A hanseníase é caracterizada como uma doença de caráter infectocontagiosa, de evolução lenta, que se manifesta principalmente através de sinais e sintomas dermatoneurológicos, como lesões na pele e nos nervos periféricos, principalmente nos olhos, mãos e pés (BRASIL, 2002).O acometimento neural periférico é a característica principal da doença, podendo gerar um potencial aumentado para incapacidades físicas, que essas podem evoluir para deformidades, assim podendo levar esses pacientes a ter alguns problemas, como restrição da vida social e problemas psicológicos e limitação no trabalho. Além disso, esses pacientes sofrem com preconceitos contra a doença (BRASIL, 2002).De acordo com esse contexto, o enfermeiro "apresenta importância essencial nas ações de controle da hanseníase, pois ele é o que está mais próximo da comunidade" (CID et al., 2012, p. 1006). E durante a consulta de enfermagem o enfermeiro deve estar atento as dúvidas do paciente para esclarece-las, além de proporcionar ao paciente um maior entendimento acerca do processo saúde-doença.Assim, a consulta de enfermagem segundo Cid et al. (2012,p.1006) "é primordial na assistência, pois estabelece uma interação terapêutica entre o indivíduo e o profissional de saúde" , assim facilitando a compressão deste sobre o percurso da hanseníase. As ações de enfermagem mais utilizadas durante as consultas são as ações de educação em saúde, visto que "a implantação de estratégias de educação em saúde faz-se eficaz na redução da transmissibilidade de novos casos tendo em vista que a promoção da saúde ainda é o melhor caminho para a prevenção das doenças" (SILVA, 2012, p.33). E essas ações são voltadas para o doente e seus contatos com a finalidade de informar sobre os aspectos sintomatológicos e a importância do exame periódico dos contatos e do tratamento precoce.Assim, as autoras do estudo ao frequentar durante o internato em enfermagem um serviço de referência em dermatologia, que tem um elevado número de acompanhamento de casos de hanseníase, desenvolveram o interesse pelo assunto, decidindo realizar o estudo que tem como objetivo descrever as consultas de enfermagem destacando os momentos de educação em saúde prestados aos pacientes com hanseníase.Acredita-se que este relato é relevante pelo fato de proporcionar a comunidade cientifica e aos estudantes de enfermagem um maior entendimento acerca das medidas educativas durante as consultas de enfermagem. Trata-se de um estudo qualitativo descritivo do tipo relato de experiência. Inicialmente realizou-se um levantamento bibliográfico para embasar teoricamente o estudo, e então seguiu-se a descrição da experiência de internas de enfermagem, nas consultas de enfermagem à portadores de hanseníase em um Centro de Referência em dermatologia na cidade de Fortaleza- CE durante o mês de março de 2016. As consultas de enfermagem sejam as de início de tratamento ou as de continuidade, quando bem realizadas tem o potencial de reconhecer as necessidades do paciente, como as dúvidas que têm a respeito da doença e acabam por atrapalhar o tratamento.Nas consultas de primeira vez procurávamos seguir uma sequência, inicialmente explicávamos o que é a doença, buscando destacar que antigamente era conhecida como lepra, e os modos de transmissão. Neste início percebíamos que as pessoas apresentavam receio de transmitir para os familiares, em especial quando moravam com crianças. Sendo esse um momento decisivo para destacar que com o tratamento a doença para de ser transmitida logo nas primeiras doses, e destacando a importância das pessoas que que tiveram um relacionamento íntimo e prolongado durante os últimos 5 serem examinadas.Em um mês que passamos no serviço muitas pessoas que chegavam para as consultas subsequentes relatavam o preconceito de qual eram vítimas, o que mostra a importâncias de destacar esse aspecto desde a primeira consulta. Após esse momento, falamos das reações hansênicas, para que a pessoa pudesse saber como são essas reações, destacando sempre que poderiam ou não acontecer.Então chegava o momento de falar das medicações, explicávamos a grosso modo, de uma maneira que ele entendesse como a medicação vai agir e baseado nisso os efeitos esperados. Falamos tanto das ações esperadas quanto dos efeitos adversos, mas somente dos comuns que aparecem com frequência.Por exemplo, ao falar da Rifampicina destacamos que a urina vai ficar avermelhada, que pode acontecer de secreção pulmonar também ficar avermelhada não devendo assustar-se pensando que é sangue. Que a Clofazimina vai deixar a pele mais escura, em pessoas mais claras, avermelhada, assim como alteração do suor, e ressecamento da pele. E, quanto a Dapsona destaca-se a que pode causar anemia (BRASIL, 2002).Ao falar da medicação destacávamos que não se pode esquecer do horário em que deve ser tomada, pois muitas pessoas relatavam que pensavam que a medicação tinha que ser tomada em jejum, sendo exatamente o contrário, pois deve tomar após estar bem alimentado, orientando então, que tomem após o almoço. Após todas as explicações buscavámos deixar a pessoa a vontade para que faça perguntas, e retire suas dúvidas. Devido a isso geralmente as primeiras consultas são mais longas. Então começamos o momento de orientar para evitar as complicações dos efeitos das medicações e prevenir complicações, como a hidratação da pele, usar protetor solar mesmo que o sol não esteja forte, pois o ressecamento da pele se não tratado pode levar a pequenas rachaduras que sangram e tornam-se porta aberta para infecção. Em seguida falávamos da alimentação, o que deveriam evitar comer, como carne de porco, crustáceos e bebidas alcoólicas, e mostrando alimentos que deveriam estar em sua dieta, ricos em ferro, ácido fólico e vitamina C.E por fim, falávamos dos sapatos que deveriam ser usados, visando evitar que abrissem feridas, pois com a diminuição da sensibilidade muitas pessoas se machucam e as feridas tornam-se crônicas.Para falar de cada um desses tópicos fazemos uso de banners, desde as reações hansênicas, medicações, alimentação, até nas orientações quanto à alimentos, cuidados com a pele e com os pés. Esses banners são feitos por alunos que quando passam deixam suas contribuições para o campo de estágio. E ao mostrar as imagens percebemos que as pessoas assimilam melhor, e sentem mais liberdade para tirar as dúvidas, visto que se torna mais didático.Geralmente os internos que passam atualizam os banners que falam sobre alimentação, reações hansênicas, e cuidados com o corpo. Então percebemos que não havia nenhum que retratasse as medicações e seus efeitos, sendo então essa nossa contribuição para o campo.Nas consultas sequenciais as orientações são sempre repetidas, mas a consulta está mais focada na continuidade do tratamento, nas queixas e inquietações do paciente, visando incentivá-lo a terminar o tratamento e a prevenção de incapacidades.Desta forma, isso pode contribuir para a prevenção de agravos, especialmente das incapacidades físicas, com a melhoria da saúde dos indivíduos, bem como com sua educação em saúde e com a de seus familiares. Ressalta-se, ainda, a importância da capacitação do profissional na assistência de enfermagem ao portador de hanseníase. (DUARTE, AYRES, SIMONETTI, 2009, p.106).Conclui-se que as consultas de enfermagem são decisivas no tratamento de paciente portadores de hanseníase, em especial porque no Brasil após o tratamento ser prescrito pelo médico, o enfermeiro é que se torna responsável pela tomada da dose supervisionada mensal. Desta forma, criar um vínculo com o paciente é essencial, e realizar as atividades de educação em saúde da maneira mais didática possível facilitará todo o processo.