INTRODUÇÃO: as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST's) constituem um conjunto de doenças que podem ser transmitidas através do ato sexual, sendo um problema de saúde pública no Brasil. Os casos aumentam a cada ano, tornando-se uma forte ameaça à saúde e à qualidade de vida da população no âmbito global. Segundo dados do Ministério da Saúde (2015), desde o início da epidemia, em 1980, até junho de 2015, foram registrados no país 798.366 casos de AIDS (condição em que a doença já se manifestou). Entre os homens, observa-se um aumento da taxa de detecção principalmente entre aqueles com 15 a 19 anos, 20 a 24 anos e 60 anos ou mais nos últimos dez anos. Destaca-se o aumento em jovens de 15 a 24 anos, sendo que de 2005 para 2014 a taxa entre aqueles com 15 a 19 anos mais que triplicou (de 2,1 para 6,7 casos por 100 mil habitantes) e entre os de 20 a 24, quase dobrou (de 16,0 para 30,3 casos por 100 mil habitantes). De Acordo com Neves (2015), por volta de 45% dos brasileiros não utilizam preservativo durante o ato sexual, fator que contribui consideravelmente para o aumento do número de contaminados. Muitas pessoas, principalmente jovens, ainda possuem resistência em relação ao uso desse método, assim estando suscetíveis a tais doenças. A adolescência pode ser definida como o período da vida entre 10 e 19 anos de idade. Esse é um importante período do ciclo vital, em que há o crescimento e o desenvolvimento humano, formando um período de transição entre a infância e a idade adulta. Significativas transformações emocionais, a construção de novas relações interpessoais, manifestações de novos sentimentos, atitudes, decisões, resultando na construção de uma identidade própria. Com isso, muitas vezes, o desenvolvimento da sexualidade nem sempre é acompanhado de um amadurecimento afetivo e cognitivo, o que torna a adolescência uma etapa de extrema vulnerabilidade a riscos, os quais estão muito ligados à cultura cultivada entre os indivíduos desta etapa da vida. (Aquino, 2012) A Educação em Saúde sendo aplicada da melhor forma pode ser eficaz na prevenção de IST's. Diante deste contexto, se faz necessário a realização de intervenções que reforcem a promoção da saúde para despertar os jovens para a importância da prevenção das DST's, evitando não somente o contágio destas, como também outros acontecimentos, como gravidez e repercussões sociais, psicológicas, educacionais etc. Objetivou-se no presente trabalho relatar a experiência de uma oficina sobre saúde sexual com calouros da Saúde da Universidade Federal do Ceará.
METODOLOGIA: este estudo consiste em um relato de experiência acerca da execução de uma oficina com temática "Saúde Sexual: mitos e verdades" realizada com 30 calouros nos cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina e Odontologia da Universidade Federal do Ceará, com faixa etária entre 16 e 19 anos. Ocorreu dia 10 de fevereiro de 2015, como parte do evento II Curso Pré-Saúde. A estratégia para o trabalho em grupo foi a roda de conversa. Foi trabalhada a temática utilizando a dinâmica de perguntas e respostas sobre conteúdos como: doenças sexualmente transmissíveis, prevenção de doenças, métodos contraceptivos e uma questão prática na qual eles deveriam demonstrar a prática correta de como colocar camisinhas masculina e feminina em próteses. Realizaram-se dez rodadas, e, em cada, um sorteio selecionava um aluno para responder uma questão ou demonstrar a técnica de colocação do preservativo, sendo que os demais poderiam contribuir com a construção da resposta.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: no início, houve resistência que foi cessada no decorrer da atividade ao abordar o assunto de identidade de gênero e orientação sexual. Os calouros foram muito enfáticos quanto ao uso do preservativo. Também apresentaram ciência de outros tipos de contágio além do sexual, relacionados, por exemplo, ao beijo e ao sangue. Uma grande deficiência foi percebida na colocação dos preservativos masculino e feminino, pois nenhum dos alunos sorteados para fazer tal prática realizou a técnica corretamente. A dinâmica proporcionou um ambiente descontraído e produtivo, onde foi possível discutir a temática da oficina, explorando principalmente os pontos nos quais os participantes demonstraram maior dificuldade. Durante a dinâmica e perguntas e respostas, os estudantes apresentaram certo conhecimento sobre os temas abordados, mostrando-se muito participativos, pois a temática era concernente ao cotidiano de cada um ali presente. Inicialmente, na abordagem do tema infecções sexualmente transmissíveis, os estudantes foram muito enfáticos ao uso da camisinha. Também apresentaram ciência de outros tipos de contágio, relacionados ao sexo oral e aos fluidos corporais, como o sangue. Quanto aos métodos contraceptivos, boa parte da atenção e das dúvidas foram voltadas para os efeitos e uso dos contraceptivos orais e de emergência. Uma grande deficiência foi percebida principalmente na colocação da camisinha masculina e feminina, visto que nenhum dos alunos convidados a fazer a prática acertou. As falhas foram percebidas desde a abertura do invólucro de plástico até a retirada da camisinha após o ato sexual, ratificando as vulnerabilidades dos jovens. Foi percebido também ainda um desconhecimento de muitos quanto ao uso da camisinha feminina. Segundo Gomes (2011), alguns obstáculos quanto a isso são o fato de que a camisinha masculina é controlada e portada pelos homens, o acesso nos postos de saúde quase que unicamente aos preservativos masculinos, questões estéticas e a desigualdade de gênero.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: percebeu-se a grande importância na abordagem do tema, a fim de que gere maior conscientização e mudança de hábitos nos jovens calouros e em toda a população. Muitos deles já possuem as informações básicas sobre o tema, mas a maioria não sabe utilizar esse conhecimento na prática. Logo, a dinâmica proporcionou um ambiente descontraído e produtivo onde foi possível discutir a temática, explorando os assuntos que os participantes demonstravam maior dificuldade. Isso foi gerado um maior aprendizado sobre a importância do uso do preservativo e os impactos causados pelo não uso de um método contraceptivo tão simples e de fácil acesso.