WEB SEMINÁRIO SOBRE POPULAÇÃO QUILOMBOLA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

ANA LÍDIA DE ARAÚJO FERREIRA

Co-autores: LUANA MARIA BRÁS BENEVIDES, KARINE ALMEIDA SANTIAGO LIMA, GABRIELA COSTA E SILVA, LETÍCIA MOURA FERNANDES e RAIMUNDO AUGUSTO MARTINS TORRES
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

INTRODUÇÃO: A população quilombola integra as muitas identidades de raça/cor da população negra do Brasil, precisa ser entendida em todo o seu âmbito social, histórico, cultural, geográfico, econômico e político para sabermos suas reais necessidades e assim, contribuir com intervenções no cuidado em saúde coletiva de forma efetiva. Uma das grandes necessidades dessa população invisível e à margem da sociedade é a saúde, onde são necessárias ainda mais políticas de intervenções e assim, o cumprimento dessas para que se mude o cenário atual. Não podemos esquecer da violência e dos preconceitos ainda enfrentados por eles e elas, que mesmo a palavra "igualdade, respeito e equidade" muito difundidas, ainda se encontram atos preconceituosos contra os(as) negros(as), que afetam diretamente aos direitos humanos em geral (KALCKMANN, SANTOS, BATISTA et al. 2007).Primeiramente, deve-se entender o contexto dos quilombos, pois essa minoria negra remanescente, conseguiu a aprovação na Constituição de 1988 a posse de territórios por eles habitado na época escravista. No entanto, esse grupo não deixa de reivindicar a luta contra o racismo, a regularização fundiária e a equidade na saúde pública (FREITAS, CABALLERO, MARQUES, 2010). Ao longo dos anos, foram feitos vários programas e políticas que trouxeram, na medida do possível, benefícios. Podemos citar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Quilombola, iniciativa do Governo Federal onde centrou no saneamento e infraestrutura; o Programa Brasil Quilombola, que se preocupou com moradia, alimentação, saúde e qualidade de vida; o Dia da Consciência Negra, para uma maior reflexão da inserção do negro na sociedade e a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), visando à saúde integral, a diminuição das desigualdades, o combate ao racismo e à discriminação nas instituições e serviços dos SUS (BRASIL, 2010; SANTOS, SANTOS, PEREIRA, 2014). Como sabemos, existem doenças que incidem muito mais na população negra do que na população branca, necessitando de um olhar mais focado e específico para essa realidade e, assim, entendendo um dos motivos da criação da PNSIPN. São elas: anemia falciforme, diabetes mellitus tipo II, hipertensão arterial, deficiência de glicose 6fosfato desidrogenase e miomas do trato genital feminino (BEZERRA, GIATTI, MOURA, 2014). METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência visando descrever a experiência dos estudantes de Enfermagem quando cursaram a disciplina de Políticas e Saberes em Saúde Coletiva ofertada no 5º semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará, apresentando uma das atividades designadas do conteúdo desta disciplina foi a apresentação de um seminário via internet, sobre o tema População Quilombola. A atividade foi realizada na tarde do dia 29 de janeiro de 2016, no estúdio da Web Rádio AJIR.
A organização ocorre no estúdio, onde um aluno se posiciona no computador para receber as perguntas online, seja pelo site ou pelo facebook; outro ajuda a filmar e os outros alunos participam da apresentação, não esquecendo de fazer uma rotação entre as posições para todos obterem as mesmas experiências. Assim, os expectadores em casa participam mandando suas dúvidas e comentários, sendo respondidos no mesmo momento, acontecendo algo bem interativo e dinâmico. Esta é uma emissora de comunicação digital de disseminação do conhecimento acadêmico e popular atuando em múltiplos territórios. Iniciativa elaborada pela articulação entre Associação dos Jovens de Irajá (AJIR) com inter-relação com o Laboratório de Práticas Coletivas em Saúde (LAPRACS) e apoio da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Estadual do Ceará- UECE. O canal dispõe de uma variada programação, como web aulas, seminários, debates, cursos, entrevistas e entretenimento. As difusões de conteúdo são realizadas ao vivo com áudio e vídeo emitido pela Web TV, ambos no próprio site. É utilizado para a comunicação interativa com os jovens ouvintes as redes sociais e programas de comunicação online, tais como, o Skype, whatsapp, twitter, facebook e mural de recados na página da web rádio na internet. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os webseminários tornaram-se uma excelente ferramenta de comunicação para interação e compartilhamento de conteúdo entre os alunos da disciplina, dos outros semestres e inclusive de outras instituições de ensino. Podemos ver que os webseminários instigaram questionamentos, dúvidas e reflexões naqueles que estavam assistindo o programa ao vivo, quais sejam: Quais as doenças que incidem mais na população negra?; É verdade que a população negra morre mais que a branca?; O que quer dizer a palavra quilombo?; Como a enfermagem atua nessa interseção da população quilombola oferecendo saúde com igualdade?; Qual estado do Brasil tem uma concentração maior de comunidades quilombolas?. Diante destes questionamentos, podemos dizer que a sociedade possui um conhecimento relativamente baixo acerca das particularidades da população negra, onde, mesmo com todas as políticas, intervenções e movimentos de luta, é necessário ainda essa disseminação do conhecimento. CONCLUSÃO: Concluímos que a experiência do web seminário foi muito construtiva, pois o desenvolvimento desta atividade amplia as ideias não só sobre a enfermagem, mas como em todos os outros campos referentes à saúde e à cidadania, considerando a realidade da população quilombola. Através deste trabalho nós conseguimos entender de forma mais concreta a produção e acontecimento das web aulas que assistimos durante todo o semestre. Percebemos a grande dinâmica que conduz os programas e a ajuda mútua que deve existir entre apresentadores e ouvintes, na medida em que a "conversa" é conduzida entre os dois, através das perguntas e dúvidas que surgem. No campo das relações sociais, o nosso tema (Populações em Situação de vulnerabilidade: população quilombola) nos possibilitou um momento de bastante aprendizado. Quem apresenta uma web aula precise ter lido e estudado para que consiga desenvolver bem o assunto. Dessa forma, saímos com uma grande carga de conhecimento em relação a essas populações vulneráveis: os quilombolas. Foi importante para que conhecêssemos ainda mais a nossa história, como realmente começaram a se formar as comunidades de quilombolas, a não integração destas no processo de desenvolvimento do país, sua marginalização e, por fim, sua variada e rica cultura que influenciou e continua influenciando muito em nossa maneira de viver. Esperamos ter esclarecido dúvidas e ter proporcionado uma maior familiarização dos ouvintes com as questões dessa população que tanto precisa de uma atenção maior da sociedade. REFERÊNCIAS:
BRASIL. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra:uma política do SUS. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010.
SANTOS, LM; SANTOS, RLS; PEREIRA, EDS. CursoPromoção da Equidade no SUS- Fascículo 6Saúde integral dapopulação negra,quilombola e comunidadestradicionais de terreiro.Fundação Demócrito Rocha (FDR)/Universidade Aberta do Nordeste (Uane). 2014.
FREITAS, DA; CABALLERO, AD; MARQUES, AS; HERNÁNDE, CIV; ANTUNE, SLNO. Saúde e comunidades quilombolas: uma revisão de literatura. Rev. CEFAC, São Paulo. 2010.
KALCKMANN, S; SANTOS, CG; BATISTA, LE; CRUZ, VM. Racismo Institucional: um desafio para aeqüidade no SUS?.Saúde Soc. São Paulo, v.16, n.2, p.146-155, 2007.
BEZERRA, VM; GIATTI, L; MOURA, CS. Inquérito de Saúde em Comunidades Quilombolasde Vitória da Conquista, Bahia, Brasil (Projeto COMQUISTA):aspectos metodológicos e análise descritiva.Ciência & Saúde Coletiva, 19(6):1835-1847, 2014.