PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA: EDUCAÇÃO PERMANENTE COM AS AGENTES COMUNITÁRIAS DE SAÚDE.

REBECA BANDEIRA BARBOSA

Co-autores: , ANA CRISTINA OLIVEIRA BARRETO, FRANCISCA EMANUELLY PINHEIRO BARROS, SARAH PERSIVO ALCÂNTARA e NÁGILA NATHALY LIMA FERREIRA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

Prevenção do Câncer de Mama: Educação Permanente com as Agentes Comunitárias de Saúde.

PALAVRA-CHAVE: Educação permanente, Câncer de mama, Agentes Comunitárias de Saúde.

 

Introdução


O tipo mais incidente de câncer (CA) que acomete o público feminino no Brasil e no mundo é a neoplasia mamária, que é uma afecção caracterizada pela multiplicação desordenada e sem controle das células do tecido mamário (BARBOSA et al., 2015). Tal afecção é a de maior mortalidade na população feminina em todo o mundo, sendo estimados para ano de 2016 no Brasil, 57.960 novos casos (BRASIL, 2015). Segundo Corrêa et al., (2013), as neoplasias mamárias são multifatoriais, sendo que esses fatores de risco podem ser divididos em: reprodutivos, hormonais, nutricionais, familiares, hereditários e outros. Diante da sua importância, faz-se necessário a adoção de medidas de prevenção primária, que são: alimentação saudável, prática de exercício físico regular e manutenção do peso. Essas medidas podem, comprovadamente, evitar cerca de 30% dos casos deste tipo de CA (BRASIL,2015). O Ministério da Saúde no Brasil recomenda a realização de exames preventivos relacionados à saúde da mama, que são: o exame clínico de mamas e a mamografia, os quais são estratégias que proporcionam um diagnóstico precoce por serem mecanismos de detecção de possíveis alterações mamárias (CORRÊA et al., 2013). Sabe-se, que as mudanças nos comportamentos de riscos dos usuários, como aquelas acimas citadas, são induzidas a partir de práticas de educação em saúde que servem como norte para reflexão da população, pelo fato dos sujeitos passarem a repensar sobre a sua realidade e assim optarem por escolhas mais saudáveis. Sendo evidente, na literatura, que é o Agente Comunitário de Saúde (ACS) é o principal condutor dessas atividades, em razão do papel que este representa dentro da comunidade (ANTUNES et al., 2015). Este fato exige que este profissional esteja constantemente buscando fontes de conhecimento sobre os mais variados temas, incluindo o CA de mama, sendo estes saberes por vezes adquiridos através de educação permanente. Esta, por sua vez, é entendida como a educação no trabalho, tendo como objetivos melhorar a assistência em saúde por ser uma estratégia relevante para a concretização das mudanças nas práticas de saúde (ARAÚJO et al., 2015). Dessa forma, o estudo objetiva relatar a experiência de uma oficina de Educação Permanente realizada durante a campanha do Outubro Rosa, cujo público-alvo eram as ACS's de um município do Litoral Leste do Ceará.

Metodologia


Trata-se de um estudo de caráter descritivo, com abordagem qualitativa do tipo relato de experiência. Foi desenvolvido a partir da vivência em uma atividade de educação permanente com ACS de um município do litoral leste do Ceará. Foi desenvolvida no mês de outubro de 2015, por Enfermeiras Residentes juntamente com o NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) que é composto por Psicólogo, Fisioterapeutas, Nutricionistas, Assistente Social e Profissional de Educação Física. Participaram dessa atividade 93 ACS's, e a temática abordada foi prevenção do câncer de mama. A atividade foi desenvolvida em três momentos. Primeiramente houve um momento de relaxamento e dança com uma paródia que abordava a temática. No segundo momento houve a sessão educativa sobre o conteúdo ministrado pelas enfermeiras. Finalizando com o terceiro momento, houve a construção do chaveiro da vida, um método lúdico internacional que utiliza a simbologia do material utilizado, para transmissão de informações e reflexão sobre o câncer de mama e a importância de sua prevenção.

Resultados e Discussão


Percebe-se que no tocante do câncer de mama há uma alta incidência de mortalidade na população feminina, o que gera alterações em todo contexto da vida da mulher, seja ele físico, emocional ou social, levando à um grande impacto na vida das mesmas. Corroborando com o que foi supracitado, a literatura trata que as alterações psicológicas causadas pelas as consequências do CA de mama, especialmente quando ocorre a Mastectomia, são muito grandes, sendo necessárias que essas mulheres tenha uma assistência eficiente, principalmente no que se refere a reintegração social e familiar, assim como sua adaptação à essa realidade (CONTI et al, 2013). De acordo com os relatos das ACS's foi constatado que em algumas UBS's não realizavam o Exame Clínico das Mamas (ECM) no momento da prevenção. Sabe-se da importância do ECM, como uma ferramenta de detecção precoce do câncer de mama. Validando este achado, de acordo com o Brasil (2015), as formas mais eficazes para detecção precoce do câncer de mama são o exame clínico da mama e a mamografia.  A sensibilidade do ECM varia de 57% a 83% em mulheres com idade entre 50 e 59 anos, e em torno de 71% nas que estão entre 40 e 49 anos. A especificidade varia de 88% a 96% em mulheres com idade entre 50 e 59 e entre 71% a 84% nas que estão entre 40 e 49 anos. A demora na realização da mamografia, como também no recebimento do resultado deste exame, foi outro fator relatado por elas, seja por fila de espera muito grande ou mamógrafo quebrado e demora no seu conserto. Outro elemento que colabora para essa demora é o fato do Município ofertar a realização mais rápida de mamografias em outra cidade, a qual faz parte da região de saúde, porém as pacientes preferem esperar na fila do próprio município, apesar da demora devido à falta de conhecimento e estimulação dos profissionais da saúde. Esse conjunto de elementos tem como consequência o diagnóstico tardio dessas pacientes e consequentemente, demora no início do tratamento e diminuição das chances de um prognóstico favorável. Confirmando esse achado, Carvalho, Haddad,  e Novaes (2015), afirmam que a falta de prevenção dos fatores de risco na atenção primária e ausência de diagnóstico precoce na atenção secundária, provavelmente facilitam o diagnóstico tardio, em estadiamento intermediário ou avançado, sendo necessário um tratamento cirúrgico mais invasivo nestas fases, a fim de evitar recidiva ou metástase do câncer, cujo prognóstico é de redução da sobrevida e qualidade de vida, frente aos efeitos provocados por cirurgias. A respeito da utilização do método lúdico do chaveiro da vida, este foi criado por Tania Mary Gomez, diagnosticada e curada de um câncer de mama, com intuito de ajudar a informar sobre os vários estágios do câncer de mama. Evidenciou-se a importância da sua utilização, pois através dele houve a sensibilização das ACS à respeito da importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama.

Conclusão


Assim, ações de educação em saúde e de educação permanente são potentes ferramentas para o repasse de conhecimentos sobre diversos temas, uma vez que as mesmas empoderam usuários e profissionais de saúde, gerando uma autonomia e co-responsabilização. Além disso, leva-se em consideração a importância do ACS como elo entre o serviço de saúde e a comunidade, daí a importância de se trabalhar com tal público não visando apenas o profissional, mas também o usuário do sistema que necessita de tais orientações para si e para serem repassadas de forma satisfatória às famílias dos territórios. O encontro mostrou-se produtivo e foi notável a satisfação dos ACS em aprender sobre o tema. Desta forma, tal atividade servirá como exemplo para a realização de posteriores ações com esse público.

Referências


 

ANTUNES, M. B. C. et al., Educação em saúde na Estratégia de Saúde da Família: Percepção dos profissionais. RevBrasPromoç Saúde, Fortaleza, 28(1): 75-81, jan./mar., 2015.

 

ARAÚJO, R. S. et al., A educação permanente em saúde na perspectiva do enfermeiro na estratégia de saúde da família. R.Enferm. Cent. O. Min. 2015 mai/ago; 5(2):1658-1668.

 

BARBOSA, S.E. B. et al., Educação em saúde para prevenção do câncer de mama no município de Piripiri-PI: atuação do pet-saúde. R. Epidemiol. Control. Infec., Santa Cruz do Sul, 5(4):203-205, out./dez. 2015. [ISSN 2238-3360]

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativas 2016: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; Ministério da Saúde. 2016. 126p. Disponível em: http://www.inca.gov.br/bvscontrolecancer/publicacoes/edicao/Estimativa_2016.pdf. Acessado em: 30 de Abr. 2016

 

CARVALHO, A.C.A.; HADDAD, N.C.  NOVAES, C. O. Perfil sociodemográfico e de saúde de mulheres submetidas à cirurgia para câncer de mama. Revista HUPE, Rio de Janeiro, 2015;14(Supl. 1):28-35

 

CORRÊA, D. et al., Câncer de mama: análise situacional em uma cidade do norte do rio grande do sul. Revista Inova Saúde, Criciúma, vol. 2, n. 2, nov. 2013. 44-57p.

HADDAD, N.C; CARVALHO, A.C.A; NOVAES, C.O. Perfil sociodemográfico e de saúde de mulheres submetidas à cirurgia para câncer de mama. Revista HUPE, Rio de Janeiro, 2015;14(Supl. 1):28-35.

 

CONTI, M. H. S. De . et al., Qualidade de vida em grupos de mulheres acometidas de câncer de mama. 781. Ciência & Saúde Coletiva, 18(3):779-788, 2013.

 

http://www.humsol.com.br/2012/10/15/tania-mary-gomez-presidente-do-instituto-humsol-esteve-presente-na-remada-da-lua-cheia-sup-que-contempla-o-equinocio-com-o-recordista-mundial-da-pororoca-serginho-laus-organizador-do-evento/.

Acessado em: 01 de maio de 2016.