O USO DE SIMULAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE APRENDIZAGEM NA MONITORIA ACADÊMICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

KÁREN MARIA BORGES NASCIMENTO

Co-autores: REBECCA CAMURÇA TORQUATO, VITÓRIA LÚCIA SOARES OLIVEIRA, IASHENA MENDES DE PAULA e RHANNA EMANUELA FONTENELE DE CARVALHO
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

Introdução

A monitoria acadêmica é uma ferramenta utilizada nas universidades como um processo que possibilita dar auxílio aos alunos, visando contribuir para o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos, solucionando dúvidas e trabalhando nas dificuldades de cada aluno. Tal processo ocorre, geralmente, através da troca de experiências de um aluno que já passou pela disciplina para o outro que a está cursando.

A monitoria está prevista na lei Nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996, a qual estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Em seu artigo 84, a referida lei dispõe que "os discentes da educação superior poderão ser aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas respectivas instituições, exercendo funções de monitoria, de acordo com seu rendimento e seu plano de estudos" (BRASIL, 1996). Desta forma, é de extrema importância também para o aluno-monitor, pois ele tem a oportunidade de exercer o papel de educador, e acrescentar, assim, mais experiência a sua formação acadêmica.

Dentro deste processo pedagógico, a monitoria, desenvolvem-se diversas estratégias ou metodologias em busca de facilitar o processo de aprendizagem dos alunos, e a simulação é uma delas, sendo definida "como aprendizado que amplifica ou repõe situações de vida real, e permite que o aluno pense por meio de uma situação clínica para tomar uma decisão" (FIGUEIREDO, 2014). A mesma possibilita que os acadêmicos pratiquem suas técnicas em um ambiente seguro e controlado, diminuindo a chance de ocorrências de erros na prática hospitalar.

Dessa forma, demonstra-se a relevância da utilização dessa estratégia, pois os alunos tendo contato anterior com a prática simulada conseguem adquirir habilidades técnicas e cognitivas, com o propósito de manter a segurança e uma prática de enfermagem eficiente e segura para o paciente. (MAGRO et al., 2012)

Nesta perspectiva, tem-se como objetivo relatar a experiência de acadêmicas-monitoras da disciplina de Semiologia, Semiotécnica e Processo de Cuidar do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará sobre a utilização de simulação como estratégia de aprendizagem.

Metodologia

Trata-se de um relato de experiência sobre o uso de simulações como estratégia de aprendizagem para alunos que cursam a disciplina de Semiologia, Semiotécnica e Processo de Cuidar do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará (UECE). As simulações foram realizadas pelos monitores da disciplina, com orientação da professora coordenadora do Laboratório de Semiologia e Semiotécnica, para os alunos que cursam o quarto período da graduação em enfermagem. Essa estratégia de aprendizagem foi realizada durante o mês de abril de 2016 e teve a finalidade de proporcionar aos alunos situações seguras para colocarem os conhecimentos adquiridos em prática. Para a realização das simulações, os monitores selecionaram as temáticas a serem abordadas e os materiais necessários para todos os procedimentos. Para cada prática, uma dupla de monitores se responsabilizou para simular uma situação clínica e a avaliação de cada aluno. Os temas foram sorteados e cada aluno teve em média 20 minutos para a simulação do tema abordado. Durante a simulação, os monitores anotavam os pontos a serem trabalhados com mais atenção por cada aluno e posteriormente um feedback era dado ao aluno com o intuito de melhorar algumas técnicas e auxiliar em uma prática clínica com qualidade e segurança.

 

Resultados e Discussão

            A disciplina de Semiologia e Semiotécnica e Processo do Cuidar faz parte da grade curricular obrigatória do 4º semestre do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará (UECE).  As aulas da disciplina contam com um cronograma pré-estabelecido pelas professoras, onde constam todas as aulas teóricas, datas de provas e aulas teórico-práticas.  A monitoria acadêmica é inserida na disciplina por meio de seleção anual. Atualmente, o grupo de monitores é composto por 14 alunos, que já cursaram a disciplina e obtiveram aprovação na seleção. As monitorias ocorrem no Laboratório de Semiologia e Semiotécnica, e acontecem semanalmente, tendo o cronograma da disciplina como base para a seleção dos temas.

            A monitoria acadêmica possibilita ao aluno diversas experiências, seja para tirar dúvidas do conteúdo, melhorar a sua prática, além de também possibilitar a criação de vínculos entre os alunos e monitores (CARVALHO et al., 2012). O uso de simulação durante as monitorias visa dar ao aluno mais segurança na realização das técnicas, e assim uma maior autonomia. O aluno tem a oportunidade de aprender com seus erros, e, assim, identificar onde tem mais dificuldade para o aprendizado e buscar melhorar suas técnicas (VARGA et al., 2008).

            A simulação ocorreu no próprio laboratório de semiologia e semiotécnica, com a participação de 20 alunos, os temas foram sorteados e foram destinados, aproximadamente, 20 minutos para cada aluno realizar a técnica. Durante a simulação cada aluno ficou com duas monitoras, sendo que uma fazia o papel do paciente e a outra ficava encarregada de anotar os pontos fortes e/ou pontos a serem melhorados. Ao final, era realizado um feedback com o aluno, sobre como foi sua atuação no simulado, onde as monitoras mostravam os pontos em que o aluno precisava aprofundar seus conhecimentos, buscando refletir com ele como poderia melhorar aquela técnica, lembrando, também, de reforçar seus pontos fortes.

            Durante a simulação o aluno deveria seguir uma ordem lógica na realização do exame, como: apresentação pessoal (nome e curso), explicar o exame ao paciente, avaliação dos sinais vitais, anamnese e o exame físico. Foi orientado para cada aluno descrever o que estava fazendo. As monitoras tinham total liberdade de durante a simulação fazer alguma pergunta sobre o exame, para assim testar os conhecimentos do aluno ou estimulá-lo a aprofundar mais no tema.

            A simulação possibilitou diversas experiências também para os monitores, despertando o senso crítico e uma maior responsabilidade, já que o aluno tem nos monitores uma referência, que pode orientá-lo e assim ajudá-lo a melhorar sua técnica (CARVALHO et al., 2012).  Possibilitou também o desenvolvimento da autonomia, maior contato com as práticas de ensino e a identificação de pontos fracos da turma, o que permite ao monitor elaborar estratégias para desenvolver atividades de monitoria que visem a melhora da turma como um todo.

            A simulação teve uma boa aceitação pela turma, e evidenciou que uma atividade de monitoria onde o aluno se torna um sujeito ativo é mais proveitosa e produtiva que uma em que ele tem pouca, ou nenhuma, participação/ação. Com a prática frequente da simulação percebe-se que o aluno desenvolve maior segurança e controle da ansiedade e nervosismo, possibilitando, assim, maior qualidade e desempenho nas aulas teórico-práticas.

Conclusão

Várias são as metodologias utilizadas para auxiliar a aprendizagem dos alunos, e a simulação é uma das formas mais seguras e práticas para que as habilidades técnicas e cognitivas, adquiridas pelos alunos, sejam testadas.  Ao serem indagados sobre a utilização dos simulados, os alunos referiram que a experiência foi muito positiva e que as simulações os ajudaram a diminuir o nervosismo e os estimularam a pensar de forma mais crítica, diante de uma avaliação física. Dessa forma, percebeu-se que o uso de simulações durante as monitorias da disciplina de Semiologia, Semiotécnica e Processo de Cuidar apresentaram um ótimo rendimento, tanto para os alunos que puderam vivenciar essa prática e testaram seus conhecimentos, quanto para os monitores, que tiveram a oportunidade de exercer um papel de educador e também de desenvolver uma visão mais crítica e analítica, já que os monitores eram responsáveis por analisar o desenvolvimento dos alunos e de orientar sobre pontos que poderiam ser melhorados.         

 

Referências

Brasil. Ministério da Educação. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional [internet]. Diário Oficial da União, Brasília, 1996 dez 23 [acesso em 2012 jan 20]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm#art92.

CARVALHO, Isaiane da Silva. Monitoria em semiologia e semiotécnica para a enfermagem: um relato de Experiência. Rev Enferm UFSM, Rio Grande do Norte, v. 2, n. 2, p. 464-471. 2012.

FIGUEIREDO, A. E. Laboratório de enfermagem: estratégias criativas de simulações como procedimento pedagógico. Rev Enferm UFSM. n. 4, v. 4, p. 844-849, Out/Dez, 2014.

MAGRO, Marcia Cristina da Silva et al. Vivência prática de simulação realística no cuidado ao paciente crítico: relato de experiência. Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, v. 26, n. 2, p. 556-561, maio/ago. 2012.

VARGA, Cássia Regina Rodrigues. Relato de Experiência: o Uso de Simulações no Processo de Ensino-aprendizagem em Medicina. Revista brasileira de educação médica, São Paulo, v. 33, n. 2, p. 291-297; 2008.