O presente texto é resultado de uma pesquisa que trata das disputas políticas e os dissensos ocorridos no Piauí durante o Regime Autoritário Civil-Militar, na década de 1970, entre membros do partido político da Aliança Renovadora Nacional - ARENA - em um contexto histórico cuja postura do comando militar que controlava o Brasil combatia e proibia qualquer manifestação pública que contestasse a harmonia apresentada à sociedade pelo Regime, seja em qualquer esfera social, sobretudo referente a divergências políticas no partido político que dava sustentação ao governo. Isso é trabalhado a partir da através da análise das matérias contidas em um jornal de circulação local denominado "A Hora". O texto discute como o referido jornal assumiu a postura crítica em relação ao mandato de Alberto Tavares Silva - governador do Estado (1971-1975) - em meio a uma guerrilha discursiva entre este gestor público - eminente representante da ARENA II - e os membros da ARENA I - liderada pelo então senador Petrônio Portella Nunes. Estas denominações eram estabelecidas pelos próprios membros deste partido político para definir os aliados políticos do então governador, categorizados como ARENA II - e os aliados políticos do senador Petrônio Portella, classificados como integrantes da ARENA I. Esta divisão interna expressava bem o que o Regime Ditatorial implantado no país queria ocultar: as fraturas internas existentes entre os membros do Partido Político que era o principal alicerce do governo militar. Esta guerrilha discursiva era manifestada pela imprensa escrita no período, cuja conduta procurava manter-se em sintonia com os ditames do modelo político vigente no país, embora não conseguisse suplantar as arestas e tensões existentes no cenário piauiense, aliás, como ocorre na estreita relação entre a história da imprensa e a história do país. Para tanto, a pesquisa recorreu à análise dos exemplares do citado periódico como fonte da pesquisa histórica, mediante as interlocuções estabelecidas com os estudos de Ana Luiza Martins e Tânia Regina de Luca, Alzira Alves de Abreu e Maria José de Rezende.