NATUREZA, NACIONALISMO E PROGRESSO NA LITERATURA INFANTIL DE MONTEIRO LOBATO: UMA LEITURA DE REINAÇÕES DE NARIZINHO (1931)

DANIEL ALENCAR DE CARVALHO

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

Sendo produto de determinado momento histórico, determinadas vivências, desejos e projetos do autor, além de instrumento de combate a certas ideologias e meio de difusão de ideais, sonhos e valores, a literatura infantil de Monteiro Lobato constitui fonte de grande valia para diversos aspectos da sociedade brasileira da primeira metade do século XX. Neste trabalho procuraremos evidenciar a relação existente entre natureza, nacionalismo e progresso em Reinações de Narizinho (1931). A natureza, cheia de formas e cores, que aparece geralmente como o lugar do maravilhoso e do fantástico, abre espaço para sua visão do que deveria ser o país e os caminhos que deveria trilhar para ficar em pé de igualdade com as grandes potências mundiais. Para este trabalho, trabalharemos com as onze historinhas desta obra por serem as primeiras escritas por Lobato, onde demarca o terreno para o que virá a seguir em suas obras infantis, mostrando, mesmo que de forma pouco nítida, as temáticas que desenvolverá posteriormente, onde apresenta seus personagens principais, seus temperamentos e modos de encarar o que encontram em suas aventuras, e, principalmente, pelo fato de Reinações de Narizinho ter sido eleito por Lobato, na organização de suas obras completas, como livro inaugural da saga do Sítio do Picapau Amarelo. Cabe ainda lembrar que Monteiro Lobato é considerado um marco na literatura infantil brasileira e que seu nome ficou gravado na memória coletiva do país como autor de livros infantis. Analisaremos essas histórias dentro do contexto em que foram escritas, evidenciando as inovações do autor dentro da literatura destinada às crianças, que no Brasil estava dando seus primeiros passos. Tentaremos mostrar como Lobato tenta construir uma natureza mágica e fantástica, mas ao mesmo tempo extremamente brasileira. Buscaremos compreender como a natureza era utilizada como símbolo e imagem do país ao mesmo tempo em que revelava projetos para o mesmo. As diferencias e aproximações com outros autores de literatura infantil do período, como Olavo Bilac e Manuel Bonfim, nos ajudarão a apreender os diferentes significados dados ao mundo natural na literatura infantil brasileira nas duas primeiras décadas do século passado, evidenciando seus vários usos e formas expositivas. Desta forma evidenciaremos as peculiaridades da obra lobatiana e a transformação de suas obras num divisor da nascente literatura infantil brasileira.