A trajetória de vida de Maria Grasiela Barroso confunde-se com a história da Enfermagem, pois, de maneira ímpar, ela atuou plenamente para o crescimento e desenvolvimento da profissão, sendo considerado um símbolo de enfermeira, professora, e, principalmente, de pessoa humana. Maria Grasiela foi uma estudiosa em educação, fundou o curso de graduação em enfermagem na Universidade Federal do Ceará (UFC), se tornou Professor Emérito da UFC. Publicou livros e inúmeros trabalhos que são de extrema relevância para o aprendizado dos atuas acadêmicos de enfermagem e enfermeiros. Grasiela entendia que era preciso preocupar-se com a integralidade no cuidado de pessoas, tendo o usuário como sujeito, articulado ao seu contexto familiar, ao meio ambiente e a sociedade na qual se insere. Sujeito esse que deve ser respeitado, valorizado e inserido no processo de cuidado. Ensinou que não se é possível desconsiderar as crenças ou o conhecimento popular, que o paciente não pode ser caracterizado apenas pela sua enfermidade e sim pela sua singularidade. Neste cenário se evidencia a importância das ações de educação em saúde como estratégia de integrar o saber popular com o saber científico. Integrando também o saber de enfermeira com o saber de educadora. Neste contexto, a pesquisa teve como objetivo registrar a história de vida da enfermeira doutora Maria Grasiela Teixeira Barroso e sua contribuição ao crescimento e desenvolvimento na formação dos atuais acadêmicos de enfermagem e enfermeiros. O estudo trata-se de uma revisão integrativa, foram usados como fonte para essa pesquisa artigos publicados sobre a Dr.ª Maria Grasiela, base de informações do Sistema de Currículos lattes e depoimentos tanto extraídos de literatura anteriormente publicada, não levando em consideração nenhum recorte temporal na apuração destes trabalhos. Os descritores utilizados para a pesquisa foram Maria Grasiela Barroso, Educação em saúde e Humanização da enfermagem. Informações encontradas em sites ou artigos sem referencial teórico confiável foram desconsideradas. Maria Grasiela Nepomuceno Teixeira, nascida em Palmácea, interior do Ceará, no sexto dia do mês de maio do ano de 1926, foi membro de uma grande família para os padrões atuais, esta continha oito irmãos. Cresceu e foi alfabetizada em sua cidade natal, acompanhada por uma professora particular. Em 1946, ela muda-se para Fortaleza com o intuito de aprofundar seus estudos. Foi excelente aluna dos colégios Instituto Nossa Senhora Auxiliadora e Juvenal de Carvalho, recebendo ao fim do curso o diploma de professora primária. Durante o período de 1956 a 1959, Grasiela frequentou o curso de graduação na Escola de Enfermagem São de Vicente de Paulo, atualmente Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Em março de 1959, graduou-se e passou a integrar o quadro de professores da Escola de Enfermagem São de Vicente de Paulo, lecionando as disciplinas Enfermagem em Saúde Pública, Enfermagem Pediátrica, Enfermagem em Clínica Médica, Dietética Infantil, Economia Hospitalar, Saneamento, Problemática de Enfermagem e Ética Profissional. Grasiela tinha uma grande relação com o processo educativo. Acreditava que esse deveria ser feito de maneira cuidadosa, para a formação de profissionais éticos e bem preparados. Produziu inúmeras obras que traziam o processo de aprendizagem bem realizado como peça fundamental para a enfermagem. Dentre seus trabalhos, Maria Grasiela ressaltava a influencia das ideias de Paulo Freire para uma enfermagem crítica e inovadora. Considerado um dos pensadores mais notáveis na história da Pedagogia mundial, Paulo Freire influenciou o movimento chamado pedagogia crítica. A sua prática didática fundamentava-se na crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade. Professora Grasiela evidencia em seus estudos a importância dos cuidados com a educação, propondo a humanização das relações e a libertação dos homens. Explicava que, o ser humano, revestido de sua multidimensionalidade, apresenta-se como um ser complexo. Na sua evolução histórica, está presente o conhecimento, o qual, na maioria das vezes, é fragmentado por disciplinas e não é visível a sua recomposição. Preocupava-se com o paradigma atual que carrega as marcas dessa fragmentação, inclusive no conhecimento científico e na educação. Acreditava necessário discutir a importância da reflexão de uma prática educativa consciente e crítica para o futuro e que era fundamental que a educação se ocupe em conhecer o que é conhecer, que não seja uma educação fragmentada, e que retome a unidade do ser humano e resolva também problemas imprevistos. Professora Maria Grasiela Barroso enriqueceu a literatura da enfermagem, trazendo para os atuais profissionais uma metodologia inovadora. Estimulou a horizontalidade entre enfermeiros e pacientes, e a relevância de uma enfermagem humanizada, consciente e crítica, que valoriza o sujeito a ser cuidado e a sua profissão, buscando a ciência e o conhecimento como aliados para uma assistência digna e comprometida.