INTRODUÇÃO
O papiloma vírus humano (HPV) é um vírus que atinge a pele e as mucosas, podendo causar verrugas ou lesões precursoras dos cânceres de colo de útero, ânus, vagina, vulva, pênis, entre outros. É transmitido através do contato, principalmente sexual, sendo considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST). A vacina contra o HPV é quadrivalente prevenindo contra a infecção pelos sorotipos virais 06, 11, 16 e 18 (BRASIL, 2014). O câncer de colo do útero é o terceiro mais incidente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama e do câncer colorretal (INCA, 2018). No Brasil, a vacinação é realizada por profissionais de enfermagem, no contexto da atenção primária à saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de forma gratuita. Em 2014, a população alvo da estratégia foram as meninas de 9 a 13 anos e, em 2017, ampliou-se para a faixa etária da meninas de 09 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos (BRASÍLIA, 2018). Tal ampliação visa aumentar ainda mais o espectro de prevenção contra o vírus e reduzir, futuramente, os agravos em decorrência da infecção pelo HPV. Dessa forma, é fundamental impulsionar ainda mais a cobertura vacinal, objetivando a maior proteção e prevenção contra o HPV, haja vista que os investimentos empregados na promoção da saúde são reduzidos quando em comparação com os gastos no tratamento de doenças.
OBJETIVO
Analisar a progressão histórica da vacinação contra HPV por Macrorregiões de Saúde no Estado do Ceará entre os anos de 2014 a 2018.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo transversal, com abordagem quantitativa. Dados secundários de domínio público foram coletados a partir da plataforma do Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Os dados sobre vacinação foram originários do Sistema de Informações de Assistência à Saúde, o qual utiliza como instrumento de análise, o número de doses aplicadas e a cobertura vacinal. Utilizou-se o programa Tabnet para a extração e tabulação de dados. Os dados coletados fazem referência ao número de doses aplicadas da vacina contra o HPV nas Macrorregiões de Saúde do Estado do Ceará, no período entre 2014 e 2018. Os dados foram organizados em planilhas do Microsoft Excel® e passaram por tratamento estatístico descritivo
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A regionalização da Saúde no Ceará está representada por 22 regiões de saúde. Os 184 municípios estão divididos nas 5 macrorregiões de saúde: Fortaleza, Sobral, Sertão Central, Litoral Leste/Jaguaribe e Cariri, onde se estrutura o Sistema Estadual de Saúde. A tabela seguinte foi originada dos dados extraídos do DATASUS.Quanto ao número de doses aplicadas em cada ano por macrorregião de saúde, tem-se que a macrorregião de Fortaleza possui o maior número total de doses aplicadas entre 2014 e 2018 (866.345 doses), seguida pelas regiões de Sobral (394.397 doses), Cariri (293.957 doses), Sertão Central (129.598 doses) e por último, Litoral Leste/ Jaguaribe (99.543 doses), como descrito na tabela acima. Pode-se explicar essas diferenças a julgar pelos contingentes populacionais dos municípios de cada região de saúde. Além disso, especula-se que o emprego de estratégias de educação em saúde esteja sendo implementado de maneira mais eficaz nas macrorregiões onde há o maior número de doses aplicadas. Observou-se também uma contínua e considerável redução no número de doses aplicadas quando comparados os anos de 2014 a 2016 em todos as regiões de saúde conforme mostra a tabela. Acredita-se que tal fato tenha ocorrido em virtude da especulação gerada, principalmente nas redes sociais, acerca dos efeitos colaterais que a vacina poderia causar, fato que assustou adolescentes e responsáveis, causando dúvidas quanto à segurança da vacina na população. No entanto, segundo o Ministério da Saúde, após investigação, nenhuma relação com uma etiologia orgânica foi comprovada, evidenciando a ocorrência de uma reação psicogênica em massa (BRASÍLIA, 2018). Em 2017, observa-se um aumento considerável no número de doses aplicadas, explicado frente ao início da introdução da vacinação em meninos entre 11 e 14 anos e ampliação da vacinação para meninas de 09 a 14 anos, sendo uma estratégia do Governo para destruir a cadeia de contaminação através do sexo masculino. Também foram contemplados como grupos prioritários, a população feminina e masculina de nove a 26 anos de idade vivendo com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea e pacientes oncológicos. Ademais, é possível averiguar frente a essa análise que, apesar do número de doses manter-se elevado até agosto de 2018, este não corresponde nem a metade das doses aplicadas no ano de 2017 em todas as regiões de saúde.
CONCLUSÃO
Através dos dados explanados percebe-se uma diminuição do número de doses aplicadas em dois períodos: 2014 a 2016 e 2017 até agosto de 2018. Portanto, se faz necessário investimento em divulgação da vacina e incentivos para a adesão da mesma pela população que está sob risco de desenvolver cânceres causados pelo HPV. Além disso, é de extrema importância que profissionais de enfermagem analisem, investiguem e compreendam a cobertura vacinal do seu local de atuação a partir de instrumentos como o DATASUS, sempre buscando gerir seus recursos de modo adequado e eficiente.