METODOLOGIAS E ESTRATÉGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM UTILIZADAS POR ENFERMEIROS TUTORES NO INTERNATO EM ENFERMAGEM

RAUL VICTOR PEIXOTO DE MENEZES

Co-autores: MARIA LUCILEIDE RIBEIRO BARROS, AMANDA OLIVEIRA BASTOS FERREIRA, BIANCA SOARES MONTEIRO e ANA PATRÍCIA PEREIRA MORAIS
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

INTRODUÇÃO

Com o advento da estruturação do Sistema Único de Saúde (SUS), a formação e a atuação de profissionais de saúde no Brasil passam por mudanças consideráveis que impactam diretamente na qualificação e na capacidade de resolução dos mesmos nas demandas e necessidades do setor a nível individual e coletivo. (MOREIRA; DIAS, 2015).

Para se adequar às novas demandas do sistema, foram lançadas em 2001, as Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação na área da saúde, como enfermagem, medicina e nutrição. Esse documento desencadeia as modificações nos processos formativos capacitando os novos profissionais da área a seguir o modelo preconizado. (BRASIL, 2001).

Nessa perspectiva, o currículo do curso de enfermagem insere a sua grade o estágio curricular supervisionado a ser realizado nos dois últimos semestres do curso como disciplina teórico-prática obrigatória. Essa é considerada uma conquista significativa, visto que aproxima os discentes das demandas de saúde da população e os capacitam na sua assistência voltada aos princípios do SUS.

A Universidade Estadual do Ceará (UECE), na intenção de alinhar a sua formação em enfermagem aos novos moldes, inseriu o estágio supervisionado ao seu currículo de graduação do curso. A instituição adota essa modalidade como internato em enfermagem, sendo a primeira do Norte e Nordeste a integra-la como disciplina obrigatória na matriz curricular. (UECE, 2014).

Durante o período do internato em enfermagem, o discente é acompanhado pelo enfermeiro tutor, representado por um profissional que exerce serviços na instituição considerada campo de estágio dessa modalidade. Essa figura possui sua importância na medida que irá mediar as ações do aluno no decorrer da sua permanência no setor, além de dar subsídios para sua formação e avaliar seu rendimento no campo.

OBJETIVO

Apontar as metodologias e estratégias de ensino-aprendizagem utilizadas por enfermeiros tutores nos campos de estágio do internato em enfermagem da UECE.   

METODOLOGIA

O presente estudo se trata de um recorte dos dados coletados no projeto de pesquisa intitulado Processo de Ensino-Aprendizagem no Internato de Enfermagem: Atuação de Enfermeiros Tutores que obteve parecer de aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da UECE, conforme n° 1.921.940.

Trata-se de uma pesquisa do tipo estudo de caso com abordagem qualitativa. Segundo Gil (2008, p. 57) esse tipo de estudo é uma investigação profunda e exaustiva de um ou poucos objetos, de forma a obter o conhecimento amplo e detalhado dos mesmos.

Teve como cenário os campos de estágio do internato em enfermagem do curso de graduação em enfermagem da UECE, constituídos por seis Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) e uma instituição hospitalar, com período de coleta de dados de março a junho de 2017.

Os sujeitos participantes foram compostos de 15 enfermeiros tutores que atuavam nas instituições consideradas campos de estágio do internato de enfermagem.

Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas utilizando roteiro com perguntas fechadas e previamente formuladas, gravadas em equipamento digital. Um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi assinado pelos entrevistados autorizando a realização da pesquisa com os mesmos.

Os achados foram analisados através da análise temática de conteúdo, no qual segundo Minayo (2014, p.303) consiste em um processo de categorização de texto, diminuindo a palavras e expressões significativas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Por meio da análise das entrevistas realizadas, pode-se identificar as estratégias de ensino-aprendizagem utilizadas pelos enfermeiros no processo formativo do internato em enfermagem, nas quais foram classificadas como: Transferência do conhecimento (aula expositiva), aula expositiva dialogada, avaliação, estudo de caso e leituras (estudo dirigido).

A estratégia de transferência do conhecimento constituiu-se predominante nesse processo, sendo utilizada como uma forma de os tutores conciliarem o internato com as atividades do serviço, resumindo-se a reprodução dos saberes técnicos e procedimentais dos profissionais, observação dos processos de trabalho e a prática dos procedimentos vivenciados na rotina do serviço, sem um planejamento específico para as ações de ensino-aprendizagem. A presença constante dessa estratégia foi determinante para identificar o uso de metodologias tradicionais no processo de formação do internato.

As estratégias voltadas para uma metodologia ativa de ensino como aula expositiva dialogada, avaliação, estudo de caso e indicação de leituras mostraram-se pouco frequentes no cotidiano do internato, sendo utilizado por um número diminuto de enfermeiros tutores, visto que no geral os mesmos desconheciam acerca das metodologias mais dinâmicas e construtivas, pois em sua maioria, relataram não serem preparados pedagogicamente para o ato de ensinar.

CONCLUSÃO

A construção do estudo possibilitou conhecer as metodologias e estratégias de ensino-aprendizagem utilizadas pelos enfermeiros nos campos de prática do internato em enfermagem, de acordo com a classificação realizada após a análise das informações coletadas. Dessa forma, pode-se expor as metodologias e estratégias predominantes no processo formativo do aluno nesse período.

Em sua maioria, foram observadas a predominância da utilização de metodologias tradicionais de ensino com a transferência do conhecimento por parte dos enfermeiros, a partir do repasse do seu conhecimento técnico-procedimental e da adequação à rotina do serviço. As estratégias consideradas metodologias ativas de ensino são pouco exploradas pelos profissionais em virtude do seu desconhecimento acerca das práticas e por considerarem não serem preparados para o exercício do ensino.

Além disso, a pesquisa mostra sua relevância na medida que expõe possíveis lacunas a serem resolvidas nessa ferramenta teórico-prática, buscando refletir acerca dos processos formativos e valorizar a modalidade de internato como um instrumento potencializador na formação em enfermagem.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução n°03, de 07 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Brasília, 2001.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec, 2014.

MOREIRA, C. O. F.; DIAS, M. S. A. Diretrizes curriculares na saúde e as mudanças nos modelos de saúde e de educação. ABCS Health Sci., v.40, n.3, p.300-305, 2015.

GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ. Manual do Internato em Enfermagem. Fortaleza: UECE, 2014.