A ARTE E O CORPO NO ENSINO DE FILOSOFIA

LUCAS OLIVEIRA DE LACERDA

Co-autores: BRUNA NOGUEIRA FERREIRA DE SOUSA
Tipo de Apresentação: Relato de Experiência

Resumo

Na Universidade Federal do Ceará, a artistagem é um novo modo de avaliação que vem sendo experimentado em algumas disciplinas ministradas pela Prof.ª Dr.ª Ada Kroef, docente das disciplinas obrigatórias de "Capacitação para o ensino de filosofia" e "Estágio" do curso de Licenciatura em Filosofia, a qual participei como monitor a partir do PID - Programa de Iniciação à Docência, que me possibilitou a oportunidade de conhecer outros modos de avaliação e didática que fugissem do modelo tradicional de ensino de filosofia, sendo assim, comecei a inserir a artistagem em minhas aulas de filosofia para o ensino médio, durante minha experiência como bolsista no PIBID - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência em 2017. Artistagem é um conceito criado por Sandra Corazza para se referir, ao mesmo tempo, a uma estética, uma ética e uma política a se inventar; trata-se de fazer arte sem ser artista, uma prática que procura "o não-sabido, o não-olhado, o não-pensado, o não-sentido, o não-dito" (CORAZZA, 2002, p. 15), ou seja, a artistagem é uma experimentação artística e filosófica que pode ser realizada por qualquer pessoa (alunos, artistas, filósofos, etc.) e que busca o não-pensado do pensamento. Para Deleuze e Guattari, os autores que trabalhei durante a monitoria PID e as experiências com artistagens no PIBID, são filósofos da diferença que pensam uma horizontalidade entre ciência, arte e filosofia, denominada por eles de três caóides, pois estão em relação com o caos. Para eles, as três caóides (ciência, arte e filosofia) pensam, ou seja, eles retiram o primado do pensamento do campo da filosofia, e afirmam ser ele também do campo da arte e da ciência, sendo o pensamento um só, mas expresso em três modos diferentes que são a ciência, a arte e a filosofia, três caóides, três modos diferentes de pensar e de se relacionar com o caos. Neste sentido, a artistagem estabelece uma aliança conceitual e sensível entre a filosofia e arte, propondo aos estudantes que experimentem no corpo, nas sensações, um conceito até então experimentado apenas na mente, e nas ideias. Os resultados das aplicações da artistagem em experiências de avaliações e didáticas, que serão apresentadas na comunicação, vem se tornando bastante satisfatórias, uma vez que agrega ao estudante uma nova possibilidade de obter o conhecimento do conceito, não apenas pelo exercício mental do pensamento, mas também pelo exercício corporal, que do ponto de vista de Deleuze e Guattari, também é pensamento. Dessa maneira, a artistagem vem se tornando uma questão para o ensino de filosofia, enquanto uma possibilidade de ensino e aprendizagem que conecte a filosofia com a arte com vistas ao acesso ao pensamento e ao conhecimento.