O tema da nossa pesquisa envolve a compreensão do impacto que a endemia leprótica causou na população cearense, no momento em que foram detectados inúmeros casos confirmados da enfermidade, principalmente em Fortaleza, por volta de 1920. Na medida em que os casos da doença proliferavam, a única ação impetrada pelos poderes e saberes da época foi o isolamento compulsório em instituição criada para este fim: o leprosário. Assim, os doentes eram segregados neste espaço e, como não havia esperança de cura para a doença à época, os enfermos permaneciam neste local por toda a vida. Os objetivos dessa pesquisa prevêem: a análise das "conseqüências" do isolamento compulsório no Ceará, uma apreciação das relações que se desenvolveram naquele espaço, a partir da memória dos internos e a verificação do papel que o primeiro Leprosário do Ceará, o Antônio Diogo, representou nas ações de profilaxia e tratamento da endemia leprótica, instituídas a partir de 1930. Através do Programa de Iniciação Científica da UECE, uma equipe composta de quatro alunos e um professor iniciaram o levantamento da documentação existente nessa instituição (prontuários médicos, certidões de batismo e casamento, etc.), bem como sua organização. Uma vez organizado o acervo, toda a documentação estará não somente à disposição para a nossa pesquisa, bem como estará disponível para outros pesquisadores interessados. Assim, entendemos que uma parte da história desta enfermidade é contada naquela documentação, que é minuciosamente analisada nesse trabalho.