Esse trabalho tem por objetivo apontar as práticas de cura da varíola na Parahyba oitocentista, analisando como a doença foi sendo apropriada e politizada nos discursos médicos-científicos. Nesse sentindo, entendemos a doença não só como um fenômeno natural, mas também como uma construção social, cultural e política. As pesquisas nos Relatórios dos Presidentes de Províncias, documentos da Santa Casa da Misericórdia e dos jornais que circulavam a época, nos mostram que, ao longo do século XIX, havia uma preocupação, por parte das autoridades locais, em conter o avanço da bexiga, como era mais conhecida a varíola, que se alastrava pela província. As pessoas recorriam a práticas de curas tidas como tradicionais, a exemplo da benzedura, dos chás, fumo de corda com aguardente (para passar nas bexigas), entre outras, mesmo a vacina já sendo conhecida na Parahyba desde 1805.