Como um pequeno Reino da Península Ibérica conseguiu estabelecer um Império Ultramarino? Um dos percursos de pesquisa para compreender isso reside na preponderância do serviço das armas. Esse serviço que esteve ligado tanto no Reino quanto no ultramar a concessões régias de mercês, honras, distinções e privilégios foi essencial para a sustentação da monarquia portuguesa de além-mar. Dessa forma, esse artigo tem como intento compreender a organização e importância do serviço de armas na América Portuguesa. Ponto de partida para um entendimento mais aprofundado acerca da implementação dos Terços de Homens Pretos e Pardos (ressaltando que também havia o de brancos) na Parahyba, que é o objeto da pesquisa. Na influência da História Social Inglesa Thompsoniana o protagonismo é dos homens pretos e pardos componentes desses Terços, no sentido de compreender suas experiências e o que motivava ou desmotivava o engajamento militar. A partir de pesquisa bibliográfica, percebe-se, por exemplo, o dinamismo das motivações para o engajamento. De acordo com Kalina V. Silva, inicialmente, no século XVII, eram aceitos homens escravizados e as organizações de homens pretos ainda não institucionalizadas serviam de estratégia para conseguir a liberdade, com a institucionalização, em 1766, somente homens livres (via de regra) eram aceitos. As fontes documentais provenientes do Acervo Histórico Waldemar Bispo Duarte e organizadas em um banco de dados, demonstram, por outro lado, os aspectos desmotivadores para o engajamento: a falta de recursos nos Terços e o impedimento que os mesmos significavam ao trabalho remunerado, visto que o engajamento era um serviço voluntário.