AS DUAS FACES DE JACOB RABBI: A QUESTÃO JUDAICA E A PRODUAÇÃO DA NAÇÃO

DOUGLAS ANDRÉ GONÇALVES CAVALHEIRO

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

O historiador e antropólogo, Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) foi um intelectual potiguar de projeção nacional, apesar de viver distante dos grandes centros urbanos do Brasil. O estudo sobre a constituição cultural brasileira encontra-se âmago da sua extensa obra. Durante a década de 30, Cascudo ingressou na Ação Integralista Brasileira (AIB), organização de conservadorismo tradicionalista cuja finalidade era preservar a unidade nacional diante da ameaça do comunismo. A partir dos escritos da fase integralista (1933-1937) é possível notar um esforço de Cascudo em construir um discurso de unidade nacional, na qual os judeus constituiriam um problema: A Questão judaica. Centrando na figura de Jacob Rabbi, judeu que possui destaque nos textos sobre a história do Brasil e do Rio Grande do norte produzidos nesse período, Cascudo constrói esse personagem de duas maneiras distintas a partir de sua maior inserção no movimento integralista. Analisando os livros, A Casa de Cunhaú (1934) e O Brasão Holandês no Rio Grande do Norte (1936), observamos que Cascudo altera o tratamento ao personagem e reconfigura o grau de responsabilidade deste nas ações que ocasionaram nos Massacres de Cunhaú e Uruaçu. No primeiro momento, na Casa de Cunhaú, Cascudo relata a função de Jacob Rabbi como um personagem secundário, na qual apenas obedecia a ordem dos diretores holandeses. No segundo momento, Cascudo imputa a Rabbi a função de cérebro das matanças de Cunhaú. Essa alteração na abordagem do personagem Jacob Rabbi nos escritos integralistas de Cascudo, nos permite trabalhar o problema de constituir da relação entre os intelectuais e a produção da Nação.