As pesquisas sobre a ditadura civil-militar iniciada em 31 de março de 1964 apresentam cada vez mais novas reflexões. Aos militares golpistas havia necessidade de fazer uma "limpeza" interna na corporação, ou seja, as fileiras das Forças Armadas sentiram as perseguições e expulsões da ditadura. Amparando-se nessa discussão, este resumo tem o objetivo de discutir e apresentar o Processo 164 do Arquivo Brasil Nunca Mais, cuja documentação abarda o "movimento dos sargentos" na Base Aérea de Fortaleza, ocorrido em 1 de abril de 1964. Neste dia os sargentos organizaram-se em tropa e marcharam até a sede do comando do quartel para demonstrar o posicionamento da categoria acerca da manutenção e da constitucionalidade do Presidente João Goulart, mas dias depois muitos foram presos. No inquérito instaurado e nas entrevistas realizadas foi possível detectar culturas políticas entre os sargentos que se identificavam com os anseios populares dos anos 1960. Nas entrevistas e no processo foi possível notar também as perseguições realizadas pela Justiça Militar, objetivando punir sem julgamento prévio. O Inquérito Policial Militar (IPM) na Aeronáutica cearense era permeado de contradições, demonstrando as características do regime opressor que expulsou todos envolvidos sem julgamento formal, somente a partir da anistia de 2002 tiveram seus direitos restabelecidos.