MEMÓRIAS AUTOBIOGRÁFICAS: SALOMÃO ALVES DE MOURA BRASIL EM SUA OBRA “O MENINO QUE DISSE SIM”

RYCARDO WYLLES PINHEIRO NOGUEIRA

Co-autores: EDMILSON ALVES MAIA JÚNIOR
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

A presente pesquisa busca desenvolver uma análise acerca das estratégias autobiográficas bem como as escolhas feitas por Salomão Alves de Moura Brasil para construção de si em sua obra: "O Menino que disse SIM" (publicada em 31 de maio de 2008). Salomão nasceu na cidade de Iracema (Jaguaribe), mas constitui desde a infância sua história na cidade de Aracoiaba (maciço de Baturité). Foi político, professor e advogado, tido como educador ilustre e intelectual da cidade recebe a intitulação de "papa da educação de Aracoiaba" em 1990, vem a óbito em 18 de maio de 2009. Elaborou todo um cenário de sua vida em sua obra, a infância sofrida com a morte do pai aos cinco anos de idade, a luta no dia a dia para ajudar sua mãe, as travessuras de moleque, a saída de casa para estudar, os espaços frequentados e conquistados e a vida pública. Foi vereador de 1982-2008, sendo todos os mandatos presidente ou vice-presidente da câmara. A obra compõe uma infinidade de possibilidades de análise, mas o que categoricamente aqui se objetiva é compreender o olhar de Salomão sobre si mesmo. A proposta de fato é o interesse em perceber como um passado pode ser usado pelos sujeitos em função do presente. O que está em pauta é de como Salomão utiliza das relações pessoais e institucionais do passado em função da escrita de si em sua obra autobiográfica. A pesquisa proposta, ainda em fase inicial, busca então compreender os elos e tramas, os silêncios e conflitos de Salomão referentes ao seu passado na prática da escrita autobiográfica. O ato de escrever sobre si, de se elaborar, é acompanhado pela memória das relações que desenvolveu durante sua vida o que, de certa forma nos estabelece um olhar investigativo para sua visão em torno da sociedade em que atuou. A pesquisa não se dispõe a construir uma biografia ou trajetória de vida de Salomão, mas analisar as fontes autobiográficas e problematiza-las entendendo Salomão na sua busca de perpetuar-se, monumentalizar-se, ou seja, de construir sua identidade ao seu modo perante a sociedade a partir de seus ideais. Sendo assim é possível perceber que o trabalho estabelece a análise do olhar do sujeito em torno de si, sobre os outros, sobre determinados fatos e sobre a época específica em que atuou. Desde 1980 a História tem tomado para si, como novas possibilidades e em novas perspectivas, diários íntimos, cartas, memórias e relatos. A autobiografia não está fora deste "leque", pois é uma larga estrada retalhada, elaborada e cheia de "vontades", sendo assim, aqui a intenção é a desconstrução da subjetividade pela análise a fim de trazer a construção da constituição de uma auto-imagem como evidencia carente de análise e explicação histórica.