O PAPEL DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO À SAÚDE MATERNO-INFANTIL NO CONTEXTO DA PRIVAÇÃO DE LIBERDADE

RAISSA EMANUELLE MEDEIROS SOUTO

Co-autores: ALBERTINA ANTONIELLY SYDNEY DE SOUSA, RAÍSSA EMANUELLE MEDEIROS SOUTO, ERYJOSY MARCULINO GUERREIRO BARBOSA e DAFNE PAIVA RODRIGUES
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

INTRODUÇÃO: A mulher encarcerada é considerada em situação de vulnerabilidade, a qual pode ser intensificada quando a mesma se encontra gestante ou convive com o filho na prisão. O ambiente prisional muitas vezes não oferece atenção à saúde adequada, o que pode influenciar negativamente na saúde materna e infantil. Neste cenário, o enfermeiro assume papel primordial uma vez que pode prover uma assistência à saúde direcionada às necessidades da mãe e de seu filho.  OBJETIVO: Analisar a produção científica sobre a interface dos cuidados de enfermagem e a adoção do papel materno por mulheres privadas de liberdade. MÉTODOS: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada em janeiro de 2015, segundo a técnica proposta por Ganong (1987). Adotou-se como pergunta norteadora: Como se configura a adoção do papel maternal por mulheres privadas de liberdade e sua interface com os cuidados de enfermagem? O levantamento dos artigos foi realizado nas bases de dados Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); Base de dados em Enfermagem (BDENF); Medline; Cumulative Index to Nursing & Allied Health Literature (CINAHL), Web of Science e PsycINFO, utilizando-se os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subjects Healding (MeSH): women; pregnancy; pregnant women; mothers; mother-child relations; prisons; prisoners; nursing e nursing care. Foram incluídos artigos originais, de revisão, de reflexão teórica e relatos de experiência; disponíveis na íntegra; em língua portuguesa, inglesa, espanhola e francesa; e publicados no recorte temporal dos últimos dez anos (2005-2014). Excluíram-se estudos em duplicidade, teses, dissertações e artigos que não se adequaram à questão norteadora. Dos 346 artigos encontrados, foram selecionados 31 para compor a amostra. Após a análise da mesma, emergiram como categorias: Categoria 1: "Quem são essas mulheres aprisionadas e seus filhos?"; Categoria 2: "Atenção à saúde materno-infantil no contexto da privação de liberdade"; e Categoria 3: "Maternidade e adoção do papel maternal no contexto da privação de liberdade". Neste resumo, será apresentada a subcategoria: "Entre o cuidado e o (des)cuidado, onde está o enfermeiro?", componente da categoria 2. RESULTADOS: Fochi; Silva; Lopes (2014) e Marshal (2010) citam o enfermeiro como condutor do cuidado às gestantes encarceradas por meio das consultas de pré-natal realizadas nos serviços da rede de cuidados à saúde; além de ser fonte de apoio social no parto (Clarke; Adashi, 2011). Rosinski et al. (2006) descrevem a atuação do enfermeiro por meio do desenvolvimento de uma prática de cuidado direcionada a gestantes, puérperas e neonatos em privação de liberdade, orientada pela Teoria Geral de Enfermagem de Orem, mostrando que a aplicação do processo de enfermagem a estes sujeitos refletiu em um cuidado diferenciado. Cardaci (2013) enfatiza o papel do enfermeiro como protagonista do cuidado, contribuindo para um ciclo gravídico-puerperal saudável para mãe e filho e estimulando a ligação entre ambos. Sutherland (2013) e Chambers (2009) complementam que os enfermeiros do sistema prisional devem ser sensíveis às necessidades especiais das gestantes encarceradas e advogar em seu favor, contribuindo para a criação de políticas que cuidem das gestantes sob a perspectiva da saúde, melhorando o acesso aos serviços nas prisões. CONCLUSÕES: Percebe-se que há lacunas consideráveis na área de cuidados de enfermagem à gestante encarcerada, pois para muitos enfermeiros, esta população ainda é invisível. A Enfermagem se beneficiaria muito com a investigação acerca das experiências dessas mulheres e das intervenções que têm sido mais eficazes na satisfação de suas necessidades, criando o novo campo de atuação das práticas clínicas e aumentando sua visibilidade neste cenário. REFERÊNCIAS: CARDACI, R. Care of pregnant women in the criminal justice system. Am. J. Nurs., v. 113, n. 9, p. 40-48, 2013. CHAMBERS, A. N. Impact of forced separation policy on incarcerated postpartum mothers. Policy Polit. Nurs. Pract., v. 10, n. 3, p. 204-211, 2009. CLARKE, J. G.; ADASHI, E. Y. Perinatal care for incarcerated patients: a 25-year-old woman pregnant in jail. JAMA, v. 305, n. 9, p. 923-929, 2011. FOCHI, M. C. S.; SILVA, A. R. C.; LOPES, M. H. B. M.. Pré-natal em unidade básica de saúde a gestantes em situação prisional. Rev. Rene, v. 15, n. 2, p. 371-377, 2014. GANONG, L. H. Integrative reviews of nursing research. Research in Nursing and Health, v. 10, p. 1-11, 1987. ROSINSKI, T. C. et al. Nascimento atrás das grades: uma prática de cuidado direcionada a gestantes, puérperas e recém-nascidos em privação de liberdade. Cienc. Cuid. Saude, v. 5, n. 2, p. 212-219, 2006. MARSHALL, D. Birth Companions: working with women in prison giving birth. BJM, v. 18, n. 4, p. 225-228, 2010. SUTHERLAND, M. A. Incarceration during pregnancy: implications for women, newborns and health care providers. Nurs. Womens Health, v. 17, n. 3, p. 226-230, 2013.