MITOS E VERDADES SOBRE SAÚDE SEXUAL E CONTRACEPÇÃO: PRÁTICA EDUCATIVA COM ADOLESCENTES ESCOLARES

CAROLINE MAGALHÃES DE ALCÂNTARA

Co-autores: CAROLINE BATISTA MELO, MARIA VERACI OLIVEIRA QUEIROZ, AMANDA NEWLE SOUSA SILVA e RAIMUNDA MAGALHÃES DA SILVA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

Mitos e verdades sobre saúde sexual e contracepção: prática educativa com adolescentes escolares

Caroline Magalhães de Alcântara1, Caroline Batista Melo1, Maria Veraci Oliveira Queiroz1, Amanda Newle Sousa Silva1, Raimunda Magalhães da Silva2.

 


1. Universidade Estadual do Ceará - UECE - Fortaleza

2. Universidade de Fortaleza - UNIFOR - Fortaleza

 

krouzinha_alcantara@hotmail.com

 

EIXO III: ENFERMAGEM, SAÚDE E SOCIEDADE: ENCONTRO NOS TERRITÓRIOS

 

 

 

Introdução


A adolescência é a transição da infância para a vida adulta. Neste período ocorrem transformações nos vários âmbitos da vida dos jovens (biológicos, psicológicos e sociais). É uma fase permeada de curiosidades e busca de sua autonomia. E isso faz com que se tornem vulneráveis quando se fala na questão da saúde sexual e reprodutiva, porque os adolescentes procuram muito mais seus amigos para falarem sobre suas práticas sexuais (OGIDO, 2011). Estas são, frequentemente, assumidas sem proteção.  Assim, a sexualidade e a contracepção devem ser tratadas de forma multidisciplinar, interdisciplinar e intersetorial, famílias, escolas, comunidades, instituições educativas dentre outros locais de lazer e diversão visando a prevenção de DST/HIV/AIDS e gravidez na adolescência (RAMIRO et al., 2011).

 

O enfermeiro ao trabalhar a questão da educação em saúde e promoção da saúde, prevenção de agravos à saúde e situações de vulnerabilidade, passa a ser um profissional comprometido a ajudar os jovens a pensar e assumir a saúde sexual e a prevenção da gravidez precoce (RODRIGUES et al., 2010).  Logo, se faz necessário utilizar abordagens que potencializem o emponderamento dos sujeitos para a promoção da autonomia e o livre exercício da cidadania, fazendo com que eles sejam os atores da sua própria saúde.  O objetivo deste estudo foi descrever o conhecimento dos adolescentes escolares sobre saúde sexual e contracepção por meio da dinâmica: mitos e verdades.

Metodologia


Estudo exploratório, descritivo com pressupostos da pesquisa ação, portanto utilizando a intervenção desenvolveu-se a dinâmica: mitos e verdades com adolescentes de a 11 a 17 anos na escola Projeto Nascente, localizada em Fortaleza, Ceará. Participaram no período de setembro a dezembro de 2015, 130 alunos do 6º ao 9º ano (quatro turmas) e cada uma teve dois momentos, com duração de 50 minutos. No primeiro foi realizada a dinâmica: mitos e verdades para saber o conhecimento dos adolescentes sobre saúde sexual e contracepção. A dinâmica consistia no seguinte: a turma era dividida em três grupos. A cada turma foram entregues três envelopes contendo cinco perguntas cada, mitos e verdades sobre contracepção. A equipe um, perguntava para a dois, a dois para a três e a três para a um e à medida que iam terminando, as pesquisadoras respondiam se era verdadeira ou falsa a sentença, e no segundo momento as discussões foram aprofundadas e retirada dúvidas suscitadas. Na análise foi realizada uma descrição com frequência relativa e percentual das questões/respostas, para saber o quantitativo de acertos de cada pergunta por turma e descreveram-se as questões principais debatidas e registradas nos textos preparados e nas gravações feitas em aparelho Samsung.

A referida pesquisa recebeu parecer de aprovação do CEP/UECE nº 651.771, anuência formal dos representantes das instituições, consentimento dos adolescentes e seus responsáveis mediante todo o procedimento ético e confirmação de participação com a assinatura dos termos: consentimento livre e esclarecido e assentimento livre e esclarecido, respectivamente, conforme orienta a Resolução 466/12.

 

 

Resultados e Discussão


Com a dinâmica: mitos e verdades buscou-se construir saberes junto aos adolescentes sobre a saúde sexual e métodos contraceptivos. Os grupos formados perguntavam se aquela sentença era verdadeira ou falsa, as pesquisadoras iam respondendo ao final de cada rodada, se era mito ou verdade e no encontro seguinte as discussões eram aprofundadas. Pode-se apreender com esse método participativo que os adolescentes se sentiam mais confiantes e dispostos a responderem as sentenças, mesmo errando, mas toda a coletividade se beneficiava com as respostas corretas, pois eram debatidas em grupo.

As assertivas dos adolescentes quanto à dinâmica: mitos e verdades sobre saúde sexual e contracepção. Quanto à reutilização do preservativo os acertos foram: 34,5% do 6º ano, 64% do 7º ano, 69,57% do 8º ano e 77,27% do 9º ano. Ao questionar se antes de utilizar o preservativo é correto enchê-lo para facilitar sua colocação no pênis, teve um percentual de acerto: 50% do 6º ano, 48% do 7º ano 68% do 8º ano e 70% do 9º ano.

O questionamento sobre a pílula do dia seguinte ingerida após 72 horas, se tinha o mesmo efeito quando ingerida nas primeiras 24 horas após a relação sexual, as assertivas foram: 60% do 6º ano; 80,7% do 7º ano, 83,3% do 8º ano e 80,9% do 9º ano. Sobre o contraceptivo - injeções mensais e trimestrais na prevenção do DST as respostas corretas foram: 38,5% do 6º ano, 54,1% do 7º ano, 30,4% do 8º ano e 80,9% do 9º ano. Quanto à amamentação como método contraceptivo os acertos foram: 52,4% do 6º ano, 45,4% do 7º ano, 44,4% do 8º ano e 25% do 9º ano.

Muitas são as dúvidas dos adolescentes quanto à utilização do preservativo, pois houve um quantitativo muito baixo de acertos de alunos do 6º ano ao se questionar da reutilização do preservativo. Pode se apontar que essa falta de conhecimento básico por parte de alunos mais jovens se dá porque, não há uma discussão mais aprofundada dessa temática nessa faixa etária.

Os acertos quanto à pílula do dia seguinte foram significativos, considerando que este método não é muito utilizado nessa faixa etária, em virtude de sua utilização só em emergências, como o próprio nome diz. Salientam que os adolescentes estão cada vez mais recorrendo ao uso da anticoncepção de emergência, por ser mais fácil, já que só precisa ser utilizado após a relação sexual, porém se sabe que anticoncepção de emergência não previne DST, logo, eles acabam ficando vulneráveis a contrair doenças (NASCIMENTO, 2012; RAMIRO et al., 2011).

Ainda há um desconhecimento, principalmente, por parte dos adolescentes de menor faixa etária sobre de métodos mais utilizados por eles e sobre as formas de prevenção das DST's. Em relação à amamentação, a maior parte dos adolescentes desconhece ser um método contraceptivo. E neste caso, o debate foi intensivo, pois se sabe que são muitas as controvérsias e as dificuldades reais de funcionar como contraceptivo se não seguir todos os procedimentos cientificamente orientados.

Conclusão


A pesquisa de modo interativo com os adolescentes desenvolveu o objetivo de ações educativas com a dinâmica: mitos e verdades, tendo os dois focos pesquisa e intervenção com participação ativa dos adolescentes, pois no desenvolvimento das dinâmicas almejava-se provocar diálogos e reflexões e, simultaneamente, alcançar informações da pesquisa.

Quanto ao conhecimento geral dos adolescentes em relação aos métodos para se prevenir uma gravidez, observou-se que a população tem muitas dúvidas acerca dos métodos usualmente, utilizados por eles, no caso, o preservativo masculino e os anticoncepcionais orais e injetáveis. Houve um número maior de assertivas quanto à anticoncepção de emergência, denotando o interesse dos adolescentes em buscar o conhecimento sobre este método, já que a maioria deles tem relação sexual desprotegida. Assim, foi uma oportunidade de proporcionar vínculos e diálogos nesse território da escola favorecendo a troca de saberes com os adolescentes escolares sobre métodos contraceptivos, atualizando-os sobre os métodos mais eficazes e sua maneira correta de uso. Assim, à medida que os adolescentes questionavam ou respondiam perguntas às pesquisadoras favoreciam o debate entre eles e, posteriormente, completavam as informações gerando mais conhecimentos entre eles.

Em relação à amamentação como método contraceptivo houve um menor percentual de acertos, demonstrando que este método que não é muito usual entre eles o que é esperado, por não fazer parte do seu cotidiano. Conclui-se que ainda há poucas ações educativas com os adolescentes na escola abordando esta temática e quando há esta conversa no serviço de saúde parece não ser explorada adequadamente, o saber dos adolescentes, suas práticas, enfim as ações parecem ser pontuais sem que haja uma reflexão sobre a prática sexual de modo mais seguro e prevendo a gravidez não planejada.   Reforça-se a ideia de um esforço conjunto de pais, educadores e agentes da saúde para que o adolescente pratique sua sexualidade de forma segura e saudável, livre de riscos em se adquirir uma DST's ou gravidez não planejada.

 

 

Referência


BRASIL. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012.

NASCIMENTO, C.B. Conhecimento e uso da anticoncepção de emergência entre adolescentes estudantes do ensino médio. [Dissertação de mestrado]. São Paulo: Escola de enfermagem da Universidade de São Paulo; 2012.

OGIDO, R. Adolescência, maternidade e mercado de trabalho: uma relação de construção. [Tese de doutorado]. São Paulo: Faculdade Pública da USP; 2011.

RAMIRO, L.; REIS, M.; MATOS, M.G.; DINIZ, J.A.; SIMOES, C. Educação sexual, conhecimentos, crenças, atitudes e comportamentos nos adolescentes. RevPort Saúde Pública. v. 29, n. 1, p. 11-21. 2011.

RODRIGUES, M.G.S.; COSENTINO, S.F.; ROSSETTO, M.; MAIA, K.M.; PAUTZ, M.; SILVA, V.C. Oficinas educativas em sexualidade do adolescente: a escola como cenário. Revista electrônica trimestral de Enfermería. nº 20, Octubre. 2010.