II SIEPS XX ENFERMAIO I MOSTRA DO INTERNATO EM ENFERMAGEM
Fortaleza - CE 23 a 25 de Maio de 2016 |
ALIMENTAÇÃO INFANTIL: PRÁTICAS DE MÃES DE CRIANÇAS RESIDENTES EM REDENÇÃO-CE
Francisca Mayra de Sousa Melo1, Jallyne Colares Bezerra2, Rhaiany Kelly Lopes de Oliveira3, Brena Shellem Bessa de Oliveira4, Maria Jocelane Nascimento da Silva5, Emanuella Silva Joventino6.
1Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Redenção-CE.
2Acadêmica de Enfermagem da UNILAB. Redenção. Bolsista do Conselho Nacional de Pesquisas - CNPq
3Acadêmica de Enfermagem da UNILAB. Redenção. Bolsista do Conselho Nacional de Pesquisas - CNPq
4Acadêmica de Enfermagem da UNILAB. Redenção. Bolsista da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FUNCAP.
5Acadêmica de Enfermagem da UNILAB.Redenção.
6Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da UNILAB. Redenção.
mayra.melo@aluno.unilab.edu.br
EIXO: Saberes e práticas da Enfermagem e saúde em diferentes contextos: locais, nacionais e internacionais.
Introdução
O período de transição entre o aleitamento materno exclusivo (AME) e a introdução de alimentos variados na alimentação das crianças é delicado, devendo-se respeitar o completo desenvolvimento fisiológico (SCHINCAGLIA, 2015). Embora os benefícios do aleitamento materno (AM) sejam notórios e amplamente divulgados por programas que apoiam essa ação, as taxas mundiais de amamentação ainda permanecem abaixo dos níveis recomendados (ROCCI, 2013). Desse modo, o desmame precoce é um problema de saúde pública que gera diversos problemas para a saúde e desenvolvimento da criança (MORENO, 2014). Portanto, ao iniciar a alimentação complementar precocemente, antes do sexto mês de vida da criança, tem-se um aumento de risco e da frequência de infecções gastrointestinais, entre outros (SCHINCAGLIA, 2015). Assim, o enfermeiro destaca-se através da orientação das mães e familiares acerca da promoção da alimentação saudável das crianças. Diante disso, esse profissional necessita conhecer as práticas maternas para que possa intervir com orientações direcionadas às necessidades da população.
Metodologia
Estudo de caráter descritivo, transversal, com abordagem quantitativa. A população do estudo foi composta por mães de crianças menores de cinco anos de idade que residiam em Redenção-CE, município do Maciço de Baturité. A pesquisa foi realizada em oito Unidades de Atenção Primária a Saúde (UAPS), circunscritas em zona urbana e rural. A coleta de dados foi realizada com 385 mães, de agosto a outubro de 2015, investigando-se práticas maternas relacionadas à alimentação infantil (aleitamento materno e introdução da alimentação complementar, tais como hábitos de higiene relacionados). Os dados foram organizados e analisados por meio do programa Statistical Package for the Social Sciences-SPSS (versão 20.0), por meio da estatística descritiva. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (UNILAB), conforme parecer 1.140.095.
Resultados e Discussão
A idade média das mães foi de 27,55 (DP= ± 7,2), sendo a faixa etária mais prevalente foi de 19 a 29 anos (N= 218; 56,7%). A maioria das mães possuía de 1 a 4 anos de estudo (N=146; 38,1%). A idade materna e o grau de instrução são características frequentemente associadas ao desmame precoce. Estudos já confirmaram que os filhos de mães adolescentes receberam AM por tempo inferior quando comparado aos filhos de mães adultas, 49,2% e 66%, respectivamente (ARAÚJO, 2013). A maioria das crianças era do sexo feminino (50,6%), nascidas a termo (92,2%) e apresentavam entre 1 a 3 anos incompletos (39,2%). Das mães entrevistadas 91,8% (N=346) relataram terem ofertado o aleitamento materno, e 57,3% (N=197) destas mães, iniciaram a introdução da alimentação complementar antes do quarto mês de idade. O aleitamento materno é a estratégia isolada que mais previne mortes infantis, no entanto, o AME ainda se encontra consideravelmente abaixo da meta determinada pela OMS que é de 6 meses (ROCCI, 2013). Os resultados deste estudo apontam, ainda, que 42,1% e 61,7% das crianças faziam uso de chupeta; e para a alimentação, o uso de mamadeiras, respectivamente. O uso de chupetas e mamadeiras pode influenciar negativamente a prática do aleitamento materno, podendo oferecer risco de contaminação aos lactentes, caso não seja feita a higienização correta dos utensílios (FIALHO, 2014). Salienta-se, ainda, que os cuidados com a lavagem dos utensílios e o tratamento da água consumida pela criança também devem ser foco no momento da introdução da alimentação complementar. Assim, verificou-se na amostra que a maioria das mães afirmou não ser realizado nenhum tratamento na água que a criança consome (N=230; 58,7%). Das 116 que realizam algum tratamento, a filtração representou a maioria (N=56; 48,3%). Quanto aos hábitos de lavagem das mãos no momento da alimentação infantil, 268 (69,6%) o fazem antes do preparo dos alimentos e apenas 161 (41,8%) lavam as mãos antes de alimentar o filho. A não higienização das mãos pode trazer diversos danos à saúde da criança, uma vez que a falta deste ato expõe a população infantil a freqüentes surtos epidêmicos de diarreia, sendo esta, a principal causa de morte entre os menores de cinco anos (ASSIS, 2013).
Conclusão
Com este estudo, podemos concluir que o desmame precoce e a inserção de alimentos complementares antes do período recomendado encontra-se ainda com frequência na sociedade. Assim sendo, tornam-se necessárias práticas educativas que ofereçam informações essenciais que possam ajudar as mães no manejo adequado no ato de amamentar e nos cuidados necessários para a introdução de outros alimentos no cotidiano das crianças. Por conseguinte, destaca-se o profissional de enfermagem ao se tornar presente nos diversos momentos vividos pela mulher; desde o período do pré-natal até o acompanhamento da criança na puericultura. Destarte, torna-se relevante que informações sobre a importância do AM, bem como, a inserção da alimentação complementar no momento adequado, sejam ofertadas para as mães e os demais membros da família.
Referência
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