CONCENTRAÇÃO E COLISÃO: APRENDENDO QUÍMICA POR MEIO DE UMA ANALOGIA COM A DANÇA

JOSÉ OSSIAN GADELHA DE LIMA

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

Frequentemente, os livros didáticos de Química lançam mão das analogias para tornar os conteúdos dessa ciência mais fáceis de serem compreendidos. Segundo alguns estudiosos, as analogias têm a função de auxiliar o aprendiz na compreensão de um conceito desconhecido (conceito alvo) por meio de comparações com outro já conhecido (conceito análogo). No entanto, muitas vezes, as analogias são apresentadas pelos professores aos alunos sem preocupação alguma com suas limitações, o que pode levar a interpretações equivocadas e serem estabelecidas relações analógicas incorretas. Assim, o objetivo deste trabalho foi apresentar o resultado do estudo de uma analogia presente no 2º volume da coleção 'QUÍMICA na abordagem do cotidiano', de Francisco Miragaia Peruzzo e Eduardo Leite do Canto, publicado em 2010. Para isso, foi realizada a leitura integral da obra, identificadas todas as analogias nela presentes e selecionada aquela para objeto deste estudo. A analogia escolhida utiliza conceitos relacionados aos de uma dança e está apresentada à margem direita da página 257. Os autores apresentam uma foto que mostra várias pessoas num salão de dança. Logo abaixo da foto, está expresso o seguinte texto: "uma analogia: quanto maior a concentração de homens e/ou de mulheres, maior a probabilidade de haver colisão entre um homem e uma mulher durante a dança. Homens e mulheres representam as moléculas de A e B na reação A+ B → produtos". Usando dados descritos na literatura, é possível classificar esta analogia em 10 categorias: 1) o livro apresenta apenas 13 analogias, distribuídas pelos capítulos 1, 2, 4, 5, 6 e 7; 2) no texto da analogia não são definidos todos os conceitos do alvo e do análogo; 3) é uma analogia estrutural/funcional, pois compartilham semelhanças estruturais e funcionais; 4) sua apresentação é ilustrativo-verbal, pois faz uso de fotografia e texto; 5) é concreto-abstrata, pois o análogo é concreto e o alvo é abstrato; 6) ela foi citada depois de ser explicado o conceito alvo; 7) não apresenta aspectos de uma analogia enriquecida, pois não foram explicitados atributos compartilhados entre o análogo e o alvo, por exemplo, não ressalta que homens e mulheres corresponderiam aos reagentes de uma reação química; 8) não discute os conceitos correspondentes entre o alvo (colisão, reagentes, produtos) e o análogo (encontro, homem e mulher, casais); 9) não apresenta orientação pré-tópico; 10) esta analogia não reconhece limitações e, portanto, não são discutidas. Trata-se, portanto, de uma analogia muito simples e pouco explorada, tendo sido usada apenas para mostrar que as colisões (formação de casais) numa reação química depende da concentração dos reagentes (homens e mulheres). No entanto, apesar de ser uma analogia que favorece a aprendizagem dos conceitos propostos, os autores não discutem os conceitos envolvidos, apenas os relaciona. Além disso, não são discutidas as suas limitações. Essas fragilidades devem ser corrigidas pelo professor, de modo a evitar interpretações equivocadas e criar relações analógicas incorretas.