A VIVÊNCIA DA RELAÇÃO ACADÊMICOS/PACIENTES PARA A CONSTRUÇÃO DO CUIDADO DE ENFERMAGEM

LUANA SOUSA DE CARVALHO

Co-autores: NATÁLIA SOUSA LOPES, ADRYANE APARECIDA CÂMARA CAVALCANTE LIMA, RHANNA EMANUELA F. LIMA DE CARVALHO e ANA LÍVIA ARAÚJO GIRÃO
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

INTRODUÇÃO:O estágio é um momento específico e único da grade curricular, além de ser extremamente importante para a formação profissional e ser um espaço de ensino-aprendizagem para os acadêmicos de enfermagem. No que diz respeito à disciplina de Semiologia e Semiotécnica e Processo de Cuidar, esse momento proporciona algo que é ansiado por grande parte dos estudantes de enfermagem, pois através dele estabelecemos o primeiro contato com o paciente.

É nesse período em que tudo que aprendemos durante os primeiros semestres, desde a imunologia até as técnicas específicas do processo de cuidar, são postas em prática. O raciocínio que os acadêmicos do 4° semestre necessitam ter, envolve uma gama de conhecimentos, mesmo estando, ainda, em posição de aprendizes.

Segundo Benito et al. (2012), a prática do estágio vivenciada pelo acadêmico de enfermagem no contexto social e do trabalho, onde se depara com situações reais e diversificadas, é que o impulsiona a desempenhar e amadurecer um papel profissional com maior qualidade, habilidade e segurança, ao associar o conhecimento teórico com o fato vivenciado.

Durante o decorrer da disciplina, alguns objetivos são traçados, tais como, desenvolver habilidades de trabalho em uma equipe multidisciplinar, compreender o processo de enfermagem e estabelecer, através dele um plano de cuidados adequado, usar da criticidade associada à criatividade, para refletir sobre os possíveis processos que emergirão.

Nesse contexto, o presente estudo tem como objetivo relatar a vivência da relação acadêmicos-pacientes para a construção do cuidado de enfermagem, durante o estágio da disciplina de semiologia e semiotécnica e processo de cuidar. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiências vivenciadas por 3 acadêmicas de Enfermagem, realizadas em um hospital de referência da cidade de Fortaleza-CE, durante o estágio da disciplina de semiologia e semiotécnica e processo de cuidar, do 4°semestre do curso de enfermagem, da Universidade Estadual do Ceará (UECE), em fevereiro de 2016.

A unidade de internação na qual o estudo foi desenvolvido, compreende a assistência nas áreas vascular, reumatologia, otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço, e o cuidado é prestado por uma equipe multidisciplinar, constituída por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e nutricionistas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Durante o estágio, os acadêmicos estabelecem um certo vínculo com o paciente, pois conhecem sua história, seus medos e sentimentos. Ao longo do estudo foram presenciadas inúmeras situações únicas. O primeiro contato com o paciente ocasionou nos estudantes, primeiramente, sentimentos de insegurança e "medo de errar", devido à inexperiência e o contato com uma situação nova.

Nesse contexto, foi perceptível que o enfermeiro possui um olhar voltado para a dimensão total do ser, buscando, constantemente, contemplar o paciente além da sua patologia.

No que diz respeito à equipe multidisciplinar, as acadêmicas presenciaram o trabalho em equipe no ambiente hospitalar e perceberam a importância que ele possui para a realização da assistência ao paciente.

Dessa forma, a atuação multiprofissional consiste em uma associação de profissionais que proporciona grandes relações interpessoais, formando uma equipe de integração e agrupamento, o que beneficia a ocorrência da discussão e articulação de saberes, facilitando assim, a formulação de uma melhor sistematização dos serviços de saúde. (MARQUES et al., 2007)

Com relação aos cuidados prestados pelas acadêmicas no decorrer do estágio, foram realizadas visitas a todos os pacientes, permitindo conhecer os casos de admissão e dar continuidade ao cuidado daqueles que permaneciam hospitalizados, contribuindo para o estabelecimento e manutenção de vínculo entre acadêmicas e pacientes.

Esse período de estágio, proporcionou o aprimoramento de técnicas, como também, a associação de conhecimentos teóricos à execução da prática profissional de Enfermagem.

Um fato marcante na experiência vivida, foi a percepção da falta de alguns materiais necessários para o desenvolvimento de procedimentos, o que revelou a precarização de alguns setores da saúde, comprometendo a continuidade do cuidado prestado durante o período de estágios da disciplina.

Durante o mês de estudo, destacou-se o cuidado prestado pelas acadêmicas a um paciente com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES). Segundo jezus e camargo (2011), o LES, um exemplo de doença autoimune e crônica, pode se manifestar em diversos órgãos (fígado, coração, pulmão, rim), de forma lenta ou de forma agressiva. As múltiplas formas de manifestações clínicas podem resultar em um retardo do diagnóstico. Essas manifestações incluem o comprometimento cutâneo (vasculites, rash cutâneo, hiperemia), emagrecimento, febre, dor nas articulações, fadiga cefaleias, alopecia, astenia, mialgia, entre outros.

Foi realizado um plano de cuidados para o paciente, onde foram estabelecidos os diagnósticos de enfermagem, os resultados esperados e as intervenções. O plano de cuidados é feito para todos os pacientes da ala.

Dentre as diversas funções da enfermagem, evidenciamos a realização de diagnósticos e intervenções, com base nos problemas do paciente. Para elaboração dos diagnósticos, é indispensável o relacionamento terapêutico entre enfermeiro e paciente, além do conhecimento do enfermeiro sobre a fisiopatologia. (PISTORI; PASQUINE, 2009)

Alguns cuidados de enfermagem que foram prestados, especialmente ao paciente com LES, incluíram: monitoração os sinais vitais, avaliação dos efeitos colaterais dos medicamentos, conversa com o paciente, buscando ajudar no enfrentamento da doença, exame da pele diariamente, a fim de identificar edemas, erupções cutâneas.

Para as acadêmicas, os cuidados prestados a um paciente portador de LES proporcionou melhor conhecimento sobre a doença, suas manifestações clínicas, tratamento, efeito colaterais das medicações e as complicações possíveis, caso o tratamento não for feito corretamente. CONCLUSÃO: Esta experiência proporcionou o desenvolvimento do raciocínio crítico das acadêmicas, e também de competências como: autonomia, liderança, tomada de decisões e comunicação, que contribuirão para a formação profissional. Esta experiência também possibilitou um maior conhecimento acerca da assistência em enfermagem.

O estágio destacou-se como uma ferramenta fundamental, uma vez que o acadêmico utiliza seus conhecimentos teóricos, adquiridos durantes os primeiros semestres da graduação. Dessa forma, ele proporcionou a diminuição da insegurança, o exercício da autonomia, como também, possibilitou conhecimento acerca da importância do cuidado ao paciente de forma integral, fornecendo ao acadêmico uma melhor qualificação profissional.

A experiência comprovou a importância da elaboração de um plano de cuidados para cada paciente, e também ressaltou a relevância dos diagnósticos de enfermagem para a estruturação de um plano de cuidados adequado. Além disso, também contribuiu para a formação do cuidado de Enfermagem, visto que as vivências relatadas trouxeram experiências únicas e essenciais.

REFERÊNCIAS: BENITO, G.A.V. et al. Desenvolvimento de competências gerais durante o estágio supervisionado. Rev Bras Enferm, Brasília v.65, n1, p.172-8, 2012.

JEZUS, A.K; CAMARGO, R.S. Modalidades de tratamento no lúpus eritematoso sistêmico: Revisão de literatura, 2000 a 2010. Cadernos da Escola de Saúde, Curitiba, v.2, n.6. p.23-44, 2011.

MARQUES, J.B. et al. Contribuições da equipe multiprofissional de saúde no programa saúde da família (PSF): Uma atualização da literatura. Revista Baiana de Saúde Pública, v.31, n.2, p.246-255, 2007.

PISTORI, P.A; PASQUINI, V.Z. Cuidados e orientações de enfermagem para pacientes portadores de Lúpus Eritematoso Sistêmico. Rev Enferm UNISA. v.10, n.1, p.64-7, 2009.