os modos de pensar da sociedade e como ela comunica-se em busca de informações, além de caracterizar-se como metodologia ativa no processo ensino aprendizagem e irão servir para explicar o que o vírus da dengue pode causar e como prevenir para o não aparecimento deste. Ou seja, as estratégias e a capacidade que essas tecnologias oferecem para a comunicação são enormes (VALENTE, 2014).

Visto que a conscientização da população é importante fator para diminuir a incidência das doenças causadas pelo Aedes Aegypti e que o público jovem é maioria na busca por conhecimento focou-se nessa população para auxiliar no enfrentamento do Aedes Aegypti por eles terem ânsia de serem autores da própria história e não espectadores (ZARA, 2016).

A Web Rádio atua na promoção de saúde dos jovens, principalmente no que concerne às suas vulnerabilidades, apropriando-se de práticas educativas com abordagem tecnológica, que os tornam protagonistas de seu processo de saúde, além de incentivo a difusão dos conhecimentos adquiridos através do programa (TORRES et al., 2018a).

Esse estudo tem por objetivo relatar a experiência através do projeto de extensão Em Sintonia com a Saúde - S@S, veiculado pela Web Rádio AJIR acerca dos discursos produzidos por escolares em relação á Dengue.

METODOLOGIA

O seguinte estudo constitui-se de uma pesquisa descritiva, do tipo relato de experiência, fundamentado na prática de um articulador pedagógico do Projeto de Extensão, denominado: Em Sintonia com a Saúde - S@S, e dos alunos de uma escola de ensino médio no interior do estado do Ceará. O projeto acima citado exerce atividades que visam a promoção de saúde prevenção de agravos na vida das juventudes, materializando o web cuidado por meio da Web Rádio AJIR estruturada pelo Laboratório de Práticas Coletivas em Saúde - LAPRACS/CCS da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

A vivência ocorreu no mês de fevereiro de 2019, com a apresentação online  da aula cujo o tema central discorria sobre a dengue, tendo como interventores dois enfermeiros. O momento teve início às 16 horas e finalizou-se ás 17 horas, a projeção ocorreu no laboratório de software da Escola Estadual de Educação Profissional Amélia Figueiredo de Lavor em Iguatu,  e contou com a participação de 10 indivíduos, destes 9 eram alunos da referida escola, distribuídos entre os cursos técnicos de informática e enfermagem e 1 articulador que atuava contribuindo na efetivação da comunicação entre os jovens e os apresentadores do programa transmitindo as dúvidas dos escolares através do WhatsApp.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

           O programa ao vivo foi exibido através do site oficial da Web Rádio Ajir, que é www.ajir.com.br e transversalmente por meio da plataforma youtube e demais redes sociais do projeto (facebook, instagram e twitter) tendo como principal forma de interligação entre os participantes (alunos e mediadores), o aplicativo móvel Whatsapp.

        Em um momento inicial os adolescentes tiveram contato com o pergunta âncora, que segundo Torres et al. (2018b) é elaborada pelos organizadores do programa levando em consideração a temática, o estudante que respondê-la de modo correto poderá ser contemplado com um prêmio, na ocasião foram premiados dois jovens de Iguatu, neste programa a pergunta âncora foi: "Qual o nome do mosquito transmissor da dengue?"

Tabela 1- Questionamentos dos jovens sobre a temática dengue

Perguntas dos escolares durante o programa

Estudante 1

"Posso tomar dipirona se estiver com dengue?" / "Por que surgem dores das articulações quando se está com dengue?"

Estudante 2

"Depois de ter dengue existe um período que seu organismo fica imune?"

Estudante 3

"O que nós, estudantes podemos fazer para contribuir no combate a dengue?"

Estudante 4

"É possível identificar qual tipo de dengue antes de procurar ajuda médica ?"

Estudante 5

"Dengue afeta os animais?"

Estudante 6

"A dengue em mulheres grávidas afetam o bebê?"

Estudante 7

"Qual o estado brasileiro mais afetado pela dengue?"

Fonte: Arquivos extraídos da rede de comunicação da Web Rádio Ajir via whatsapp, 2019.

Apesar da dengue ter voltado a compor o quadro das doenças emergenciais no país em 2010, e se expandir no ambiente urbano principalmente (local onde os estudantes moram ou passam a maior parte do dia) por ter áreas propícias ao desenvolvimento do vetor como afirma Lima Neto (2016a), os estudantes mostraram ter dificuldades de entender como cada forma da dengue se apresenta.

 A dengue trata-se de uma doença infecciosa aguda, suas formas de manifestações clínicas vão desde a forma assintomática, até as caracterizadas por hemorragia e/ou choque. Os casos comuns são distinguidos em dois grupos principais: o primeiro recebe o nome de síndrome da febre da dengue clássica, que tem como sintomas: febre alta de início repentino, dor de cabeça intensa, dores articulares e musculares, sintomas em algumas situações acompanhados por exantema maculopapular, podendo levar a ocorrência de gengivorragias, petéquias, epistaxe, mas sem maiores consequências. O segundo grupo é tido como o da febre hemorrágica da dengue ou dengue hemorrágica (síndrome de choque do dengue - DH/SCD). Esta forma da doença é grave e tem como sintomatologia a febre alta, (inicialmente indiferenciável da dengue clássica), fenômenos hemorrágicos (manchas vermelhas na pele, problemas relacionados com o extravasamento sanguíneo, sangramento gengival, vômitos de sangue, eliminação de sangue pelo ânus, entre outros) e insuficiência circulatória, com ou sem choque hipovolêmico (BARROS, 2007).

Por ocorrência dos fenômenos hemorrágicos, alguns medicamentos são contraindicados como é o caso do ácido acetilsalicílico e de todos aqueles que o contém em sua fórmula, em contrapartida por causa da febre apenas dipirona e paracetamol podem ser utilizados. Os sintomas podem ser confundidos com os de uma gripe, mas se no local que o acometido estiver for área endêmica ou já contenha casos de dengue diagnosticados, recomenda-se procurar o serviço de saúde, pois só o profissional habilitado saberá a diferença e fará os encaminhamentos, ressaltando que a enfermidade não tem tratamento específico e nem vacina (ESCOBAR, 2015).

Apesar de que o ser humano constitui-se o principal hospedeiro do vírus (podendo ser infectado até quatro vezes), e que o mesmo vetor pode também dar origem a outras doenças como a Zika que provoca alteração no cérebro de fetos em mulheres grávidas, ele não é o único hospedeiro. Em algumas partes do planeta, macacos podem tornar-se infectados e provavelmente abrigarem o vírus para mosquitos não infectados (NEGRÉ, 2010).

Alguns determinantes biológicos e sociais contribuem para o surgimento de arboviroses, por isso a importância da elaboração de estratégias de combate. No caso da dengue o uso de inseticidas no período de alta transmissão tem se mostrado ineficiente e pouco sustentável. O investimento para elaboração de  tecnologias de informação e comunicação é útil para que possam servir como métodos facilitadores na transmissão da informação para que o espectador contribua na eliminação dos vetores, como meio de colaboração na prevenção da doença e como forma de cada vez mais aproximar os laços da Educação em Saúde (PIMENTA, 2008; LIMA NETO, 2016b).

CONCLUSÃO

          Torna-se evidente por meio desse estudo que as aulas educativas promovidas pela Web Rádio são de grande valia no cuidado às juventudes, essencialmente dos escolares, promovendo um processo de empoderamento destes sobre sua saúde e de sua comunidade, o que consequentemente tornará adultos mais preocupados com o mundo em que vivem e também preparados para lidar com as iniquidades.

A diversidade pedagógica na escola com as juventudes para se fazer educação em saúde é bastante eficaz uma vez que aproxima o escolar de seu universo hoje representada pelas tecnologias da informação e comunicação (TICs). Percebe-se com essa experiência que os escolares obtiveram maior conscientização e comprometimento com a doença da Dengue assim como suas formas de prevenção. Desta forma percebe-se o estímulo e a eficácia com este público escolar sobre essas temáticas associadas a essas estratégias de aprendizagem, acreditando no trabalho de educação entre pares e no aumento de multiplicadores de informações

REFERÊNCIAS

BARROS, H. S. Investigação de conhecimentos sobre a dengue e do índice de adoção de um recurso preventivo (capa evidengue) no domicílio de estudantes, associados a uma ação educativa em ambiente escolar. (Dissertação de Mestrado). Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, 2007.

ESCOBAR, A. Febre: como saber se é dengue? Disponível em http://g1.globo.com/bemestar/blog/doutora-ana-responde/post/febre-como-saber-se-e-dengue.html. Acesso em 06 de Abril de 2019.

LIMA NETO, A. S; NASCIMENTO, O. J; SOUSA, G. S; LIMA, J. W. O. Dengue, Zika e Chikungunya - Desafios do controle vetorial frente à ocorrência das três arboviroses - Parte I.  Rev Bras Promoç Saúde, Fortaleza, 29(3): 305-308, jul./set., 2016a.

LIMA NETO, A. S; NASCIMENTO, O. J; SOUSA, G. S; LIMA, J. W. O. Dengue, Zika e Chikungunya - Desafios do controle vetorial frente à ocorrência das três arboviroses - Parte II.  Rev Bras Promoç Saúde, Fortaleza, 29(4): 463-466, out./dez., 2016b.

NEGRÉ, W. S. Proposta de Protocolos de Segurança para a Prevenção, Contenção e a Neutralização de Agente Agressor Bioativo em Incidentes Bioterroristas. Universidade Federal de São Carlos, 2010.

PIMENTA, D. P. Disseminação de informação sobre dengue: o ergodesign no desenvolvimento e avaliação de material multimídia paraeducação em saúde. Belo Horizonte, 2008.

SANTOS, M. A. V. M, et al. Tecnologias integradas para controle biológico, mecânico e genético de Aedes aegypti. Com. Ciências Saúde. 28(1):58‑63, 2017.

TORRES, R. A. M. et al. Diálogos educativos com jovens escolares sobre o uso de anabolizantes debatidos via web rádio. Destaques Acadêmicos, v. 10, n. 3, p. 209-219, 2018a.

TORRES, R. A. M. et al. Web rádio como meio de transmissão de informações sobre hanseníase para jovens escolares. R. Interd. v. 11, n. 1, p. 32-40, jan. fev. mar. 2018b.

VALENTE, J. A. A Comunicação e a Educação baseada no uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação. Revista UNIFESO - Humanas e Sociais Vol. 1, n. 1, pp. 141-166.  2014.

ZARA, A. L. S. A, et al. Estratégias de controle do Aedes aegypti: uma revisão. Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 25(2):391-404, abr-jun 2016.