INTRODUÇÃO: Estudar o fenômeno da maternidade entre mulheres privadas de liberdade reveste-se de extrema importância, uma vez que esta pode ser considerada vulnerável para a adoção do papel maternal. Além disso, compreender este fenômeno sob a óptica do enfermeiro pode prover um campo de saberes e práticas diferenciados na assistência e cuidado a estas mulheres, caracterizando este profissional como agente facilitador neste contexto particular de maternidade. OBJETIVO: Analisar a produção científica sobre a adoção do papel materno por mulheres privadas de liberdade e sua interface com os cuidados de enfermagem. MÉTODOS: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada em janeiro de 2015, segundo a técnica proposta por Ganong (1987). Adotou-se como pergunta norteadora: Como se configura a adoção do papel maternal por mulheres privadas de liberdade e sua interface com os cuidados de enfermagem? O levantamento dos artigos foi realizado nas bases de dados Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); Base de dados em Enfermagem (BDENF); Medline; Cumulative Index to Nursing & Allied Health Literature (CINAHL), Web of Science e PsycINFO, utilizando-se os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subjects Healding (MeSH): women; pregnancy; pregnant women; mothers; mother-child relations; prisons; prisoners; nursing e nursing care. Foram incluídos artigos originais, de revisão, de reflexão teórica e relatos de experiência; disponíveis na íntegra; em língua portuguesa, inglesa, espanhola e francesa; e publicados no recorte temporal dos últimos dez anos (2005-2014). Excluíram-se estudos em duplicidade, teses, dissertações e artigos que não se adequaram à questão norteadora. Dos 346 artigos encontrados, foram selecionados 31 para compor a amostra. Após a análise da mesma, emergiram como categorias: Categoria 1: "Quem são essas mulheres aprisionadas e seus filhos?"; Categoria 2: "Atenção à saúde materno-infantil no contexto da privação de liberdade"; e Categoria 3: "Maternidade e adoção do papel maternal no contexto da privação de liberdade". Neste resumo, será apresentada a subcategoria: "Papel do enfermeiro na adoção do papel materno por mulheres detentas", componente da categoria 3. RESULTADOS: Apenas três estudos trouxeram o papel do enfermeiro no contexto da adoção do papel materno por mães detentas. Rosinski et al. (2006) traz a atuação do enfermeiro de forma implícita, quando relata as intervenções realizadas às mães e filhos em um presídio feminino. Os autores identificaram as necessidades relacionadas à inabilidade ou insegurança no manejo diário das necessidades dos neonatos bem como o risco de desmame precoce, por meio da Teoria Geral de Enfermagem de Orem. Realizaram-se intervenções de enfermagem a fim de solucionar os problemas identificados, sugerindo que tais ações podem ter ajudado as mães a se sentirem mais seguras, aumentando a autopercepção da eficácia materna e facilitando o desempenho do papel. A reflexão crítica de Cardaci (2011), retoma a importância dos Nursery Programs encabeçados por enfermeiros, os quais tem se mostrado efetivos na redução substancial das reincidências das mães, além de favorecer uma forte e segura ligação entre a mãe e o bebê. Somente o estudo de Chambers (2009) descreve detalhadamente a contribuição do enfermeiro no processo de adoção do papel materno no contexto do cárcere, afirmando que esses profissionais podem utilizar os achados dos estudos para identificar as necessidades das gestantes detentas e melhor avaliar os seus mecanismos de enfrentamento; identificar as mães com risco para uma ligação/apego disfuncional; encorajar e dar suporte ao aleitamento materno e armazenamento deste leite; e implementar planos especiais para as mães que ganharem a liberdade com vistas a reunir a família e prover uma rede social de apoio de qualidade. CONCLUSÕES: Evidencia-se o lapso científico relacionado à temática proposta nesta revisão integrativa, o que traduz a necessidade de pesquisas voltadas para o complexo fenômeno da maternidade no cárcere, sob os aspectos quali- e quantitativos e lideradas por enfermeiros, para que estes possam explorar as possibilidades de assistência no ambiente das prisões e desenvolver práticas de cuidado voltadas às especificidades tanto de gestantes/mães detentas quanto de seus filhos. REFERÊNCIAS: CARDACI, R. Care of pregnant women in the criminal justice system. Am. J. Nurs., v. 113, n. 9, p. 40-48, 2013. CHAMBERS, A. N. Impact of forced separation policy on incarcerated postpartum mothers. Policy Polit. Nurs. Pract., v. 10, n. 3, p. 204-211, 2009. GANONG, L. H. Integrative reviews of nursing research. Research in Nursing and Health, v. 10, p. 1-11, 1987. ROSINSKI, T. C. et al. Nascimento atrás das grades: uma prática de cuidado direcionada a gestantes, puérperas e recém-nascidos em privação de liberdade. Cienc. Cuid. Saude, v. 5, n. 2, p. 212-219, 2006.