Introdução
O suicídio trata-se de um ato deliberado de infligir a morte a si próprio, estando sua ocorrência normalmente relacionada a fatores biológicos, psicológicos, médicos e sociais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Como um grave problema de saúde pública, a prática requer um olhar especial nos diversos níveis de atenção, visto que muitas das vezes o suicida em potencial tem atitudes indicativas de seus interesses. O sistema de saúde deve então prover de programas com foco na prevenção, desde a atenção primária até a quaternária. No Brasil, e em especial no Ceará, o número de suicídios vem aumentando nos últimos anos, especialmente entre pessoas idosas. Por se tratar de um problema potencialmente prevenível, torna-se campo de atuação do enfermeiro como educador e detector precoce dos sinais e sintomas que antecedem a tentativa de suicídio. É de extrema importância que os profissionais tenham a devida capacidade de lidar com a comunicação e com ferramentas de terapia individual ou em grupo, diminuindo assim as chances de uma fatalidade.
Objetivo
Descrever o número de óbitos as características sociodemográficas de idosos que vieram a óbito por suicídio no Ceará entre os anos de 2003 e 2013.
Metodologia
Trata-se de um estudo de natureza descritiva, com caráter retrospectivo realizado, por meio de pesquisa no TABNET-DATASUS, sistema governamental que fornece dados acerca de indicadores de saúde, no qual foi verificado o número de casos de suicídio de pessoas idosas (pessoas com 60 anos ou mais) no Estado do Ceará, no período de 2003 a 2013. Posteriormente à coleta dos dados, foram feitas frequências com base em estatística descritiva simples por meio do programa estatístico BM SPSS versão 20 (Statistical Package for the Social Sciences 20)
Resultados e Discussão
No Ceará, no período que se dá entre 2003 e 2013 ocorreram no total 758 casos de suicídio de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, dos quais 628 (82,8%) foram de homens, e 130 (17,1%) foram de mulheres. Esse resultado está de acordo com diversos estudos, que indicam que a população masculina é maioria quanto aos números de suicídio. Alguns pesquisadores sugerem que esse fato se deve a fatores como a menor escolaridade média dos homens frente às mulheres, problemas financeiros e situações de uso de drogas psicoativas ilícitas, que acaba culminando em situações de estresse extremo. Na faixa etária em questão, os motivos podem estar relacionados à vícios, como álcool, e a problemas familiares, pois a pessoa idosa do sexo masculino tem normalmente mais problemas intrafamiliares. A forma predominante de suicídio (70,5%) foi, por meio de lesão autoprovocada intencionalmente por enforcamento, estrangulamento, sufocação, tanto para o sexo masculino quanto feminino. Esse dado está de acordo com estudo realizado no ano de 2014, que identificou os mesmos meios como os mais encontrados em idosos que se suicidaram no Brasil entre 1996 e 2007. Quanto aos aspectos sociais, viu-se que 60,68% das pessoas que cometeram suicídio eram casadas e possuíam escolaridade entre 0 e 3 anos de estudo (55,2%). No que diz respeito à escolaridade, as pesquisas recentes não indicam consenso acerca de sua relação com os casos de suicídio, visto que alguns estudos encontram grande número de pessoas com maior escolaridade (mais de 12 anos de estudo) enquanto outros encontram um maior número de casos em pessoas com poucos anos de estudos, assim como percebido no estado do Ceará no período de 2003 a 2013. Nessa perspectiva, destaca-se que os casos são em suma nos homens pelo fato da perca do papel como provedor familiar na idade idosa, bem como por ser considerada como uma fase na qual ocorre a diminuição subjetiva da masculinidade. Quanto aos casos de suicídios por mulheres idosas, os principais fatores de risco indicados por estudos são a violência intrafamiliar, a violência de gênero, o sofrimento por perdas pessoais e referenciais e da função social de mãe ou esposa, além da depressão. No que diz respeito à violência de gênero, cabe ressaltar que muitos casos de agressão doméstica são denunciados aos órgãos competentes no estado do Ceará, a maioria de cunho machista.
Conclusão
O suicídio em idosos é um problema prevenivel, no qual o profissional de saúde, em especial o enfermeiro pode atuar na orientação aos cuidadores/ familiares de idosos. No Ceará, a maioria dos casos de suicídio foram em homens, de baixa escolaridade e em sua maioria casados. Nesse sentido, apesar de no Brasil as taxas de suicídio serem inferiores ao panorama mundial, nota-se um crescente aumento dos casos. Ademais, como principal limitação do estudo destaca-se a subnotificação.
Referências
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