Introdução
As mulheres são a maioria da população brasileira (50,77%) e as principais usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). Frequentam os serviços de saúde para o seu próprio atendimento mas, sobretudo, acompanhando crianças e outros familiares, pessoas idosas, com deficiência, vizinhos, amigos (BRASIL, 2011).
A situação de saúde envolve diversos aspectos da vida, como a relação com o meio ambiente, lazer, alimentação e condições de trabalho, moradia e renda. No caso das mulheres, os problemas são agravados pela discriminação nas relações de trabalho e a sobrecarga com as responsabilidades com o trabalho doméstico. Outras variáveis como raça, etnia e situação de pobreza realçam ainda mais as desigualdades. As mulheres vivem mais do que os homens, porém adoecem mais freqüentemente. A vulnerabilidade feminina frente a certas doenças e causas de morte está mais relacionada com a situação de discriminação na sociedade do que com fatores biológicos (BRASIL, 2011).
No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde nas primeiras décadas do século XX, sendo limitada, nesse período, às demandas relativas à gravidez e ao parto. Os programas materno-infantis, elaborados nas décadas de 30, 50 e 70, traduziam uma visão restrita sobre a mulher, baseada em sua especificidade biológica e no seu papel social de mãe e doméstica, responsável pela criação, pela educação e pelo cuidado com a saúde dos filhos e demais familiares (SOARES DE LIMA, 2013).
De acordo com o Brasil (2011), as principais causas de morte da população feminina são as doenças cardiovasculares, destacando-se o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral; neoplasias, principalmente o câncer de mama, de pulmão e o de colo do útero; as doenças do aparelho respiratório, marcadamente as pneumonias (que podem estar encobrindo casos de aids não diagnosticados); doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, com destaque para o diabetes; e as causas externas (BRASIL, 2011).
Diante do exposto, esse estudo apresenta como objetivo relatar a experiência de educação em saúde de um grupo de gestantes de uma Equipe de Referência Saúde da Família do Município de Crateús-Ce.
Metodologia
Trata-se de um relato de experiência. De acordo com Oliveira (2011) adverte que a pesquisa relato de experiência apresentam os dados coletados, seu desenvolvimento e a avaliação dos resultados, descreve precisamente uma dada experiência que possa contribuir de forma fundamental para sua área de atuação (OLIVEIRA, 2011).
Essa atividade surgiu da necessidade de desenvolver ações de saúde como Educação em Saúde por meio do Grupo de Pesquisa e Extensão denominado Roda Viva na instituição Faculdade Princesa do Oeste (FPO) localizado no município de Crateús/Ce.
O alvo da pesquisa foram primíparas e multíparas entre 18 e 25 anos. A pesquisa foi conduzida em uma UBS da zona urbana localizada no município de Crateús/Ce. O estudo foi desenvolvido durante o mês de outubro de 2015.
Para a realização das atividades foram divididos em dois momentos. Primeiro realizou-se uma roda de conversa com o objetivo de conscientizar sobre a importância do pré-natal e formação do bebê no período gestacional, orientando quanto a importância das consultas, vacinação e processo de formação do bebê. O Segundo momento houve maior interação das gestantes presentes com o assunto mitos e/ou verdades das crenças populares.
Resultados e Discussão
Buscou-se instigar o conhecimento das gestantes sobre o pré-natal e estas o interpretam como uma assistência que deve ser prestada do começo ao fim da gravidez, pois proporciona uma gestação saudável, o que demonstra a inquietação quanto à sua saúde e a de seu Recém Nascido (RN).
Durante a apresentação as gestantes demonstraram interesse em participar e aprender mais sobre a temática, sendo essencial sua contribuição para esclarecimento de dúvidas e sugestões para outras práticas em que o grupo Roda Viva poderá desenvolver a longo prazo.
A princípio as gestantes apresentavam-se tímidas, entretanto na realização da palestra houve interação e troca de experiências entre as gestantes primíparas e multíparas sobre os tipos de partos e cuidados com o RN.
A relação mãe-bêbe causa diversas dúvidas e essas remetem a mitos e crenças que evidenciam a insegurança das gestantes (MARQUES; COTTA; PRIORE, 2011). Diante dessas evidências realizou-se um momento para tirar dúvidas sobre os mitos e verdades do período gestacional. Percebeu-se que as gestantes compartilharam situações sobre mitos e crenças vividas e que foram de fundamental importância para a complementação do assunto.
O autor Martins (2015) argumenta que a gestação é um período muito peculiar na vida de uma mulher, independente de sua idade, classe social e nível intelectual, caracterizada por muita emotividade, uma vez que as transformações em seu corpo e nas suas relações familiares são fatores geradores de ansiedade e preocupação. O autor acrescenta ainda que o nascimento do filho é uma experiência única, portanto merece ser tratado de forma especial e singular por profissionais qualificados de uma equipe multiprofissional, processo em que o profissional de enfermagem tem importância primordial (MARTINS, 2015).
O papel dos profissionais de enfermagem tem sua magnitude na assistência ao pré-natal, pois atuam em uma de suas atividades indispensáveis (GARBIN et al, 2015). Atendeu-se às necessidades das gestantes e proporcionou-lhes conhecimentos sobre a importância e a precisão do pré-natal, e sobre o quanto isso influencia a saúde delas.
Conclusão
Este processo de avaliação não se fez sem dificuldade; porém, a despeito e/ou apesar de todos os óbices, essa experiência valeu a pena. Resultou em reflexões no sentido de apontar que a assistência ao pré-natal é essencial para o cuidado a gestante e de certa forma para seu filho, como, por exemplo, no que diz respeito à dificuldade de acesso à informação sobre seu corpo, sua gestação e seu parto.
A partir do trabalho de educação em saúde, desenvolvido pelos acadêmicos de enfermagem no pré-natal, a mulher poderá atuar como agente multiplicador de informações preventivas e de promoção da saúde, se bem informada e conscientizada sobre a importância de seu papel na aquisição e manutenção de hábitos positivos de saúde na relação mãe-bêbe. Informações relevantes sobre a atenção à saúde na gestante que apontam a educação em saúde como estratégia da promoção da saúde.
Por fim, este estudo evidencia que, apesar das dificuldades encontradas, faz-se necessário a persistência dos profissionais de enfermagem no sentido de que sejam implementadas atividades que abordem à melhoria das ações educativas no pré-natal e que o enfermeiro tenha seu papel reconhecido nesse contexto.
Referências
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher: Princípio e Diretrizes. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2011.
CHAVES, M. M. N. et al. Amamentação: a prática do enfermeiro na perspectiva da Classificação Internacional de Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva. Revista da Escola de Enfermagem da Usp, São Paulo, n. 1, p.199-205, mar. 2011.
GARBIN, C. A. S. et al. Desafios do profissional de saúde na notificação da violência: obrigatoriedade, efetivação e encaminhamento. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, n. 6, p.1879-1890, jun. 2015.
MARQUES, E. S.; COTTA, R. M. M.; PRIORE, S. E. Mitos e crenças sobre o aleitamento materno. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, n.5, p.2461-2468, maio.2011.
MARTINS, Q. P. M. et al. Conhecimentos de gestantes no pré-natal: evidências para o cuidado de enfermagem. Revista Sanare, Sobral, n.02, p.65-71, jul./dez. 2015.
SOARES DE LIMA, S. Enfermagem no pré-natal de baixo risco na estratégia Saúde da Família. Aquichán, Bogotá, n.2, pp.261-269, maio/ago. 2013.
OLIVEIRA, M. F. de. Metodologia científica: um manual para a realização de pesquisas em Administração. Goiás, 2011. 72 p. Manual (pós-graduação). Campus Gatalão, Universidade Federal de Goiás.