A pesquisa analisa o bairro Praia de Iracema, antiga colônia de pescadores que se desenvolveu a partir da instalação do porto de Fortaleza. A partir da década de 1920, o bairro desperta interesse de famílias abastadas e passa a ser frequentado como espaço de lazer, já que o banho de mar é recomendado para fins terapêuticos. Com a transferência do porto para o Mucuripe na década de 1940 a praia de Iracema sofre intenso processo de erosão; o avanço das marés provoca destruição de grande parte das edificações na faixa de praia, como casas de pescadores e segundas residências ali existentes. A partir da década de 1970, a Praia de Iracema passa a ser frequentada por artistas e intelectuais, fato que colaborou para a construção da imagem boêmia do bairro. A transformação do bairro em pólo de lazer e turismo deve-se a mudanças na legislação urbanística que designou áreas para requalificação, renovação e preservação. A pesquisa objetiva analisar a Praia de Iracema a partir de seu patrimônio histórico-arquitetônico, as contradições, conflitos e territorialidades produzidas no bairro. Foi utilizado método histórico dialético a fim de alcançar a dimensão geosociopolítica dos processos. Os conceitos lazer, territorialidades, patrimônio, requalificação contribuíram para a teorização da realidade empírica analisada e para explicar as mudanças socioespaciais ocorridas no espaço do bairro Praia de Iracema no final da década de 1980. Foram aplicados questionários e entrevistas com residentes e visitantes, pesquisas institucionais e consultas à bibliografia ampla. Constata-se que o bairro catalisa atividades de lazer, principalmente noturnas, atrai tanto fortalezenses como turistas apesar das contradições na produção do espaço da Metrópole.