INTERCORRÊNCIAS PERINATAIS RELACIONADAS A CLASSIFICAÇÃO DE RISCO OBSTÉTRICO

LUANA BARBOSA DA SILVA

Co-autores: TENNYSON KESLER LUSTOSA DE MORAIS, DAIANNY CRISTINA DE ALMEIDA SILVA, LIENE RIBEIRO DE LIMA, GABRIELA LIMA RIBEIRO e CAMILA TEIXEIRA MOREIRA VASCONCELOS
Tipo de Apresentação: Pôster

Resumo

 

INTRODUÇÃO

 

A gestação é um fenômeno fisiológico e biológico que proporciona ao corpo, mudanças físicas, emocionais e psicológicas. Pode ser classificada como gravidez de alto risco, quando a gestante evolui com alguma intercorrência,  e gravidez risco habitual, quando corresponde a um processo fisiológico obstétrico (PIMENTA et. al, 2012).

Sabe-se que as causas de complicações no ciclo gravídico-puerperal são as mesmas em todo o mundo, entretanto, suas consequências variam significativamente tanto entre os países quanto em suas diferentes regiões (PIMENTA et. al, 2012).

Pesquisas têm evidenciado, uma forte associação entre condições de vida e saúde materno-infantil, disparidades, fatores econômicos, acesso aos serviços de saúde e condições biológicas, como idade gestacional, natimorto, prematuridade, baixo peso prévios e índice de Apgar. Destacam-se, ainda, que referidos fatores aumentam o risco de mortalidade materna e fetal (SILVA et. al, 2014).

 

OBJETIVO

 

O presente estudo teve como objetivo descrever as intercorrências perinatais relacionadas a classificação de risco obstétrico em gestantes atendidas na cidade de Quixadá-CE.

 

 

METODOLOGIA

 

Trata-se de um estudo descritivo, transversal e quantitativa, realizado com 136 puérperas que se encontraram internadas no Alojamento Conjunto de um Hospital Maternidade referência para Rede Cegonha no Sertão Central do Ceará. Os dados foram coletados em março de 2017 por meio de entrevista guiada utilizando-se formulário estruturado que avaliava: perfil das gestantes quanto aos dados socioeconômicos, clínicos, ginecológicos, obstétricos e os desfechos perinatais. Os dados foram analisados por meio do programa Epi Info. O presente estudo obedeceu aos princípios éticos da resolução 466/12 e foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o protocolo nº 2.531.312.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Em relação ao tipo de parto, 96,15% das mulheres foram submetidas a cesariana, dentre as de alto risco, esta via representou 88,9% do total e nas de risco habitual, 90,5%. A taxa de parto vaginal foi de apenas 3,85%, sendo 11,1% no grupo de alto risco e 9,5% no grupo de risco habitual.

Quanto as características perinatais, considerando a classificação de Lubchenco, que avalia os recém-nascidos em relação ao tamanho, 87,3% dos neonatos foram categorizados como adequados para a idade gestacional (AIG). Nas gestantes de alto risco 83% foram considerados AIG, e nas de risco habitual 95,2%. No grupo de mulheres sem classificação obstétrica essa taxa foi de 86,3%.

Após o nascimento, 27,2% dos neonatos apresentaram intercorrências, sendo que 9,6% foram encaminhados à UTI neonatal. Das gestantes classificadas como alto risco, 75% dos recém-nascidos apresentaram intercorrências ao nascer e 16,7% necessitaram de cuidados na UTI. Nas gestantes de risco habitual, 19% tiveram intercorrências e 9,5% foram encaminhados à UTI.

Analisando as principais intercorrências apresentadas pelos recém-nascidos de todas as gestantes deste estudo, nota-se que 20,7% dos bebês apresentaram Desconforto Respiratório, 3,7% foram prematuros e 2,9% apresentaram Sífilis Congênita, presença de Líquido Meconial e Hemorragia Gástrica esteve presente em 0,7% dos casos.

No grupo de gestantes de alto risco, destacou-se Hemorragia Gástrica com 50% dos casos, 27,8% apresentaram Desconforto Respiratório e  em 5,6% houve liberação de Líquido Meconial durante o trabalho de parto.

No que diz respeito ao aleitamento materno, apenas 4,4% dos RN's foram amamentados na 1ª hora de vida. Nas gestantes de risco habitual, esse número representou 4,8% do total e nas de alto risco, 11,1%. O fato da maioria das puérperas não amamentarem seus filhos na 1ª hora pode estar relacionado ao alto índice de cesariana de 96,15%, visto que o efeito anestésico ainda está presente, dificultando a movimentação da mãe e o ajuste da criança ao seio.

Percebe-se que tais porcentagens estão muito abaixo do que é recomendado pelo Ministério da Saúde, o que é prejudicial à criança, uma vez que o contato com a mãe na primeira hora de vida favorece a criação do vínculo afetivo e facilita o processo de amamentação (ROCHA et al. 2018).

Quanto às medidas antropométricas, obteve-se neste estudo, uma média de peso ao nascer de 3,327 kg e a estatura média apresentada pelos RN's foi de 47 cm. Os perímetros cefálicos e torácicos apresentaram uma média de 34 cm e 33 cm respectivamente.

Analisando-se o índice de Apgar no 1º e no 5º minuto, nota-se que a média apresentada pelos RN's de gestações de alto risco foi de 9 nos dois momentos, enquanto que nos bebês de gestantes de risco habitual, os índices foram de 8 no 1º minuto e 9 no 5º. O índice de Apgar e sua correta utilização é uma ferramenta importante na avaliação da saúde e vitalidade fetal ao nascimento, podendo servir de primeiro diagnóstico de doenças, agravos e condições clínicas congênitas no momento do nascimento, promovendo a atuação precoce da equipe. Salienta-se que os altos índices de Apgar representa um fator positivo na avaliação geral do bem-estar fetal (GOMES et. al, 2010).

 

CONCLUSÃO

 

O conhecimento do perfil obstétrico das gestantes atendidas favorece uma adequada investigação clínica dessas mulheres e consequentemente a elaboração de estratégias direcionadas às necessidades da população materno-infantil. Assim é necessário que haja uma adequada classificação de risco obstétrica durante a assistência pré-natal, predispondo assim identificar os fatores relacionados à mortalidade perinatal e materna.

 

REFERÊNCIAS

 

 

GOMES, Mariano Tamura; FILHO, Luiz Vicente F. Da Silva (2010). A Bíblia do Bebê. São Paulo: CMS. 392 páginas. ISBN 978-85-86889-69-1.

 

PIMENTA, A. M.; NAZARETH, J. V.; SOUZA, K. V.; PIMENTA, G. M. "The House of the Pregnant women" program: users' profile and maternal and perinatal health care results. Revista Texto e Contexto em Enfermagem, v. 21, n. 4, p. 912-920, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= S010407072012000400023&lng=pt>. Acesso em: 15 ago. 2017.

 

ROCHA, Letícia Braga et al. Aleitamento materno na primeira hora de vida: uma revisão da literatura. Revista de Medicina e Saúde de Brasília, v. 6, n. 3, 2018.

 

SILVA, C. F.; LEITE, A. J. M.; ALMEIDA, N. M. G. S.; LEON, A. C. M. P. OLOFIN, I. Fatores associados ao óbito neonatal de recém-nascidos de alto risco: estudo multicêntrico em Unidades Neonatais de Alto Risco no Nordeste brasileiro. Revista Caderno de Saúde Pública, v. 30, n. 2, p. 355-368, 2014.