O presente estudo objetivou verificar como acontecem as práticas educacionais para trabalhar o conceito de paisagem geográfica com alunos deficientes visuais do 6 º ano do ensino fundamental do Instituto de Cegos do Ceará, visto que estes alunos não detêm a visão para ver as paisagens geográficas, mas podem fazer uso dos sentidos e sensações para percebê-las e retratá-las. O lócus da investigação foi o Instituto de Cegos do Ceará, por ser uma instituição pioneira e de referência em todo estado para a educação de deficientes visuais. A escolha do 6º ano justificou-se porque é o período em que se dar maior enfoque aos principais conceitos geográficos (espaço geográfico, lugar, território, natureza, paisagem etc.). Para realização deste estudo, utilizou-se à observação sistemática das aulas de geografia e entrevistas semiestruturadas com o professor da turma (licenciado em geografia) e com dois alunos deficientes visuais, sendo um aluno de baixa visão e outro cego, identificados, respectivamente, por ADV1 e ADV2. Nas aulas de geografia, especificamente sobre conceito de paisagem, observou-se que o professor fez uso de maquete, como recurso didático, com o intuito de estimular os sentidos dos alunos deficientes visuais promovendo percepções e interpretações singulares. Além disso, está prática educacional foi importante para fomentar os questionamentos sobre a paisagem, enquanto conceito restrito ao mundo físico, do visível e da aparência. A pesquisa, de cunho qualitativo, revelou que o professor de geografia buscou empregar metodologias de ensino diversificadas, que estimulam os sentidos desenvolvendo a cognição na perspectiva da geográfica humanística. Concluiu-se que cada aluno com deficiência "enxerga" a si mesmo e aos outros de acordo com o contexto perceptivo, com a bagagem de conhecimentos, assim como os conceitos que carrega, e com base nisso vai trançando sua rede de relações com o mundo.