A história recente do Brasil republicano nos insere como testemunhas do processo de ruptura/violação da nossa frágil e jovem democracia e apontando para uma recorrência cíclica em que se alternam experiências autoritárias e democráticas. Pouco mais de um ano de consolidação do golpe de Estado de 2016, é possível compreender e/ou vislumbrar mais evidentemente as reais intenções do impedimento que atuou como refreio ao considerável avanço das conquistas sociais e fortalecimento de algumas instituições. Destarte, o enfrentamento e a superação do trauma se tornam imperativos à manutenção do compromisso democrático e legal, assim como, na construção de um movimento de resistência que evoca uma militância inventiva para novos enfrentamentos. A Nova Histórica Política ao dialogar outras áreas das Ciências Sociais nos possibilita um alargamento dos recursos analíticos para a construção da historiografia. O uso da autobiografia como forma de acesso à memória, a contribuição da história oral como metodologia, o estudo de gênero e o ativismo para além da militância estritamente política são interfaces deste estudo que traz Albertina Rodrigues como agente político-cultural transformador com um alcance ainda não analisado, bem como contextualizar as marcas na trajetória, na memória e na vida de um dos atores sociais que vivenciaram essa experiência durante vinte e um anos da ditadura no Brasil.