O leite materno é um alimento essencial nos primeiros seis meses de vida criança, pois contém uma composição equilibrada de nutrientes, sendo fundamental para o crescimento e desenvolvimento e trazendo muitos benefícios como a prevenção de doenças comuns na infância e doenças crônicas na idade adulta. (ESCARCE, et al., 2013) A mulher que está no processo de amamentação necessita de apoio por parte da família, comunidade e profissionais de saúde, pois esta é uma fase de transição e aprendizagem, onde a nutriz se depara com dificuldades e limitações, sendo fundamental o apoio familiar e da equipe de saúde para que a nutriz se sinta segurança para amamentar e tenha sucesso nessa nova etapa de sua vida. (BATISTA; FARIAS; MELO; 2013). Devido a sua importância e inúmeras vantagens, tanto para a nutriz como para seu filho, o aleitamento materno é um ato que deve ser estimulado durante o pré-natal e continuar sendo incentivado no puerpério. Nesse processo, o enfermeiro tem um grande papel, pois como acompanha a mulher desde o pré-natal como também no puerpério, tem a oportunidade fornecer orientações sobre o significado do aleitamento materno para a saúde da criança e seus grandes benefícios ao binômio mãe-filho. As orientações sobre o aleitamento materno têm a finalidade de influenciar positivamente o processo de amamentação e proporcionar a nutriz maior confiança para amamentar seu filho e para prosseguir nesse processo. Por isso, é importante capacitar a equipe de profissionais de saúde e sensibilizá-los sobre a importância das orientações fornecidas as mães e para que, assim, isso se torne uma rotina na assistência de saúde. Assim, esse estudo tem o objetivo de identificar as orientações fornecidas por profissionais de saúde no puerpério.
Estudo descritivo com abordagem quantitativa, realizado em um hospital do Sistema Único de Saúde no município de Fortaleza, referência no estado do Ceará. A população do estudo foi de nutrizes acompanhadas nesse hospital, tendo uma amostra de 137 mães. Foram incluídas as nutrizes que frequentavam o Banco de Leite Humano, Unidade Neonatal e Alojamento Conjunto independente do número de gestações anteriores e excluídas as nutrizes impossibilitadas de amamentar por apresentarem HIV. Os dados foram coletados de janeiro a março de 2015 e analisados através da estatística absoluta e percentual. As entrevistas foram realizadas através de um instrumento semiestruturado, com perguntas abertas e fechadas, desenvolvido para a pesquisa. O estudo obedece às normas da Resolução 466/12 de pesquisa com seres humanos e foi aprovado pelo comitê de ética, com o protocolo n° 091202/10. Os dados foram utilizados somente para fins de pesquisa.
As nutrizes participantes tinham uma média de idade de 24,9 anos, sendo 40 nutrizes de 14 a 19 anos e 97 tinham de 20 a 42 anos. A maioria das nutrizes do estudo tinha ensino médio completo (40,8%), seguido por ensino médio incompleto (21,3%), ensino fundamental incompleto (18,3%), ensino fundamental completo (12,4%), ensino superior completo (3,6%) e ensino superior incompleto (3,6%). Das nutrizes do estudo, 49 eram solteiras (35,8%), 49 mantinham uma relação consensual (35,8%), 38 eram casadas (27,7%) e uma mulher não informou seu estado civil. No puerpério das 137 mulheres entrevistadas, 131 (95,7%) afirmaram que receberam orientações e seis mães (4,3%) afirmaram não ter recebido nenhuma orientação sobre a amamentação no puerpério. As unidades que forneceram as orientações no puerpério foram: Banco de Leite Humano sendo referido por 87 mulheres (66,4%); Alojamento Conjunto por 29 mães (22,2%), Unidade de Terapia Intensiva Neonatal por 15 mães (11,4%). As principais orientações fornecidas pelos profissionais foram: amamentação exclusiva até os seis meses (18,3%), massagem nas mamas (14,5%), pega correta do seio durante a amamentação (9,9%), posicionamento correto da criança no momento da amamentação (9,1%) e importância da amamentação (7,6%). Quando perguntadas sobre qual o profissional de saúde que forneceu as orientações sobre o aleitamento materno no puerpério, o enfermeiro foi o mais citado (90,1%), seguido pelo técnico de enfermagem (16,1%), médico (8,3%), fonoaudiólogo (5,3%), nutricionista (4,5%), assistente social (1,5%) e psicólogo (0,7%). A amamentação é um ato fundamental para o desenvolvimento saudável de uma criança. Por isso, é necessária a mobilização dos profissionais de saúde para incentivar e sensibilizar as mulheres que estão no puerpério, como também as famílias e comunidade para que apoiem as nutrizes nessa etapa tão especial de suas vidas. As orientações no puerpério são importantes no contexto da amamentação, pois se tratam em uma continuidade do cuidado a mulher e seu filho. No estudo, 95,7% das mães receberam orientações no puerpério, o que demostra o esforço e trabalho das equipes de saúde para realizar tal ação. Segundo Silva et al. (2014), é fundamental que os profissionais de saúde valorizem todas as etapas de assistência a mulher, desde o pré-natal até o puerpério, evitando, assim, qualquer problema relacionado ao aleitamento materno. As unidades hospitalares foram os setores mais citados no estudo onde houve o fornecimento de orientações sobre amamentação no puerpério. Esse fato demostra que além no contexto hospitalar deve-se buscar apoio nas unidades básicas de saúde para a promoção da prática do aleitamento materno, em especial o aleitamento materno exclusivo. (SILVA, et al., 2014). As principais orientações relatas pelas mães foram relacionadas a prática do aleitamento materno e a informações gerais sobre a importância do aleitamento. Segundo Cruz et al. (2010), as orientações sobre aleitamento materno no puerpério são muito eficazes para que a mãe possa se empoderar de informações para uma prática saudável da amamentação, gerando como consequência um aumento dos índices de aleitamento materno exclusivo e redução da mortalidade materno-infantil. A atuação da equipe multiprofissional no fornecimento das orientações no puerpério é de grande importância para o sucesso da amamentação. O enfermeiro tem um papel muito importante, pois se encontra presente em muitos espaços de atenção ao binômio mãe-filho, tendo assim, a oportunidade de repassar as nutrizes todas as informações necessárias e contribuir com o processo de amamentação.
Conclui-se que as orientações para o incentivo da amamentação são realizadas na unidade hospitalar pelos profissionais da saúde, em particular pelo enfermeiro. A importância do aleitamento e a maneira de amamentar foram as orientações mais citadas. Assim, é fundamental que todos os profissionais estejam preparados para fornecer informações sobre amamentação, além de prestar um atendimento holístico e de qualidade a essas mulheres no período do pós-parto. E, nesse contexto, a equipe de enfermagem, em especial o enfermeiro, tem a responsabilidade de sensibilizar as mães que se encontram no puerpério para a realização do aleitamento materno.