O presente trabalho é parte integrante das pesquisas que vem sendo realizadas no programa de pós graduação em História Regional e Local da Universidade do Estado da Bahia e que tem por objetivo analisar a memória de mulheres baianas na ditadura militar. Contudo, esta comunicação se pautará na análise de algumas entrevistas e no cruzamento com fontes bibliográficas que trouxeram inúmeras problematizações na relação entre a Ditadura que se instaurou no Brasil entre 1964 e 1985 e as relações de gênero dentro dos movimentos sociais e de esquerda do período. Apesar dos inúmeros movimentos e partidos que buscavam uma nova saída para a conjuntura militar, as mulheres não eram vistas como entes politicas- transformadoras, fazendo com que não alcançassem cargos de destaque em partidos políticos. Além disso, questões morais da época também faziam parte do cotidiano das mulheres que ousaram se envolver com politica e a luta social. Nessa perspectiva, a igreja, o casamento e a família são pontos que fizeram parte da formação social da época e que levavam os atos das mulheres a uma série de julgamentos. No que tange a participação das mulheres baianas na ditadura militar, inúmeras foram estas que não apenas no Estado da Bahia tiveram seus nomes relacionados a inquéritos policiais a partir de envolvimentos com a subversão. Nos ultimas décadas muitos estudos vem apresentando a história de muitas mulheres, suas memórias ações e vivências no período, onde o grande problema muitas vezes está no encontro com as fontes. Além disso, por mais que houvera resistência de muitas mulheres ao período, e que se dê o devido espaço, muitas mulheres preferem o anonimato, principalmente pelos traumas e exposições causados pela tortura (Colling, 1997). Na relação entre história/ memória, é também trabalho do historiador ficar atento a subjetividade e os problemas em torno de sua utilização. Dessa forma, a mulher aqui apresentada se envolve com o Comitê da Anistia após o fim de seu casamento, passando a lutar pelos presos políticos e pela sua irmã militante na Guerrilha do Araguaia. Além disso, o fato de estar relacionada ao casamento não fora um fator preponderante para todas as mulheres pudessem ingressar na militância, porém, neste caso específico, esta mulher casa aos 16 anos e esta inserida em uma sociedade brasileira machista e voltada para a cultura familiar.