AUTOPERCEPÇÃO DE SAÚDE EM ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 E SUA RELAÇÃO COM A PRESENÇA DE FATORES SOCIOECONÔMICOS E CLÍNICOS

JULIANA MINEU PEREIRA MEDEIROS

Co-autores: JULIANA MINEU PEREIRA, NARIANE MONIQUE MENDES DE LIMA, REGINA CLÁUDIA MELO DODT, ANA CILÉIA PINTO TEIXEIRA HENRIQUES e DENIZIELLE DE JESUS MOREIRA MOURA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

AUTOPERCEPÇÃO DE SAÚDE EM ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 E SUA RELAÇÃO COM A PRESENÇA DE FATORES SOCIOECONÔMICOS E CLÍNICOS

JULIANA MINEU PEREIRA[1]

NARIANE MONIQUE MENDES DE LIMA[2]

REGINA CLÁUDIA MELO DODT[3]

ANA CILÉIA PINTO TEIXEIRA HENRIQUES[4]

DENIZIELLE DE JESUS MOREIRA MOURA[5]

INTRODUÇÃO: Segundo o Ministério da Saúde (2013) o diabetes mellitus ocasiona hiperglicemia em virtude de distúrbios no metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas advindo de alterações relacionadas à secreção e/ou da ação da insulina. Tem associação direta à dislipidemia, hipertensão arterial e disfunções endoteliais, no entanto, é possível o manejo precoce e adequado na Atenção Básica evitando internações ou óbito. Dentre as classificações do Diabetes, ressaltamos o diabetes mellitus tipo 1 (DM1), forma presente em 5% a 10% dos casos. No Brasil a taxa por 100 mil indivíduos com menos de 15 anos de idade é de 7,6 (BRASIL, 2013). Essa incidência aproxima-se de 0,5 casos novos para cada 100.000 habitantes ao ano, sendo a maior idade de ocorrência por volta da adolescência. Dados brasileiros mostram que as taxas de mortalidade por DM (por 100 mil habitantes) apresentam acentuado aumento com o progredir da idade, variando de 0,58 para a faixa etária de 0-29 anos até 181,1 em indivíduos acima de 60 anos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2014). OBJETIVO: Analisar a autopercepção de saúde em adolescentes com diabetes mellitus tipo 1 e sua relação com fatores socioeconômicos e clínicos. METODOLOGIA: Tratou-se de um estudo transversal, analítico com abordagem quantitativa. A população constou de adolescentes entre 10 a 19 anos assistidos em um centro de referência estadual para Diabetes e Hipertensão em Fortaleza-Ce, alcançando a amostra de 160 indivíduos. Utilizamos um formulário estruturado para coleta dos dados. Os dados obtidos foram utilizados para fins de estudo, sendo mantido à fidedignidade dos resultados, anonimato dos participantes e demais princípios da resolução 466/12 que regulamenta a pesquisa com seres humanos. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com o parecer favorável nº 573.760. RESULTADOS: Do total de entrevistados houve o predomínio do sexo feminino (92 adolescentes, 57,5%). A maioria dos participantes tinha idade entre 10 e 14 anos (101 pessoas, 63,12%), com uma média de 13,46 anos e desvio padrão (DP) = ±2,47. Identificamos baixo nível socioeconômico onde 61,2% dos entrevistados apresentam um ou menos de um salário mínimo como renda familiar. A renda familiar variou entre R$300 e R$20.000 e a renda per capta de R$75 e R$6.666, tendo a primeira uma média de R$1.244 e DP de±1.834,9 e a segunda com média de R$345,69. Ao serem questionados sobre a presença de complicações do DM, 114 adolescentes (71,3%) não tiveram nenhuma complicação. Apesar da cronicidade da doença, identificamos predomínio de autopercepção positiva (11% consideraram excelente saúde e 48% relataram ter boa saúde). Após a análise não foi encontrada associação estatística entre as variáveis socioeconômicas e a autopercepção da saúde. Ao correlacionarmos a autopercepção com as variáveis contínuas, identificamos correlação moderada na idade (,062), anos de estudo (,068) e frequência de monitorização da glicemia (,066). Identificamos correlação negativa entre a autopercepção e a renda percapta (-,166) e correlação fraca com o tempo de diagnóstico (,036).Constatamos a não associação estatística com as variáveis socioeconômicas predizendo supostamente por conta do apoio da instituição da pesquisa e o apoio de familiares e amigos. Houve correlações de significância quanto à autopercepção de saúde e complicações por DM1. CONCLUSÃO: Identificamos associação estatística no que diz respeito às complicações por DM1, denotando que estes indivíduos percebem isto como algo negativo em suas vidas, principalmente para aqueles que já sofreram por tais problemas. São escassos os estudos sobre autopercepção em adolescentes. No entanto, têm crescido os índices de diabetes mellitus tipo 1 nesta faixa etária. Daí a importância de conhecer a autopercepção de saúde, as condições de vida, condições econômicas e de suporte social destes indivíduos, para que se possa estar preparado para atender às demandas dessa parcela da população.

Descritores: Diabetes Mellitus; Enfermagem; Autopercepção.

Eixo: Enfermagem em Saúde da Criança e do Adolescente

REFERÊNCIAS:

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. - Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2013-2014/Sociedade Brasileira de Diabetes; [organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio]. - São Paulo: AC Farmacêutica, 2014.

 


[1] Enfermeira. Docente do curso profissionalizante Técnico de Enfermagem IASSOCIAL. Docente do curso de Especialização Técnica em Instrumentação Cirúrgica - IASSOCIAL. Docente preceptora de Semiologia do Cuidado em Enfermagem - FAMETRO. Membro do Grupo de Iniciação Científica em Diabetes - FAMETRO.

[2] Enfermeira. Membro do Grupo de Iniciação Científica em Diabetes - FAMETRO.

[3] Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará. Especialista em Educação Profissional na Área de Saúde Enfermagem pela ENSP / Fiocruz. Especialista em Enfermagem Obstétrica e Graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual do Ceará (1993). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Tecnologias na Promoção da Saúde da Criança e do Adolescente (FAMETRO). Atuação como Enfermeira Assistencial do Hospital Infantil Albert Sabin - HIAS /Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (SESA) e na Maternidade Escola Assis Chateaubriand - MEAC da Universidade Federal do Ceará (UFC). Docente Adjunto da Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza - FAMETRO. Membro do Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde do HIAS/SESA.

[4] Enfermeira graduada pela Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza (2010). Doutoranda em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde/PPCCLIS/ UECE (2014-). Mestre em Saúde Pública/Faculdade de Medicina/UFC (2012). Docente da Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza-FAMETRO. Tutora de pesquisa do curso de Ciências Biológicas a distância- UECE/UAB.

[5] Enfermeira pela Universidade Estadual do Ceará (2004) e mestrado em Cuidados Clinicos em Saúde pela Universidade Estadual do Ceará (2010). Atualmente é enfermeira da Estratégia de Saúde da Família de Fortaleza. Docente Adjunto da Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza - FAMETRO. Orientadora.

 

 

INTRODUÇÃO: Segundo o Ministério da Saúde (2013) o diabetes mellitus ocasiona hiperglicemia em virtude de distúrbios no metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas advindo de alterações relacionadas à secreção e/ou da ação da insulina. Tem associação direta à dislipidemia, hipertensão arterial e disfunções endoteliais, no entanto, é possível o manejo precoce e adequado na Atenção Básica evitando internações ou óbito. Dentre as classificações do Diabetes, ressaltamos o diabetes mellitus tipo 1 (DM1), forma presente em 5% a 10% dos casos. No Brasil a taxa por 100 mil indivíduos com menos de 15 anos de idade é de 7,6 (BRASIL, 2013). Essa incidência aproxima-se de 0,5 casos novos para cada 100.000 habitantes ao ano, sendo a maior idade de ocorrência por volta da adolescência. Dados brasileiros mostram que as taxas de mortalidade por DM (por 100 mil habitantes) apresentam acentuado aumento com o progredir da idade, variando de 0,58 para a faixa etária de 0-29 anos até 181,1 em indivíduos acima de 60 anos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2014). OBJETIVO: Analisar a autopercepção de saúde em adolescentes com diabetes mellitus tipo 1 e sua relação com fatores socioeconômicos e clínicos. METODOLOGIA: Tratou-se de um estudo transversal, analítico com abordagem quantitativa. A população constou de adolescentes entre 10 a 19 anos assistidos em um centro de referência estadual para Diabetes e Hipertensão em Fortaleza-Ce, alcançando a amostra de 160 indivíduos. Utilizamos um formulário estruturado para coleta dos dados. Os dados obtidos foram utilizados para fins de estudo, sendo mantido à fidedignidade dos resultados, anonimato dos participantes e demais princípios da resolução 466/12 que regulamenta a pesquisa com seres humanos. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com o parecer favorável nº 573.760. RESULTADOS: Do total de entrevistados houve o predomínio do sexo feminino (92 adolescentes, 57,5%). A maioria dos participantes tinha idade entre 10 e 14 anos (101 pessoas, 63,12%), com uma média de 13,46 anos e desvio padrão (DP) = ±2,47. Identificamos baixo nível socioeconômico onde 61,2% dos entrevistados apresentam um ou menos de um salário mínimo como renda familiar. A renda familiar variou entre R$300 e R$20.000 e a renda per capta de R$75 e R$6.666, tendo a primeira uma média de R$1.244 e DP de±1.834,9 e a segunda com média de R$345,69. Ao serem questionados sobre a presença de complicações do DM, 114 adolescentes (71,3%) não tiveram nenhuma complicação. Apesar da cronicidade da doença, identificamos predomínio de autopercepção positiva (11% consideraram excelente saúde e 48% relataram ter boa saúde). Após a análise não foi encontrada associação estatística entre as variáveis socioeconômicas e a autopercepção da saúde. Ao correlacionarmos a autopercepção com as variáveis contínuas, identificamos correlação moderada na idade (,062), anos de estudo (,068) e frequência de monitorização da glicemia (,066). Identificamos correlação negativa entre a autopercepção e a renda percapta (-,166) e correlação fraca com o tempo de diagnóstico (,036).Constatamos a não associação estatística com as variáveis socioeconômicas predizendo supostamente por conta do apoio da instituição da pesquisa e o apoio de familiares e amigos. Houve correlações de significância quanto à autopercepção de saúde e complicações por DM1. CONCLUSÃO: Identificamos associação estatística no que diz respeito às complicações por DM1, denotando que estes indivíduos percebem isto como algo negativo em suas vidas, principalmente para aqueles que já sofreram por tais problemas. São escassos os estudos sobre autopercepção em adolescentes. No entanto, têm crescido os índices de diabetes mellitus tipo 1 nesta faixa etária. Daí a importância de conhecer a autopercepção de saúde, as condições de vida, condições econômicas e de suporte social destes indivíduos, para que se possa estar preparado para atender às demandas dessa parcela da população.

Descritores: Diabetes Mellitus; Enfermagem; Autopercepção.

REFERÊNCIAS:

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. - Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2013-2014/Sociedade Brasileira de Diabetes; [organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio]. - São Paulo: AC Farmacêutica, 2014.