CADERNETA EDUCATIVA PARA A HEMOVIGILÂNCIA DE PACIENTES TRANSFUNDIDOS AMBULATORIALMENTE
Jennipher Nikolly Amaral Silva 1
Alaíde Maria Rodrigues Pinheiro 2
Giovana Oliveira Souza Rodrigues 3
Raquel Sampaio Florêncio 4
EIXO 3: ENFERMAGEM EM SAÚDE DO ADULTO E SAÚDE DO IDOSO
RESUMO
A transfusão sanguínea é hoje uma importante terapia que salva vidas. No entanto, essa prática necessita ser monitorada desde o momento da solicitação e da administração até 24h depois, para que o processo ocorra de maneira segura e adequada. Para aumentar a segurança do paciente transfundido, foi objetivo deste estudo construir uma caderneta educativa com evidência de validade como subsídio para a hemovigilância de pacientes ambulatoriais. A construção do conteúdo foi realizado a partir de revisão de escopo somado a experiência advinda da vivência de uma das autoras para a construção da tecnologia. Após a primeira fase, a caderneta foi construída e enviada para especialistas avaliarem conteúdo, aparência e leiturabilidade. A tecnologia apresentou conteúdo válido, muito fácil e adequado para o público-alvo. As considerações de ajustes realizadas pelos avaliadores foram incorporadas ao instrumento que resultou numa versão final, que é composta por: capa; sumário; identificação do paciente e suas informações hospitalares importantes; transfusões realizadas; reações transfusionais identificadas; sinais e sintomas das complicações após transfusão sanguínea e orientações sobre como proceder; orientações para os profissionais de saúde; espaço de anotações destinado ao paciente e referências. A versão final foi apresentada ao fim do trabalho.
Palavras-chave: Profissional; Paciente; Hemovigilância.
1. Graduanda de Enfermagem/Universidade Estadual do Ceará
2. Mestre em Gestão em Saúde/Universidade Estadual do Ceará/Hematologista HEMOCE
3. Graduanda de Enfermagem/Universidade Estadual do Ceará
4. Doutora em Saúde Coletiva/Universidade Estadual do Ceará
E-mail do autor: jennipher.nikolly@aluno.uece.br
INTRODUÇÃO
Atualmente, a transfusão sanguínea é uma importante terapia que salva vidas. No entanto, essa prática necessita de uma monitorização desde o momento da solicitação e da administração até 24h depois, para que o processo ocorra de maneira segura e adequada. Esse é o papel da hemovigilância ditada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Para aumentar a segurança do paciente transfundido, mesmo que o procedimento seja realizado de modo ambulatorial, foi objetivo deste trabalho construir uma caderneta educativa com evidência de validade como subsídio para a hemovigilância de pacientes ambulatoriais.
MÉTODO
Trata-se de um estudo metodológico, pois visa investigar, organizar e analisar informações para a construção, validação e avaliação de instrumentos e técnicas de pesquisa, direcionado para o desenvolvimento de ferramentas específicas de coleta de dados objetivando melhorar a confiabilidade e validade desses instrumentos. A construção do instrumento em forma de caderneta com conteúdo composto de conhecimento científico, foi realizado a partir de revisão de escopo somado a experiência advinda da vivência de umas das autoras para a construção do instrumento. O desenvolvimento da caderneta seguiu as etapas recomendadas por Echer (2005) sendo submetido a um processo sistematizado de construção e validação, essas etapas foram: Primeira etapa: levantamento bibliográfico - revisão de escopo; Segunda etapa: elaboração da caderneta - roteiro e designer e Validação de conteúdo e aparência da caderneta. Após a construção de um protótipo, este foi validado por juízes especialistas e por usuários por meio de formulários validados: Instrumento de Validação de Conteúdo Educativo em Saúde (IVCES) e Instrumento de Validação de Aparência de Tecnologia Educacional em Saúde (IVATES) que foram aplicados após aceite de TCLE, sob o parecer de número 6.456.527, respeitando os aspectos éticos. Em seguida, foi avaliado o índice de legibilidade (IL), que se trata do grau de escolaridade necessário do leitor para que possa entender a escrita. Foi buscado para isso o Índice de leiturabilidade de Flesch (ILF).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao todo, foram 17 os juízes especialistas, sendo selecionados nove juízes especialistas na área, hematologistas, enfermeiros, bioquímico, alguns deles com função também de docente e uma com atuação na gestão de tecnologia da informação. Entre os profissionais que trabalhavam no serviço de assistência no ambulatório, oito colaboradores aceitaram participar da pesquisa após uma palestra sobre o tema do trabalho e sua importância. Dentre eles, uma médica, enfermeiras, técnico de enfermagem, técnico de laboratório e auxiliar de farmácia. No total, 17 especialistas avaliaram a caderneta, seguindo a recomendação de utilizar um número ímpar de participantes. Já em relação aos usuários, a maioria estava na faixa etária de 50 anos ou mais (7; 58,3%), com escolaridade no ensino fundamental incompleto (8; 66,6%), eram casados (5; 41,6%), com ocupação de agricultor (4; 33,3%). No que se refere à validade de conteúdo (obtido pelo IVCES), o índice de concordância total (ICt) dos especialistas foi de 92,5 e de 86,6 dos usuários. Em relação a avaliação da aparência, realizada pelo IVATES, o índice de validação de aparência (IVA) dos especialistas foi de 0,97, já dos usuários foi de 1,0. A partir desses valores, foi alcançado pontuação maior do que o exigido para considerar a Caderneta Transfusional válida. A tecnologia também foi avaliada pelo índice de Flesch (leiturabilidade) com pontuação de 91,01, sendo considerado muito fácil e adequado para o público-alvo. Após o processo de avaliação das evidências de validade, a caderneta passou por alterações, acatando as orientações dos juízes e as observações dos próprios usuários, objetivando torná-la acessível em sua versão final. Assim, a versão final foi composta pelas seguintes seções: capa; sumário; espaço para identificação do paciente; àrea destinada para informações hospitalares importantes do paciente; espaço para o registro das transfusões realizadas; reações transfusionais identificadas; sinais e sintomas de complicações após a hemotransfusão; como proceder diante de complicações; orientações aos profissionais de saúde; área de anotações destinada ao paciente e referências bibliográficas. Totalizando assim um total de 13 páginas e tamanho pequeno. As considerações de ajustes realizadas pelos avaliadores foram incorporadas ao instrumento que resultou numa versão final apresentada ao final do trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU CONCLUSÃO
Construiu-se uma caderneta que apresentou boa evidência de validade de conteúdo e aparências, tanto por especialistas quanto pelo público-alvo. Ademais, em relação a sua linguagem, estava de acordo com a escolaridade do público, facilitando assim a sua compreensão. Dessa maneira, espera-se que a Caderneta Transfusional sirva para melhorar a segurança do paciente transfundido, para identificar as reações transfusionais que possam ocorrer no domicílio, para ajudar o profissional que atende ao paciente com intercorrências nas urgências e ainda melhorar as notificações transfusionais às autoridades sanitárias.
REFERÊNCIAS
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