O PROCESSO DE ENFERMAGEM COMO INSTRUMENTO DE CUIDADO EM CASO DE CÂNCER DE CÓLON

AMANDA OLIVEIRA

Co-autores: ANA GÉSSYCA SILVA GERÔNIMO e ANA LÍVIA ARAÚJO GIRÃO
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

Introdução


O câncer de cólon abrange tumores que acometem um segmento do intestino grosso (o cólon). É tratável e, na maioria dos casos, curável, ao ser detectado precocemente. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas, que podem crescer na parede interna do intestino grosso. Uma maneira de prevenir o aparecimento dos tumores é a detecção e a remoção dos pólipos antes deles se tornarem malignos (GASTALDO et al. 2006).

O câncer de cólon acomete um número significativo da população brasileira. O número de mortes por essa patologia é de 15415, sendo 7387 homens e 8024 mulheres (SIM, 2013).

Muitas vezes as neopla­sias estão associadas a sofrimento e dor, o que traz ao paciente grande instabilidade emocional durante a vivência da doença e de seu tratamento. Acrescentam­-se seus medos, angústias e incertezas referentes à patologia e às alterações que poderão ocorrer durante o processo terapêutico (SALIMENA et al., 2013). Diante disso, o profissional enfermeiro deve estar capacitado a fim de prestar a melhor assistência possível, tendo em vista à complexidade da doença e o sofrimento físico e psíquico decorrente da enfermidade.

O presente trabalho teve como objetivo relatar a experiência no cuidado a uma paciente internada em um hospital de referência da cidade de Fortaleza/CE, bem como discutir os cuidados de Enfermagem executados em caso de adoecimento por neoplasia.

 

Metodologia


Trata-se de um relato de experiência desenvolvido a partir da vivência da utilização do processo de Enfermagem junto a uma paciente internada em uma unidade de tratamento de casos clínico/cirúrgicos de um hospital de referência da cidade de Fortaleza/CE. O estudo foi desenvolvido por acadêmicas do 4º semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará, em fevereiro de 2016, durante o desenvolvimento das aulas teórico-práticas da disciplina Semiologia, Semiotécnica e Processo de Cuidar.

Resultados e Discussão


Compreensão do caso:

A paciente foi admitida em um hospital de referência da cidade de Fortaleza/CE, com quadro de dor em epigastro e flanco esquerdo, que veio piorando, associada a náuseas, vômitos e constipação. Após admissão, obteve a hipótese diagnóstica: Pancreatite e/ou Diverticulite. Sendo solicitados exames laboratoriais, internamento e tomografia computadorizada.

Após resultados dos exames, foi diagnosticada com Insuficiência Renal, Neoplasia de Cólon e Neoplasia Metastática Hepática e Pulmonar. Foi realizada Colectomia + Ileostomia. Seguindo em internamento, sendo administrados analgésicos antibióticos e hemocomponentes, realizando hemodiálise, evoluindo com quadro de sepse pulmonar e cutânea, pododáctilos sem circulação e edema nos membros inferiores.

Processo de Enfermagem como instrumento de cuidado:

Seguimos o Processo de Enfermagem, a fim de obter uma sistematização da assistência e maior organização dos cuidados prestados à paciente.

                   Seguem no quadro abaixo os Diagnósticos de Enfermagem elencados para o caso descrito:

Manutenção Ineficaz da Saúde relacionado ao enfrentamento familiar e individual ineficazes.

Dor Crônica relacionado a incapacidade física crônica e incapacidade psicossocial crônica.

Mobilidade ao Leito Prejudicada relacionado a dor, força muscular insuficiente e medicamentos sedativos.

Ventilação Espontânea Prejudicada relacionado a fadiga da musculatura respiratória e fatores metabólicos.

Risco de Choque relacionado a sepse.

 

De acordo com as etapas propostas pelo processo de Enfermagem, após a definição dos diagnósticos, o enfermeiro deve planejar suas intervenções, e para esse caso, planejou-se verificar rigorosamente os sinais vitais, a fim de avaliar o funcionamento do sistema respiratório, a capacidade e a eficácia do sistema cardiovascular, as condições hemodinâmicas e detectar arritmias cardíacas, bem como, identificar problemas termorreguladores e a resposta da temperatura às terapias.

Realizar exame físico completo, respeitando as limitações da paciente, com o intuito de identificar problemas associados a alguma patologia, para então implementar as intervenções.

Realizar os curativos, para proporcionar conforto físico e psicológico, promover cuidados com o acesso venoso central e catéter de hemodiálise, promover a proteção e controle da infecção da ferida operatória e proporcionar um ambiente ideal para reparação tecidual.

Realizar a umidificação da oxigenoterapia, com o objetivo de evitar o ressecamento das vias aéreas superiores, verificar a glicemia capilar para avaliar a necessidade de administração de insulinoterapia, realizar a troca da bolsa de ileostomia para prevenir lesão de pele, promover higiene e conforto.

Após o planejamento da assistência, iniciamos as intervenções, tal momento foi bastante impactante, afinal, muitas vezes, pela gravidade do caso, a paciente evoluiu sem respostas aos nossos estímulos.

Realizamos o controle da dor, administrando medicamentos por via endovenosa e realizando massagem de conforto; promovemos a mecânica corporal, a fim de prevenir o aparecimento  de úlceras por pressão e realizamos  curativos dos acessos venosos centrais, cateter de hemodiálise e da ferida operatória; fizemos a manutenção da oxigenoterapia e monitoramos a função respiratória e os sinais vitais.

 

A integridade cutânea da paciente permaneceu preservada, a higiene foi promovida e conseguimos proporcionar conforto à cliente, mesmo no fim da vida. No entanto, ela  evoluiu sem melhoras no quadro clínico.

Ainda durante o desenvolvimento das aulas teórico práticas, vivenciamos a piora do estado clínico da paciente e seu óbito por sepse pulmonar e cutânea, neoplasia de cólon e neoplasia metastática hepática e pulmonar.

Para nós, a vivência do óbito foi o momento mais impactante e difícil durante o estágio, pois, pela primeira vez nos deparamos com o processo de morte de uma paciente.  Desenvolvemos envolvimento afetivo, pois permanecemos dias acompanhando a sua evolução, conversando com familiares, prestando cuidados e passamos a conhecer a história de vida da paciente. Apesar do seu estado grave, o vínculo que criamos nos deixava na expectativa de uma possível melhora em seu quadro clínico, e a surpresa do seu óbito nos marcou de tal forma que sempre iremos lembrá-la.

Conclusão


Diante do exposto pode-se perceber a importância do auto cuidado eficaz da saúde, pois pacientes que procuram com frequência os serviços hospitalares podem diagnosticar enfermidades precocemente, de modo que o tratamento possa ter a finalidade de cura e não somente de cuidados paliativos, como foi o caso da paciente.

No seu caso, foram realizados cuidados a fim de proporcionar conforto, com o intuito de minimizar a dor, promover higiene, preservar a integridade da pele e mucosas.

Para nós, como acadêmicas de Enfermagem, a vivência do caso nos proporcionou bastante aprendizado no que diz respeito às vivências da nossa futura profissão. Pudemos colocar em prática os conteúdos repassados na disciplina de Semiologia, Semiotécnica e Processo de Cuidar e tivemos a oportunidade de desenvolver nosso pensamento critico frente ao caso. A utilização do processo de Enfermagem foi fundamental para o desenvolvimento do cuidado de forma integral.

 

  Referências


Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2009-2011/ NANDA International; tradução Regina Machado Garcez. - Porto Alegre: Artmed, 2010. 

DOCHETERMAN, J. M.; BULECHEK, G. M. Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC). 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

GASTALDO K.  et al. Câncer de Cólon, como diagnosticar e tratar. Grupo Editorial Moreira Jr., 2006.

 

SALIMENA, A. M. O. et al. O vivido dos enfermeiros no cuidado ao paciente oncológico. Cogitare Enferm., v.18, n.1, p.142-147, jan./mar., 2013.

Sistema de Informação sobre Mortalidade. Disponível em: <http://sim.saude.gov.br/default.asp> acesso em 18/02/16 às 16:00.

STAUDINGER, P.; PENE F. Visões atuais a respeito da sepse grave em pacientes com câncer. Rev. Bras Ter Intensiva., v. 26, n. 4, p. 335-338, 2014.